segunda-feira, 7 de junho de 2021

 

Fomos desafiados para a celebração das nossas bodas de ouro, – 50º aniversário do casamento – que tentássemos escrever 50 razões que fizeram com que o nosso matrimónio perdurasse por tanto tempo. Não é fácil quando tudo se resume a pouco mais de meia dúzia de palavras – amor, amizade, respeito, liberdade, companheirismo, tolerância, compreensão, alegria, felicidade – que representam os sentimentos mútuos e as realizações partilhadas. Contudo iremos fazer uma tentativa que, ao fim e ao cabo, não é mais que enquadrar essas expressões na nossa vivência:

 

1 - Muito amor, muita amizade, muita cumplicidade e bom entendimento mútuo.

2− Fazer com que as nossas divergências sejam, ou um mal menor, ou alternativas para a procura de um consenso;

3− Saber, − de esforço para um conhecimento mútuo, − que o nosso casamento foi movido só, e tão somente, por um profundo amor que conduziu ao desejo de estarmos permanentemente juntos.

4 – E também de tudo partilharmos, sem pôr em causa a liberdade de cada um;

5 − Pensarmos e agirmos sempre no sentido de que o nosso casamento foi a melhor e a mais acertada decisão que cada um tomou na sua vida;

6 - Procurarmos conhecer de forma interessada e profunda as particularidades de cada um para melhor as respeitar;

 7 – Termos traçado previamente, sem calculismos, as nossas prioridades na vida em comum, baseadas no estabelecimento de metas e objectivos acessíveis;

8 – Termos visto nos filhos – o cumprimento de um desígnio previamente traçado e um desejo profundamente partilhado − tudo aquilo que exponencia a nossa união e melhor espelha o nosso amor;

9 – Termos tido como ponto assente que a família construída é o mais importante elo da vida desejada pelos dois. Ela paira acima de tudo.

10 – Companheirismo.

11 – Termos tido sempre presente que tudo é transitório − inclusive o nosso amor − e que a sua permanência é o resultado de uma conquista continuada;

12 – Complementarmo-nos em cada momento na prossecução permanente do cumprimento das nossas metas e objectivos – sobretudo os familiares − e esforçarmo-nos conjuntamente para os ajustar com realismo e pragmatismo às circunstâncias e conjunturas;

13 – Termos feito com que a chama da intensa amizade que nos une se mantenha sempre viva;

14 – Termos pugnado para que essa mesma chama se sobreponha a qualquer adversidade, contratempo ou acidente de percurso que se interponha nas nossas vidas;

15 – Termos tido sempre em mente que um casamento sólido não anula a individualidade única de um e de outro, antes a conclama.

16 – Termos concedido um ao outro espaço e tempo para cada um expressar na plenitude a sua individualidade e apoiá-lo na sua decisão;

17 – Fazermos com que haja sempre diálogo, diálogo e mais diálogo em todas as circunstâncias;

18 – Empenharmo-nos vivamente que nunca falte este [diálogo] tão importante elemento de uma boa ligação.

19 – Termos tido paciência, tolerância, condescendência e complacência com os erros e os defeitos – um do outro.

20 – Construirmos convergências ao longo do tempo e respeitar escrupulosamente as divergências, sobretudo as que derivem de convicções.

21 – Gostar muito de estar um com o outro.

22- Acreditarmos todos dias, e em cada dia, de que a escolha mútua que fizemos é a escolha certa;

23 – Estarmos firmemente convictos de que criar e procurar gerar laços fortes de companheirismo e de interdependência, só fortalecem a relação.

24 – Amar, amar, amar sempre!... O amor com a crença e a convicção de que é mutuamente correspondido é o mais forte cimento que aglutina um casamento.

25 – Celebrarmos sempre com muita alegria as reuniões de família – mesmo as mais pequenas;

26 – Fazermos delas [as reuniões de família] momentos de bom humor, de diálogo, de trocas de ideias, de identificação de valores e, sobretudo, de construção;

27 – Não ambicionar mais do que está ao nosso alcance, sem deixar jamais de nos esforçarmos vivamente para o bem-estar da família;

28 − Cerrarmos bem forte as fileiras, de forma subtil ou expressa, dependendo das circunstâncias, sempre que uma adversidade, um contratempo, uma ameaça ponha em causa a estabilidade do núcleo familiar mais próximo, combatendo ou prevenindo;

29 – Honrarmos sempre a aliança mutuamente edificada.

30– Cuidarmos um do outro com carinho, paciência e dedicação;

31 – Tentarmos “adivinhar” por vezes o que (o, a) companheiro (a) deseja…

32 – Termos presente que o bom humor, o fino gozo, também fazem parte de um casamento bem-sucedido.

33 – Termos a consciência de que a alegria de estarmos juntos é um culminar de uma ´solida relação.

34 – Sentirmos que, através dos laços que nos unem, cada um é do outro, o melhor Amigo;

35 – Ter presente que a confiança e o respeito mútuo, nunca se devem ausentar da aliança construída;

36 – E também que a harmonia deve ser o sentimento mais presente no dia-a-dia do casal. 

37 – A liberdade de ser de cada um, não deve, por princípio, ser anulada por nenhum dos cônjuges.

38 – Que os valores de família devem ser promovidos e consolidados entre o núcleo geracional construído.

39 – Que a alegria de ter e de conhecer os netos são dádivas imensuráveis. Eles – os netos – são uma graça divina na nossa vida.

40 – Fazermos da vinda dos netos um hino de alegria para os nossos corações e um alento para a caminhada comum;

41 – Amor e um pouco de paixão só fazem bem ao casal…ainda que velhotes.

42 – Fazer com que as memórias boas sejam sempre revividas com alegria e gargalhadas;

43 – Sentirmos em cada momento, que crescemos e amadurecemos juntos e que a cumplicidade se tornou a nossa segunda natureza;

44 – No fundo, constatarmos que um casamento de 50 anos, equivale a “levantarmo-nos” juntos, numa espécie de segunda criação, agora a dois.

45 – Não há “catálogo de receitas” e muito menos “milagres” para o sucesso de um casamento com longevidade.

46 – Caberá ao casal em cada etapa alicerçar sólida e interessadamente os pilares da vida em comum.

47 – Amar, amar sempre!... O amor com a crença e a convicção de que é mutuamente correspondido é o mais forte cimento que aglutina um casamento;

48 – 50 anos de vida em comum é uma grande e bela peça de tapeçaria, feita de vários fios, com labor, com persistência e procura permanente de aperfeiçoamento pois que, às vezes se torcem, mas que de seguida se distorcem para finalmente se convergirem numa bonita obra final!

49 – Afinal 50 anos de casamento, são 600 meses; 18.262 dias; e cerca de 438.290 horas de vida em comum!

50 – É obra! E afirmamos orgulhosamente que valeu a pena construí-la.

 

1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Antes de mais, as minhas efusivas felicitações aos noivos da comemoração destas bodas de ouro, os Amigos Ondina e Armindo.
Parafraseando a 50.ª razão, que sintetiza todas as demais que precedem, direi que, de facto, “É OBRA”, e aqui cito o imortal Wolfgang Amadeus Mozart: “para fazer uma obra de arte não basta ter talento, não basta ter força, é preciso também viver um grande amor”.
O amor é arte e é também ciência, que se conjugam e se completam para que 50 anos de vida em comum sejam o espelho dourado da verdadeira arte de viver. E o seu feliz corolário, a sua expressão mais sublime, são, na verdade, os filhos e os netos, e aqui sublinho as belas palavras inscritas nas razões 39 e 40, respectivamente: “Que a alegria de ter e de conhecer os netos são dádivas imensuráveis. Eles – os netos – são uma graça divina na nossa vida”; “Fazermos da vinda dos netos um hino de alegria para os nossos corações e um alento para a caminhada comum; “a alegria de ter e de conhecer os netos são dádivas imensuráveis”. Penso e sinto exactamente assim.

Ondina, foi igualmente “obra” de mestre explicitar todas essas 50 “razões” com tão rico e variado conteúdo literário e filosófico, um verdadeiro compêndio da arte e da ciência de viver. Estou crente que delas exala a fonte de energia para a vossa caminhada em direcção às bodas de diamante. Que a saúde não vos falte para chegar a esse dia!

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