Recentemente na ilha do Fogo, mais exactamente na Vila da Igreja (peço desculpas, mas custa-me mesmo chamá-la “cidade”) nos Mosteiros, decidi oferecer um conjunto de livros a uma turma do 12º Ano e cujo professor da disciplina de Literatura cabo-verdiana que fora antigo aluno meu e muito estimado – aliás, são-no todos os meus antigos alunos pois que assim os recordo – no ISE, me havia convidado para que também conversasse um pouco com os seus alunos sobre a modernidade literária nacional.
Dirigi-me à Escola Secundária no Laranjo para cumprir a agradável missão e eis que me é comunicado que os planos haviam sido alterados. Em vez de estar à conversa com uma turma de vinte alunos apenas e oferecer a cada um deles um livro, os professores das restantes turmas do 12º ano - de que também fazia parte um outro antigo aluno - do (extinto) Instituto Superior da Educação, mas que eu não estava a par. Daí ter sido igualmente bom revê-lo - quiseram do mesmo modo que os seus alunos participassem da espécie de palestra não prevista e convidaram-me para falar para duas audiências - dividida em turma e meia para cada hora e meia - na sala maior que a escola possuía.
E mais, também haviam decidido que os livros seriam para “premiar” os alunos que melhores notas obtivessem nos próximos testes de literatura.
Claro que a tudo anuí e dispus-me a aceder a totalidade do pedido de todo inesperado.
E foi assim que passei essa tarde quase toda com os estudantes do 12º Ano da Escola Secundária dos Mosteiros a falar-lhes sobre os temas que haviam escolhido e que calhou naquilo que corresponderá a um modernismo e a um post-modernismo da nossa escrita literária.
Mas mais do que falar de literatura, foram as pequenas e muito agradáveis descobertas que fui fazendo ao longo das horas que aí estive. Desde da aluna do 8º Ano que bate à porta e pede timidamente para assistir à aula, segundo ela, especial, e que posteriormente me confessa que havia lido numa semana, a colectânea: «Elas Contam» no exemplar da Biblioteca da escola, passando pelo aluno que me perguntou se os temas para a poesia cabo-verdiana se haviam esgotado actualmente e que ao mesmo tempo me ofereceu um texto poético por ele feito recentemente, para a celebração do dia Mundial da Água indo até – e esta foi a melhor de todas as descobertas da tarde – verificar que alguns alunos gostavam de ler mais do que muito de nós, os da velha geração, julgam e criticam-nos por lerem tão pouco.
Por fim, os aplausos e os abraços e muitas fotografias com as máquinas dos próprios alunos que entenderam desta forma registar a agradável tarde passada. Para mim foi de facto, bem agradável.
Tive ainda a oportunidade de fazer uma rápida passagem pela Biblioteca da escola. Achei-a muito insuficientemente apetrechada.
Daí que, e para finalizar, tomo a liberdade de fazer um pedido dirigido não só a foguenses, mas a todos os que puderem que contribuam com livros para a Biblioteca da Escola Secundária (bem periférica) dos Mosteiros, na ilha do Fogo.
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