Caro
leitor: o texto que se segue, pertence ao Sub, sub-género de textos furados que
surgem geralmente em fases bem críticas da História de qualquer comunidade.
Surgem
em tempos de crise. Sobretudo, de crise escolar, académica e cultural que conduz a um tipo de amnésia de efeitos
fabulosos!
No
caso vertente, a cabo-verdiana (a amnésia) tem vindo a revelar – através dos seus doutos
Historiadores e Cronistas, surgidos no pós-independência, cheios de certezas e
de poucas dúvidas - por meio dos referidos textos; facetas até aqui
desconhecidas da Histórias destas ilhas Atlânticas.
Posto
isto, vamos conhecê-las:
Pois
bem, referindo-se à Terra – Branca, afirmou peremptório (após aturados estudos
e pesquisas no Google) um dos nossos Historiadores, assumido africanista e
sempre absoluto e definitivo nos seus juízos. Outrossim, o nosso Cronista
parecia delirante e entusiasmado com o
nome: Terra Branca! Que esta seria uma zona de “apartheid” na periferia da cidade
da Praia, onde apenas viviam “brancos.” Alguns de aspecto bem mestiço - conviria
acrescentar, entre nós que ninguém nos ouve -- sendo que os seus serviçais
habitavam as zonas circundantes e limítrofes de Achada Santo António e de Tira-Chapéu.
No
tocante ao ilhéu de Santa Maria, afirmaria convicto outro Historiador de
improvisadas teorias, que o Ilhéu sempre pertenceu à China. E isto de tempos
imemoriais. Por causa disso, o nome por
que é internacionalmente conhecido é o de Ilha da China, sendo que a doação
fora feita em séculos passados por D. José de Santa Catarina e D. José de Santa
Maria, ambos cavaleiros do séc. XIII, famosos e antigos Donatários
respectivamente, da Serra Malagueta e do Farol de Santa Maria.
Recorde-se
(continuou o dito Historiador) que aqueles Donatários chegaram às ilhas muito
antes dos seus denominados descobridores, como foram Diogo Gomes, António da
Noly e Luis de Cadamosto, Aliás, estes últimos, teriam perecidos no Oceano Pacífico
em 1460, sem deixar quaisquer registos.
Daí
a razão por que o provável Descobridor das ilhas de Cabo Verde, seja mesmo
Amílcar Cabral, no ano de 1975. Trata-se de um valoroso guerreiro de Bafatá
que pôs a sua espada ao serviço das Donzelas. Aliás, apanágio gentil e característico, de
verdadeiro cavaleiro da Ordem de D. Juan.
...E
continuando, desta feita indo até à Cidade Velha, dirá o Historiador conhecedor
e frequentador de facebook, de instagram, de twiter e de quejandos, que a
antiga vila fora habitada por moradores e senhores, vindos do Leste europeu e
da Tailândia, que aqui sob clima tropical, de muita chuva e de neves de
altitude, juntaram-se e misturaram-se. Resultado: conheceram apreciável
longevidade. Daí, a razão do nome, Cidade Velha assim chamada.
Mas
aconteceu - continuará o nosso inefável Cronista - a determinada altura, os
seus escravos ( trazidos da Abissínia, da Costa Oriental de África, pelos ditos
senhores) revoltados com pouco que fazer numa zona próspera e também porque os
seus senhores lhes tiravam quase todas as suas mulheres, resolveram migrar para a ilha vizinha, o Fogo.
Assim
nos descreveu esta odisseia e culminou a sua narrativa, esse nosso iminente
Historiador, afirmando - que ali chegados estava à espera deles uma recepção
nada amistosa. Os foguenses capitaneados pelos seus afidalgados locais, Dom Bartolomeu de Capela, Dom Paio de Pires e
Dom Rodrigo de Mendonça, os quais, numa ardilosa cilada para impedirem a
entrada na ilha desses migrantes, mandaram acender um lume perpétuo no cume da
serra mais alta da Ilha e assim fazer retornar à origem, tais visitantes não
desejáveis; no que bateram palmas e muitas palmas os piratas franceses e
ingleses que ao Fogo tinham aportado e que já tinham saqueado a ilha toda.
Ficam
assim também esclarecidas cientificamente, as convulsões vulcânicas que
frequentaram e continuam a frequentar a ilha.
Prosseguindo,
proclamam ufanos e sabedores os reputados Cronistas que a vizinha ilha Brava,
assim chamada - no dizer de um deles, muito “in” na nossa urbe - porque não tendo a ela chegados os primeiros
descobridores que foram árabes, oriundos do Líbano, mas que na Guiné ficaram
conhecidos por Sirianos.
Ora
bem, então imaginaram-na bravia, cheia de madressilvas espinhosas, rodeada de
seres míticos e guardiões audazes e temidos que não toleravam qualquer
aproximação. Daí o seu longínquo isolamento e, sobretudo, o seu não contacto
com as populações das ilhas do sul do arquipélago.
Isso
terá gerado as seguintes particularidades dos bravenses:
1- Gente”
morabi” e de brandos costumes.
2- Desconhecimento
de todo, do uso da faca e do manduco.
Eh!
Pá! E agora? É que chegados ao fim das “estórias” contadas por estes insignes
Historiadores e Cronistas, filiados no «Partipris», subjaz a questão: onde e
como colocar - no meio desta confusão toda - os nossos portugueses? Sim, como
encaixá-los no meio disto? Se nem na Cidade Velha, os deixaram ficar os
espanhóis Eternos espanhóis, gente conhecida por nem bons ventos e nem de bons
casamentos? Realmente, passaram-lhes a perna.
É
que os espanholitos conquistaram a mui nobre Cidade na primeira década do séc.
XXI. (século vinte e um, assim escrito por extenso para que não hajam dúvidas.
Os espanhóis vieram conhecer a Cidade Velha na primeira década e, foi um “veni, vidi, vinci” (se te avias!) ou,
traduzido, foi um chegar, ver e vencer, isto é mesmo nosso! (deles, diziam à
boca cheia) em menos de um ápice de tempo)
Sim, que fazer com os nossos amados tuguinhas?
Eles que tantas alegrias nos têm proporcionado, que outros nenhuns nos dão.
Podia
citar muitos exemplos das referidas alegrias. Por ora, apenas os mais queridos:
os onze vitoriosos de cada equipa de futebol, sobretudo dos três grandes; a
Selecção de todos nós; o maior jogador do mundo; os treinadores foras de série;
e até o VAR?... Sim, como integrá-los no meio disto??
Eles
trouxeram-nos o crioulo e nós...devolvemos-lhes o português. Que simpatia!!
A morna
e o fado encontraram-se a meio do caminho do mar, com ondas sagradas do Tejo
beijando-se, de tal modo, que Mariza e Tito Paris fizeram uma grande festa.
Tanta
coisa partilhada e despartilhada!
Mas,
subsiste a dúvida, como integrá-los mais conformemente, no meio da confusão
arranjada por estes Cronistas da actualidade??
Paciência!
É o que dá ter gente tão culta, tão sabedora – saída da Universidade de Santa
Luzia - pois com certeza! E a historiar e a cronicar bastamente (Oh! Menina!
não seria mais adequado, um “e” na primeira sílaba do advérbio? É que me ficou a dúvida??...) aqui
nas ilhas...
*Texto Furado...
como diz o próprio nome, sai sempre furado. E ainda bem que assim é! Já
calculou estimado Leitor, quão maçador seria, narrar sempre - a nossa História - muito séria, sensaborona e muito convicta?
Sem uma graça, sem um sorriso e sem “salero”? Não, Deus nos livre! ...E ao
pronunciar esta última frase, surge a rir-se do fundo do baú, o texto...
furado. Salvé!
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