Comemoramos
hoje uma data a todos os títulos importante, o Dia do Professor nacional. Digo
importante a todos os títulos, porque coincidente e propositadamente, com a
data de nascimento de um Professor e de um dos mais acabados intelectuais que
estas ilhas conheceram, Baltazar Lopes da Silva (1907-1989).
Para
além disso, esta comemoração simboliza o respeito e o preito de gratidão que
nos deve merecer o perfil de professor.
De
facto, queremos, desejamos que as nossas escolas, quer estejam implantadas no
meio urbano, quer no meio rural, tenham nas salas de aulas um bom professor.
Um professor
bem apetrechado em termos didácticos e pedagógicos; um professor que saiba com
ciência e com proficiência a disciplina que lecciona; um professor que estude e
que leia muito; um professor que comunique com clareza a matéria aos alunos; um
professor que respeite a individualidade de cada aluno; um professor provido de
ética e de bom senso; um professor capaz de discernir, e de perceber o grau de
recepção do seu ensino no aluno.
Este país, as suas crianças, os seus jovens,
estão necessitados, mais do que nunca, de uma escolarização abrangente, esclarecida,
científica, filosófica, capaz de os fazer dar o tal salto qualitativo que os
tornará cidadãos de pleno e de consciente direito, para que o desenvolvimento
da sociedade cabo-verdiana seja conseguido.
Parte
significativa de tudo isto cabe e caberá ao professor que no seu mister
transmitirá ao aluno as bases, não só para uma socialização respeitadora do
próximo, mas também para que este mesmo aluno adquira as bases técnicas, científicas
e filosóficas, no fundo, as ferramentas de que necessita para a sua vida futura, tanto no plano profissional, como no plano da cidadania.
Daí que,
Cabo Verde esteja necessitado de um perfil culto e sabedor de professor.
Por
tudo isto, e tal como iniciei este escrito, reitero:
Salvé o Dia do Professor cabo-verdiano!
1 comentários:
Bem a propósito deste belo texto, que merece a minha concordância, transcrevo um comentário que escrevi sobre a entrevista dada pela Dr.ª Ondina Ferreira. A entrevista é longa e nela a professora, escritora e ex-ministra da Educação faz uma análise muito objectiva e certeira do estado do sector e, em particular, visando a problemática do ensino em Cabo Verde.
Como tem sido uma constante dos seus reparos públicos desde há muitos anos, a deficiência do ensino da língua portuguesa é um verdadeiro obstáculo ao progresso da aprendizagem escolar em geral, e com reflexo transversal nas disciplinas da área das ciências. Tudo porque, conforme ela explica, a promoção que se quis fazer ao crioulo, acabou por esbater ou subverter a importância do ensino da língua portuguesa, e sem que daí tivesse resultado qualquer benefício em ordem à promoção daquele.
Chamou a atenção para a degradação que a escola pública tem sofrido, ao invés da escola privada, uma vez que esta se diferencia qualitativamente, por provida de melhor organização e é servida de pessoal docente mais capacitado, o que desde logo provoca uma discriminação favorável aos alunos cujas famílias podem custear o ensino privado, naturalmente com consequências de ordem social. Com efeito, o aluno do ensino privado terá, assim, mais possibilidade de sucesso no ensino superior e, destarte, mais possibilidade de promoção social e de ascender futuramente a cargos públicos de responsabilidade.
Veja-se o círculo vicioso que assim se cria, situação que de modo algum deve desejar um país que aposta na promoção da igualdade de oportunidades entre os seus cidadãos.
E, como corolário de todo este quadro, a entrevistadora não deixou de denunciar a pouca qualidade do ensino superior ministrado em Cabo Verde.
Portanto, a principal conclusão que se tira da entrevista dada pela Dr.ª Ondina Ferreira é que urge melhorar o ensino público em Cabo Verde e que é inquestionável a centralidade do papel da língua portuguesa em todo o processo.
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