Eu
te saúdo! Minha bela e rica Língua! Por tudo o que me tens dado.
Através de ti fui alfabetizada, cultivada e
comecei a entender-me a mim, o mundo e a respeitar o outro diferente.
Contigo
viajei - através de leituras – por continentes, por países e por sítios
longínquos. Por culturas e por civilizações antigas e remotas.
Nunca
será de mais agradecer-te minha rica e famosa Língua, pelo gosto de conhecer e de saber que me
transmitiste e que me vens transmitindo.
Graças
a ti disfrutei e continuo a disfrutar de livros fabulosos e de leituras maravilhosas, ao longo do tempo!
Eu
te saúdo minha amada Língua portuguesa pela poesia que em ti encerras e que a
dás a conhecer tão generosamente a todos que apreciam a língua e a linguagem
metaforicamente transfiguradas e sonhadoras!
Contigo me trenei e aprendi a gostar da linguística, da meta-semântica, da sociolinguística, dos dialectos e dos idiolectos; dos provérbios e dos ditados.
Através
de ti mergulhei no mundo maravilhoso da literatura, da para-literatura, das
ciências; eu sei lá!...tantos e tão diversos e infindáveis conhecimentos,
saberes e experiências, que através de ti se alcançam!
Contigo também me tornei profissional. Sobre ti, minha bela Língua, tenho tentado - aqui nas ilhas, ao longo dos anos, e com as ferramentas de que disponho - que te amem como mereces, que te considerem como pertença natural de Cabo Verde, dos cabo-verdianos, e que te façam expandir no universo da comunicação escrita e oral dos falantes destas nossas ilhas.
Reiteradas
felicitações pela Língua global e mundial em que te tornaste!
Eu
te saúdo! Minha amada Língua!
1 comentários:
Belíssimo texto de celebração da língua Portuguesa e cuja riqueza de conteúdo é a mais justa e acertada homenagem que se lhe pode prestar. Por isso, felicito a sua autora, Drª Ondina Ferreira, associando-me inteiramente às suas palavras.
Muitas vezes referida como “pátria” ou “mátria” do mundo lusófono, teve razão José Saramago quando disse que “não há uma língua portuguesa, mas línguas em português“, em alusão à multiplicidade dos seus falares.
Bom seria que nós, cabo-verdianos, a olhássemos como “mátria”, o que significa considerá-la língua materna em paridade com o crioulo que inventámos à sua sombra, conforme, aliás, a Drª Ondina Ferreira tem esclarecido nas suas constantes intervenções sobre o problema da língua em Cabo Verde. Olhá-la como “pátria” é que pode suscitar os problemas que se instalaram em algumas mentes. É que a ideia de “pátria” sugere um acto de fecundação e inoculação de uma matriz identitária, quando diferente é a “mátria”, que simboliza o ventre que gera e o seio que acolhe e alimenta, sem discriminação e constrangimentos.
A língua portuguesa irá ficar ainda mais rica com o passar do tempo e mediante os contributos contínuos dos diferentes povos que a falam. É nesta medida que os cabo-verdianos devem assumir sem complexos o seu uso mais frequente e intenso na comunicação oral. Assim acontecendo, será a natureza a operar gradativamente um processo de assimilação e entranhamento que dificilmente se consegue por via administrativa ou do ensino.
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