A recente utilização da acção dourada (golden share) por parte de Sócrates na actual polémica negocial entre a PT portuguesa e a “Telefónica” espanhola na compra da “Vivo” suscitou-me esta pequena reflexão sobre um assunto que remonta de há catorze anos atrás e que me valeu o rótulo com “inscrição”, ao que se diz, na Embaixada de Portugal em Cabo Verde de «anti-portuguesismo». O curioso é que a PT é o denominador comum entre as duas questões. Nunca falei disso em público porque antes o considerara − e se calhar ainda o considero − um assunto de somenos do qual não me envergonho nem me arrependo e que só a mim me dizia respeito. Para além disso, nunca pensei – e continuo a não pensar − por várias razões desatacando-se a que explicarei adiante que a Embaixada de Portugal em Cabo Verde embarcasse em tamanha falácia.
Era eu membro do Governo de Cabo Verde e defendia, obviamente, os interesses do País do qual era governante na compra da Cabo Verde Telecom por parte da Portugal Telecom (PT) então empresa pública portuguesa. Não era um desafio de futebol ou de rugby, era um negócio de dezenas de milhões em que os interesses do Estado de Cabo Verde não só ficariam “penhorados” por algumas décadas como havia visíveis prejuízos imediatos. Não se podia tratar nem de boa nem de má intenção, nem tão pouco de «portuguesismo» ou «anti-portuguesismo» mas simplesmente de um negócio entre duas partes. Nem sequer da utilização de um eventual veto se poderia minimamente aventar. E note-se que em tempo algum procurei (ou se me poderá acusar de) contornar ou contrariar a lei, antes pelo contrário, pugnava pelo seu integral e rigoroso cumprimento. Isto levou a que alguns intriguistas “polítiqueiros” de ambição mesquinha à mistura com uma acentuada covardia e uma nítida falta de carácter tratassem em transformar-me em seu bode expiatório. Tomei isto, ao tempo, como um preço a pagar pelo desempenho de determinadas funções políticas e não lhe dei a devida importância.
O que é verdadeiramente interessante é que agora nenhum português ou portuguesista das Ilhas condena Sócrates ou o rotula de anti-espanhol por ter usado a golden share. Todos acham – e eu também – que como governante fez aquilo que devia fazer: defender os interesses do seu país – Portugal.
E eu como governante que devia então fazer? Ou será que o Estado de Cabo Verde não tem interesses próprios a defender? Ou deveria ser eu um “submarino” dos interesses portugueses, como os há por aí, muito bem colocados e impantes de patriotismo ilhéu?
Todos – aqueles que me são próximos – sabem muito bem como eu gosto de Portugal e dos portugueses. Não o escondo e até disso faço gala. Que tenho lá, em Portugal e entre portugueses, há longas décadas um rol de amigos de peito e mais recentemente familiares, que quando lá chego não me deixam espaço para as minhas acções privadas tal é o número de convites e de recepções, conforme o grupo.
Não me quero alongar nesta pequena reflexão, e gostaria apenas de lembrar aos que me rotularam, na falta de argumentos ponderosos, que ser amigo de Portugal e dos portugueses, não é defendê-los contra os interesses de Cabo Verde para usufruir das migalhas que mancham o carácter e envergonham a pessoa.
Convivi de perto com alguns milhares de portugueses, e particularmente e durante quase três anos, de forma continuada, com centena e meia; e algumas vezes todos sob o meu comando defendendo interesses, ao tempo, genuinamente portugueses, em circunstâncias muito difíceis, de vida ou morte, onde pontificava a cooperação real e se faziam verdadeiros amigos. Éramos jovens e os nossos caminhos, naturalmente, divergiram. Mas mantenho com eles ainda hoje uma relação muito boa. É isto que me faz feliz.
Era eu membro do Governo de Cabo Verde e defendia, obviamente, os interesses do País do qual era governante na compra da Cabo Verde Telecom por parte da Portugal Telecom (PT) então empresa pública portuguesa. Não era um desafio de futebol ou de rugby, era um negócio de dezenas de milhões em que os interesses do Estado de Cabo Verde não só ficariam “penhorados” por algumas décadas como havia visíveis prejuízos imediatos. Não se podia tratar nem de boa nem de má intenção, nem tão pouco de «portuguesismo» ou «anti-portuguesismo» mas simplesmente de um negócio entre duas partes. Nem sequer da utilização de um eventual veto se poderia minimamente aventar. E note-se que em tempo algum procurei (ou se me poderá acusar de) contornar ou contrariar a lei, antes pelo contrário, pugnava pelo seu integral e rigoroso cumprimento. Isto levou a que alguns intriguistas “polítiqueiros” de ambição mesquinha à mistura com uma acentuada covardia e uma nítida falta de carácter tratassem em transformar-me em seu bode expiatório. Tomei isto, ao tempo, como um preço a pagar pelo desempenho de determinadas funções políticas e não lhe dei a devida importância.
O que é verdadeiramente interessante é que agora nenhum português ou portuguesista das Ilhas condena Sócrates ou o rotula de anti-espanhol por ter usado a golden share. Todos acham – e eu também – que como governante fez aquilo que devia fazer: defender os interesses do seu país – Portugal.
E eu como governante que devia então fazer? Ou será que o Estado de Cabo Verde não tem interesses próprios a defender? Ou deveria ser eu um “submarino” dos interesses portugueses, como os há por aí, muito bem colocados e impantes de patriotismo ilhéu?
Todos – aqueles que me são próximos – sabem muito bem como eu gosto de Portugal e dos portugueses. Não o escondo e até disso faço gala. Que tenho lá, em Portugal e entre portugueses, há longas décadas um rol de amigos de peito e mais recentemente familiares, que quando lá chego não me deixam espaço para as minhas acções privadas tal é o número de convites e de recepções, conforme o grupo.
Não me quero alongar nesta pequena reflexão, e gostaria apenas de lembrar aos que me rotularam, na falta de argumentos ponderosos, que ser amigo de Portugal e dos portugueses, não é defendê-los contra os interesses de Cabo Verde para usufruir das migalhas que mancham o carácter e envergonham a pessoa.
Convivi de perto com alguns milhares de portugueses, e particularmente e durante quase três anos, de forma continuada, com centena e meia; e algumas vezes todos sob o meu comando defendendo interesses, ao tempo, genuinamente portugueses, em circunstâncias muito difíceis, de vida ou morte, onde pontificava a cooperação real e se faziam verdadeiros amigos. Éramos jovens e os nossos caminhos, naturalmente, divergiram. Mas mantenho com eles ainda hoje uma relação muito boa. É isto que me faz feliz.
A. Ferreira
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