As
mentes grandes discutem ideias;
as
médias coisas;
e
as pequenas pessoas.
Kalil Gibran
Estou
fora do País e, normalmente, não costumo escrever nestas circunstâncias.
Acontece porém, que recebo de um bom amigo de longa data, um “e-mail” com a
seguinte mensagem (transcrevo a parte que interessa):
“Caro Armindo: o que é que fizeste para merecer
tamanhos insultos? Estou convencido que isso somente poderia vir de pessoas que
não conhecem nem a tua pessoa e nem o teu percurso. Eu não intervim porque não
vi o teu comentário ou artigo publicado a respeito...
Um rijo abraço,
Luiz.”
É
óbvio que fiquei estupefacto porque não me lembrava de ter escrito qualquer
texto alusivo ao actual Presidente da República e mesmo que o tivesse feito,
sei que ele como democrata sabe que não está acima da crítica honesta e respeitosa
que é a que normalmente faço. E por isso remeti ao meu amigo a seguinte
mensagem:
“Meu caro Luiz, só hoje abri
o meu “e-mail” e não sei rigorosamente nada do que falas. Onde é que fui
insultado? Não escrevi para nenhum jornal… E a propósito de quê é que fui
insultado? Agradecia que me informasses.
Um abraço.”
O
meu amigo, presto como sempre, não tardou a enviar-me o endereço do sítio de onde
ele tivera conhecimento da notícia avisando-me de que tinha sido por interposta
pessoa, bem como dos tais comentários que a acompanhavam.
Fiquei
indignado. Muito indignado mesmo! Mas muito menos com as inúmeras baboseiras e
aleivosias proferidas a meu respeito do que com a petulante ignorância dos seus
autores. Concluí, (não era difícil) que só podia ter provocado essa onda de cretinice,
o meu último texto no “Coral-vermelho” – “Legalidade, Legitimidade &
Sociedade Civil”. E fui revisitá-lo. A única, sublinho, única, alusão ao
presidente da república – de forma abstracta – é a que a seguir transcrevo:
“Igualmente, um presidente
da república que jura cumprir a Constituição e ignora-a negligenciando os seus
deveres ao promulgar, deixar passar dolosamente – porque previamente avisado
para essa eventualidade – leis inconstitucionais para nítido benefício do
governo ou do partido que lhe é politicamente próximo, continua a ser legal mas
não legítima a sua titularidade por faltar à palavra, por deliberadamente não
honrar um juramento.”
Do
texto que NÃO LERAM (ler não é juntar letras para fazer palavras) e como tal
não podiam compreender, tiraram conclusões abusivas e absurdas, seguramente a
mando ou orientação de alguém não próximo do actual PR para quem, se houver
carapuça, esta não lhe serviria.
Como
puderam de um texto tão abstracto e impessoal do qual nenhuma linha se ajustava
ao actual PR, tirar tão cruel e descabida conclusão?
Fiquei
muito triste com a confrangedora iliteracia política e literária dos autores
dos comentários. Uma desilusão!... Felizmente que ela é circunscrita a meia
dúzia de indivíduos que nem sequer tem consciência da sua imbecilidade.
Mas
como quem cala consente, depois de enviar um e-mail ao meu amigo
agradecendo-lhe a solidariedade, redigi uma mensagem para o jornal que não tinha
tido suficiente cuidado em moderar convenientemente os comentários, pois se o
tivesse feito teria verificado que esses comentários NADA tinham a ver com o
texto publicado.
Transcrevo
a seguir o texto enviado ao jornal a título de comentário:
"Sou ARMINDO FERREIRA e não me escondo
atrás de pseudónimos. Sou da Guiné-Bissau filho de emigrante cabo-verdiano como
muitos o são de outras paragens. Acabo de ler, porque um bom amigo me chamou
atenção para o facto, umas bacoradas a meu respeito. Estive hesitante se devia
ou não responder, tal é a baixeza e a gratuitidade dessas obscenidades.
Em primeiro lugar não sei a que propósito vem o meu
nome, porque não citam o contexto nem o propósito, o que de per se já denota uma falta de
respeito pelos direitos e liberdades individuais. Tudo leva a crer que seja por
má-fé, ignorância ou, quiçá, um péssimo domínio da língua portuguesa. Numa
palavra: Se leram alguma coisa não compreenderam nada, pois não sabem
minimamente o que estão a dizer. Por isso não perco muito mais tempo.
Para finalizar quero deixar claro que:
1 – Não sou, nem nunca fui do PAICV – nem simpatizante
e, muito menos, militante;
2 – O meu Presidente é o Dr. Jorge Carlos Fonseca,
eleito de forma clara, transparente e inequívoca como já o afirmei num dos meus
textos;
3 – Uma vez que se referem à Constituição, tanto
quanto eu sei (não leio jornais digitais com assiduidade) até agora, não
conheço nenhum conflito (no TC) entre o PR e a Constituição pelo que deduzo que
ele tem vindo a ser um rigoroso guardião da Constituição que ele ajudou a
elaborar;
4 – Quantos às vossas ameaças, peço-vos muito
encarecidamente, que como democratas que pretendem ser, e porque estamos num
estado de direito democrático, que as denunciem e divulguem de forma clara e
provada cumprindo o vosso papel de democratas, porque se o não fizerem
assumidamente não passarão de reles covardes e mentirosos. Como diz o
povo: Quem não deve não teme!”
Em jeito de
fecho, acresço que continuo a aguardar que esses energúmenos aprendam a LER português
para comentar e criticar adequadamente os meus textos e que concretizem a
ameaça que fizeram quanto à minha conduta moral, civil e criminal, mas desta
feita sem pseudónimos e com provas, mostrando-se menos mentirosos, covardes e
desonestos do que quando garatujaram as suas enormidades.
A.Ferreira
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