Um esclarecimento necessário

sexta-feira, 22 de março de 2013

 
As mentes grandes discutem ideias;

as médias coisas;

e as pequenas pessoas.

Kalil Gibran

 

Estou fora do País e, normalmente, não costumo escrever nestas circunstâncias. Acontece porém, que recebo de um bom amigo de longa data, um “e-mail” com a seguinte mensagem (transcrevo a parte que interessa):

“Caro Armindo: o que é que fizeste para merecer tamanhos insultos? Estou convencido que isso somente poderia vir de pessoas que não conhecem nem a tua pessoa e nem o teu percurso. Eu não intervim porque não vi o teu comentário ou artigo publicado a respeito...

Um rijo abraço,

Luiz.”

É óbvio que fiquei estupefacto porque não me lembrava de ter escrito qualquer texto alusivo ao actual Presidente da República e mesmo que o tivesse feito, sei que ele como democrata sabe que não está acima da crítica honesta e respeitosa que é a que normalmente faço. E por isso remeti ao meu amigo a seguinte mensagem:

“Meu caro Luiz, só hoje abri o meu “e-mail” e não sei rigorosamente nada do que falas. Onde é que fui insultado? Não escrevi para nenhum jornal… E a propósito de quê é que fui insultado?  Agradecia que me informasses.

Um abraço.”

O meu amigo, presto como sempre, não tardou a enviar-me o endereço do sítio de onde ele tivera conhecimento da notícia avisando-me de que tinha sido por interposta pessoa, bem como dos tais comentários que a acompanhavam.

Fiquei indignado. Muito indignado mesmo! Mas muito menos com as inúmeras baboseiras e aleivosias proferidas a meu respeito do que com a petulante ignorância dos seus autores. Concluí, (não era difícil) que só podia ter provocado essa onda de cretinice, o meu último texto no “Coral-vermelho” – “Legalidade, Legitimidade & Sociedade Civil”. E fui revisitá-lo. A única, sublinho, única, alusão ao presidente da república – de forma abstracta – é a que a seguir transcrevo:

Igualmente, um presidente da república que jura cumprir a Constituição e ignora-a negligenciando os seus deveres ao promulgar, deixar passar dolosamente – porque previamente avisado para essa eventualidade – leis inconstitucionais para nítido benefício do governo ou do partido que lhe é politicamente próximo, continua a ser legal mas não legítima a sua titularidade por faltar à palavra, por deliberadamente não honrar um juramento.”

Do texto que NÃO LERAM (ler não é juntar letras para fazer palavras) e como tal não podiam compreender, tiraram conclusões abusivas e absurdas, seguramente a mando ou orientação de alguém não próximo do actual PR para quem, se houver carapuça, esta não lhe serviria.

Como puderam de um texto tão abstracto e impessoal do qual nenhuma linha se ajustava ao actual PR, tirar tão cruel e descabida conclusão?

Fiquei muito triste com a confrangedora iliteracia política e literária dos autores dos comentários. Uma desilusão!... Felizmente que ela é circunscrita a meia dúzia de indivíduos que nem sequer tem consciência da sua imbecilidade.

Mas como quem cala consente, depois de enviar um e-mail ao meu amigo agradecendo-lhe a solidariedade, redigi uma mensagem para o jornal que não tinha tido suficiente cuidado em moderar convenientemente os comentários, pois se o tivesse feito teria verificado que esses comentários NADA tinham a ver com o texto publicado.

Transcrevo a seguir o texto enviado ao jornal a título de comentário:

"Sou ARMINDO FERREIRA e não me escondo atrás de pseudónimos. Sou da Guiné-Bissau filho de emigrante cabo-verdiano como muitos o são de outras paragens. Acabo de ler, porque um bom amigo me chamou atenção para o facto, umas bacoradas a meu respeito. Estive hesitante se devia ou não responder, tal é a baixeza e a gratuitidade dessas obscenidades.

Em primeiro lugar não sei a que propósito vem o meu nome, porque não citam o contexto nem o propósito, o que de per se já denota uma falta de respeito pelos direitos e liberdades individuais. Tudo leva a crer que seja por má-fé, ignorância ou, quiçá, um péssimo domínio da língua portuguesa. Numa palavra: Se leram alguma coisa não compreenderam nada, pois não sabem minimamente o que estão a dizer. Por isso não perco muito mais tempo.

Para finalizar quero deixar claro que:

1 – Não sou, nem nunca fui do PAICV – nem simpatizante e, muito menos, militante;

2 – O meu Presidente é o Dr. Jorge Carlos Fonseca, eleito de forma clara, transparente e inequívoca como já o afirmei num dos meus textos;

3 – Uma vez que se referem à Constituição, tanto quanto eu sei (não leio jornais digitais com assiduidade) até agora, não conheço nenhum conflito (no TC) entre o PR e a Constituição pelo que deduzo que ele tem vindo a ser um rigoroso guardião da Constituição que ele ajudou a elaborar;

4 – Quantos às vossas ameaças, peço-vos muito encarecidamente, que como democratas que pretendem ser, e porque estamos num estado de direito democrático, que as denunciem e divulguem de forma clara e provada cumprindo o vosso papel de democratas, porque se o não fizerem assumidamente não passarão de reles covardes e mentirosos. Como diz o povo: Quem não deve não teme!

Em jeito de fecho, acresço que continuo a aguardar que esses energúmenos aprendam a LER português para comentar e criticar adequadamente os meus textos e que concretizem a ameaça que fizeram quanto à minha conduta moral, civil e criminal, mas desta feita sem pseudónimos e com provas, mostrando-se menos mentirosos, covardes e desonestos do que quando garatujaram as suas enormidades.

A.Ferreira

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