Reparando no título do meu escrito, ele mais parece resultado de alguma insanidade lógica do que outra coisa.
Sim, o que tem a ver o bilinguismo com a falta de energia de que a nossa cidade capital vem sendo vítima? Sim, que tem a ver uma coisa com outra?...
Ora bem, aparentemente nada de semelhante os aproxima, os dois temas. O problema, ou melhor, o dilema foi meu; se havia de desabafar a minha ira vulcânica sobre o incómodo, o desconforto e os estragos que me vêm sendo provocados devido aos cortes frequentes de energia, para não dizer já sistemáticos, com “picos” de 13 (treze) horas seguidas, na minha zona; ou, se havia de discorrer um pouco sobre o bilinguismo no contexto actual das duas línguas cabo-verdianas.
Mas se me permitem, abro um parêntesis para o desabafo contra a Electra, correndo embora o risco, de ficar a meio do texto…se faltar a electricidade neste ínterim.
Sempre vou dizendo que chega a ser uma forma de violência cívica exercida sobre o cidadão que paga religiosamente as suas contas de luz, esta justificação já estafada e com contornos de círculo vicioso de que a Electra é “obrigada” a cortar a energia aos que têm as suas contas em dia, aos que cumprem com as suas obrigações, por causa da falta de receitas para comprar combustível, dada a percentagem elevada dos habitantes da Praia que roubam electricidade (os quais nunca sofrem cortes de luz e que até se gabam e se ufanam disso para quem os quiser ouvir)?!
Convenhamos que isso chega a ser simplesmente insuportável!
E então? Meus senhores? Não conseguimos resolver isto?
Interrogo-me sobre o que fazem os responsáveis? Será que estão a trabalhar? A gerir? A inspeccionar? A procurar solucionar os problemas? Ao menos os do dia-a-dia? Não há uma programação para os “cortes” na qual o cliente da Electra ficasse ou fosse minimamente avisado?... A exemplo do que fazem no Mindelo? Por onde param na capital os engenheiros/gestores que determinam os momentos, as horas de corte ao fornecimento de energia às diferentes zonas da cidade da Praia? Os aparelhos eléctricos domésticos estragam-se com a violência desse selvático processo de interrupção de energia e ninguém é por isso responsabilizado!?
A sensação com que infelizmente se fica, é que pouquíssimo se está a laborar neste particular, para se resolver tão grave problema! Que é a falta de luz e também de água em alguns bairros, no maior agregado populacional das ilhas.
A impressão que o cidadão tem de grande parte dos altos responsáveis do país (as excepções, se as há, já são uma espécie em extinção rápida) é que eles, uma vez chegados ao gabinete, sentam-se pachorrentamente em frente do computador (têm energia assegurada pelos geradores do serviço) – desligam-se do resto que é a sua obrigação primeira – a ver, a escutar, a jogar, a ouvir programas outros, do que realmente a trabalhar para o fim para que foram nomeados, a tentar soluções para o sector sob sua tutela e responsabilidade. E sobretudo, sem corresponder (o trabalho produzido) à proporção do que ganham mensalmente, com o dinheiro dos Contribuintes que somos todos nós!
Não pode ser! Vamos exigir que trabalhem! É o mínimo que se lhes pede! Que trabalhem! Por favor! Trabalhem para este país! Este país que não é auto-sustentável e que tem gravíssimos problemas estruturais e de subsistência!
Tentem, mas tentem mesmo, resolver, solucionar de vez, este gravissímo problema.
E não é que com esta conversa toda acabei por me alongar e me desviar do tema que o título do texto anunciou?
Fecho o parêntesis e se calhar o escrito também e voltarei com o próximo, desta feita versando alguns aspectos do fenómeno bilingue entre nós.
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