A Noite da Praça Nova de Adriano Miranda Lima

quinta-feira, 20 de julho de 2023


O poeta convoca o "Tempo", não um tempo qualquer, mas um tempo especial, inesquecível, marcante e memorável. Todo ele passado e desenrolado na "Praça Nova" através de versos que nos descrevem um ambiente mágico, fabuloso, em que o sujeito poético mistura música do coreto e conclama a da Travadinha  rememora cheiros (os da venda dos doces, da mancarra, de Tanha), dos chocolates e dos drops da maleta do Mitchel numa autêntica sinestesia que leva de volta o leitor, que tal como o poeta vivenciou esse Mindelo, descrito e visualizado, no poema, a revivê-lo também.

É exactamente para a cidade do cinema, do Porto Grande e da icónica Praça Nova, de um tempo pretérito, que os versos de Adriano Miranda Lima, nos transportam, numa simbiose entre um idílio, (do poeta, com a sua cidade) e um real imagético, transposto na rememoração das movimentadas tardes de Domingo na emblemática Praça.

Aliás o poema desenrola-se perante os nossos olhos, como se de um filme também se tratasse e não terá sido por acaso, que o mesmo culmina com o cartaz sugestivo do Cinema Eden-Park e o retrato da diva Marlene Dietrich.

Adriano Lima, poeta, mantém-se constante na temática da evocação da sua cidade, Mindelo, e este poema como os demais poemas aqui publicados,  confirma essa espécie de devoção filial e terna, guardada na memória (da infância e da juvenilidade) e recordada através da transfiguração poética que "A Noite da Praça Nova" sugere e descreve.

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1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...


Começo por agradecer, muito sensibilizado, a publicação neste blogue − Coral Vermelho − da composição em“powerpoint” em que evoco as minhas memórias de menino e moço na nossa “Praça Nova”, do Mindelo. Não posso deixar de agradecer também o tratamento de “poeta” que me é dado pela Dr.ª Ondina Ferreira no seu texto de apresentação, cuja qualidade literária dispensa encómios (até para não sugerir uma troca de galhardetes), e que só por si valeu a pena eu ter construído o “powerpoint”. Mas nem de longe me considero poeta, sou apenas um cabo-verdiano sentimental e com alguma facilidade de escolher e arrumar palavras que possam exprimir emoções que pretendo transmitir a outrem. Mas no fundo somos todos poetas, cada um à sua maneira ou à sua medida, dependendo da disponibilidade ou da vontade de querer comunicar, apetência, no entanto, cada vez mais arredada dos espíritos nestes tempos mais vocacionados para o consumismo imediato de trivialidades.
Com esta composição e outras do género (com texto, imagem e música de fundo), a minha intenção é, efectivamente, evocar aquelas memórias que são marcantes e únicas pela circunstância de se inscreverem no tempo da adolescência, a fase do ciclo vital em que as mudanças biológicas e psicológicas definem os traços da personalidade, em busca da identidade, com o condão de despertarem emoções exaltantes que ficam para sempre grudadas no espírito. Portanto, sem secundarizar ou menorizar emoções de outras fases da vida – e muitas foram −, essas da minha adolescência são únicas e incomparáveis, o que não deixa de ser uma verdade para mim como para qualquer outro.
Por tudo isso é que procuro partilhar este tipo de memórias, o que faço normalmente através de e-mails, sendo que a sua postagem neste blogue é um contributo inigualável para uma acrescida difusão, o que volto a agradecer.
Para obter a reprodução integral e automática do “powerpoint” (com a respectiva música), só o consegui fazendo a sua transferência para os “meus documentos”. Mas como não sou um “expert” nestas lides, admito que haverá outro processo.
Adriano Lima


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