O poeta convoca o "Tempo", não um tempo
qualquer, mas um tempo especial, inesquecível, marcante e memorável. Todo
ele passado e desenrolado na "Praça Nova" através de versos
que nos descrevem um ambiente mágico, fabuloso, em que o sujeito poético mistura
música − do coreto e conclama a da Travadinha − rememora cheiros (os
da venda dos doces, da mancarra, de Tanha), dos chocolates e dos drops da
maleta do Mitchel numa autêntica sinestesia que leva de volta o leitor, que tal
como o poeta vivenciou esse Mindelo, descrito e visualizado, no poema, a
revivê-lo também.
É exactamente para a cidade do cinema, do
Porto Grande e da icónica Praça Nova, de um tempo pretérito, que os versos de
Adriano Miranda Lima, nos transportam, numa simbiose entre um idílio, (do poeta,
com a sua cidade) e um real imagético, transposto na
rememoração das movimentadas tardes de Domingo na emblemática Praça.
Aliás o poema desenrola-se perante os nossos
olhos, como se de um filme também se tratasse e não terá sido por acaso, que o
mesmo culmina com o cartaz sugestivo do Cinema Eden-Park e o retrato da diva
Marlene Dietrich.
Adriano Lima, poeta, mantém-se constante na
temática da evocação da sua cidade, Mindelo, e este poema − como os demais poemas aqui publicados, − confirma essa
espécie de devoção filial e terna, guardada na memória (da infância e da
juvenilidade) e recordada através da transfiguração poética que "A Noite
da Praça Nova" sugere e descreve.
Clique aqui e faça download (transferir) para apresentação automática dos diapositivos e música
1 comentários:
Começo por agradecer, muito sensibilizado, a publicação neste blogue − Coral Vermelho − da composição em“powerpoint” em que evoco as minhas memórias de menino e moço na nossa “Praça Nova”, do Mindelo. Não posso deixar de agradecer também o tratamento de “poeta” que me é dado pela Dr.ª Ondina Ferreira no seu texto de apresentação, cuja qualidade literária dispensa encómios (até para não sugerir uma troca de galhardetes), e que só por si valeu a pena eu ter construído o “powerpoint”. Mas nem de longe me considero poeta, sou apenas um cabo-verdiano sentimental e com alguma facilidade de escolher e arrumar palavras que possam exprimir emoções que pretendo transmitir a outrem. Mas no fundo somos todos poetas, cada um à sua maneira ou à sua medida, dependendo da disponibilidade ou da vontade de querer comunicar, apetência, no entanto, cada vez mais arredada dos espíritos nestes tempos mais vocacionados para o consumismo imediato de trivialidades.
Com esta composição e outras do género (com texto, imagem e música de fundo), a minha intenção é, efectivamente, evocar aquelas memórias que são marcantes e únicas pela circunstância de se inscreverem no tempo da adolescência, a fase do ciclo vital em que as mudanças biológicas e psicológicas definem os traços da personalidade, em busca da identidade, com o condão de despertarem emoções exaltantes que ficam para sempre grudadas no espírito. Portanto, sem secundarizar ou menorizar emoções de outras fases da vida – e muitas foram −, essas da minha adolescência são únicas e incomparáveis, o que não deixa de ser uma verdade para mim como para qualquer outro.
Por tudo isso é que procuro partilhar este tipo de memórias, o que faço normalmente através de e-mails, sendo que a sua postagem neste blogue é um contributo inigualável para uma acrescida difusão, o que volto a agradecer.
Para obter a reprodução integral e automática do “powerpoint” (com a respectiva música), só o consegui fazendo a sua transferência para os “meus documentos”. Mas como não sou um “expert” nestas lides, admito que haverá outro processo.
Adriano Lima
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