Nesta ocasião
especial, comemorativa de quatro décadas de labor cristão persistente e
presente do «Terra Nova», através de artigos informativos e formativos. Torna-se de justiça realçar, na mesma linha, que este jornal nunca faltou ao
seu dever cívico, social e participativo no que à sociedade cabo-verdiana dizia
e diz respeito.
Nesta oportunidade de celebração dos 40 anos de existência, gostaria de expressar ao Jornal e a todos que nele trabalham dedicadamente, as minhas
felicitações e os votos de longa continuação mantida e/ou renovada, numa linha
que seja cada vez melhor para se chegar ao leitor.
E já
agora, num aparte – espero que a memória me não esteja a atraiçoar – creio
poder afirmar que venho lendo o «Terra Nova» desde o seu primeiro número.
Afinal, tenho muito gosto em afirmá-lo e dizer também
que isso tem sido um convívio profícuo e mutuamente partilhado, através, vamos lá, da
minha modesta colaboração. Daí que como leitora assídua, me sinto igualmente
testemunha do notável contributo que este jornal tem vindo a dar ao longo das
suas quatro décadas, à causa da Língua portuguesa, da Literatura cabo-verdiana
e das questões históricas, sociais e culturais que se colocam à
cabo-verdianidade.
O «Terra Nova»
ocupou desde o início da sua publicação, um espaço próprio e diferenciado dos
outros, embora poucos, periódicos que circularam após a independência até antes
da abertura democrática de 1990.
Com efeito, o TN
era uma voz não alinhada num tempo não plural, e com restrições em matéria de
liberdade de expressão pois, ainda vigorava o regime de Partido único e as suas
consequentes e fortes limitações em matéria de liberdade.
Para além disso,
a feição cristã do TN tornava ao tempo, este mensário, duplamente interessante.
Antes de
prosseguir, abro um pequeno parêntesis para destacar o seu primeiro Director,
Frei Fidalgo, pela coragem e pela determinação nunca vacilantes, com que
suportou as vicissitudes que lhe foram aparecendo pelo caminho, decorrentes
desse período (1975/90) e pela linha editorial imprimida que prestigiou o
mensário.
Convém lembrar
que nesse tempo e aqui nas ilhas, o «Terra Nova» funcionou como a única
publicação que deu voz às vozes contrárias às do poder instituído. Isto
aconteceu – nunca será de mais dizê-lo – muito graças ao então Director do
mensário, profundo lutador pelos direitos cívicos, e quem, correndo riscos, acolheu sem
titubear, artigos de opinião que criticavam a então situação reinante e “pour cause,” granjeou igualmente,
respeito e admiração dos seus leitores.
Fecho o
parêntesis e retomo o tema proposto em epígrafe.
Pois bem, o
jornal como já foi referido, pôde felizmente contar – ao lado de artigos
divulgadores da fé cristã – com artigos de índole cultural, histórica, social,
sem esquecer os temas ligados às celebrações dos santos populares, e do
folclore nacional.
Continuando, o
TN tem vindo a dar ao leitor, ao longo do tempo, textos versando assuntos
ligados ao ensino, à educação, algumas teses e artigos, em defesa da prática
oral, da boa escrita e da expansão da Língua segunda cabo-verdiana, a Língua
portuguesa, como parte estruturante da nossa identidade.
Par além disso, não só em artigos como também,
sob forma de entrevistas, o «TN» tem dedicado páginas à problemática da família
desestruturada, da criança na/de rua, passando pela violência nas suas diversas
formas, vêm merecendo a atenção deste jornal, o que demonstra bem a sua feição
cristã e humanista.
Que ninguém se
admire pois que o TN teve desde então, colaboradores com crédito e gabarito
firmados. De entre eles, destacaria nomes como: Henrique Teixeira de Sousa,
Edgar Gomes Santos, Luís Romano, Monique Widmer , Gilda Barbosa , Joaquim
Saial, Adriano Miranda Lima, António
Barbosa da Silva, Arsénio de Pina, Armindo Barbosa, Firmo
Pinto, C. Salgado, Frei Bernardino Lima, o então Director, Frei Fidalgo de
Barros. Mais recentes: Belino Sacadura, Casimiro de Pina, entre outros, e isto
apenas para citar apenas alguns dos colaboradores culturais, que compuseram o
mensário desde os primeiros números e o têm vindo a continuar.
Peço que me relevem
se me falhou neste rememorar, algum e outro nome notável.
Por todas estas
qualidades, o «Terra Nova» configurou-se “ab
initio” e determinado a manter-se um periódico de consulta, diria
obrigatória, para todos aqueles que gostam de se informar e queiram conhecer através
de abordagens diversas, as histórias da terra e das gentes das ilhas.
A nova direcção
do periódico parece-me apostada numa boa continuação, naturalmente evolutiva, o
que aliás, é bom e reveladora de dinamismo.
Para finalizar
este escrito e tal como o comecei, reitero as felicitações pelos 40 anos de
vida do «Terra Nova» ao serviço de nobres causas e desejo-lhe a continuação do
seu trabalho sob os melhores auspícios.
Deixo neste
registo, o meu testemunho singelo do quanto como leitora e colaboradora, devo
ao «Terra Nova». Bem-haja TN!
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