Construir conhecimento...

quinta-feira, 10 de março de 2011
Há dias falando com um amigo e colega do antigo ISE (Instituto Superior de Educação) hoje departamento da Universidade de Cabo Verde, dizia-me ele – meio indignado e ainda estupefacto – que uma das inovações introduzida em alguns dos cursos de formação de professores havia sido a dispensa ou, a eliminação no currículo formativo dos alunos, da elaboração e da defesa oral da chamada monografia ou melhor, do trabalho de fim de curso.
Tal como o meu antigo colega fiquei perplexa, pois entendemos ambos que o trabalho exigido ao aluno no último ano da sua formação para a docência reflectirá ou, deverá reflectir, uma ou várias das facetas dos conhecimentos adquiridos ao longo dos quatro anos do curso. Que simbólico e afinal real também, esse trabalho elaborado pelo finalista e submetido a um júri para apreciação, avaliação e classificação, é uma forma de iniciação e de treino do estudante para pesquisas mais amplas e profundas com que necessariamente se terá de confrontar na vida profissional, já que estamos a falar de professor, até mesmo de futuro investigador e/ou de futuro ensaísta.
Para além disso, é nosso entendimento de que a tese de final do curso é um grande primeiro momento – de forma autónoma – de “construção de conhecimento,” sobretudo se ajudada por uma pesquisa orientada para a prática e pela teoria acumulada durante o curso.
Daí a sua validade e a sua importância como um corolário dos estudos feitos numa determinada área científica e didáctica e que na mesma linha, não deixa de ser uma “ferramenta de trabalho” útil ao futuro professor.
Ora, a ser verdade que vem a caminho a eliminação, a supressão, do currículo formativo do futuro docente da dissertação final – permitam-me esta abordagem – a um tempo expositiva e argumentativa que é o seu trabalho de fim do curso. É minha opinião que se está certamente a empobrecer, a reduzir “o saber” para a docência, para a pesquisa e a subestimar uma oportunidade, que diria excelente de o formando, agora com alguma autonomia científica, de poder ele próprio, formando – construir conhecimento.
Espero que este não seja mais um daqueles momentos em que o nosso processo nacional de ensino/aprendizagem, “ganhe” algum ou mais um traço de menos valia...

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