Ainda e a propósito de "Contra a Corrente e a Maré"

terça-feira, 25 de julho de 2023

 

Eis um comentário de José Tomaz Veiga, autor do artigo intitulado: «Contra a Corrente e a Maré» publicado na edição do jornal “Expresso das Ilhas” de 21 de Junho de 2023, sobre o tratamento dado por Cabo Verde, na sua contribuição às alterações climáticas.

Tal comentário surgiu em reposta a um texto nosso, publicado neste “Blog” sobre o mesmo assunto e inspirado no Artigo acima referido.

É nossa opinião que o conteúdo tem interesse e é de pertinente divulgação pela sua contextualização, não só com o nosso artigo, mas também com o igualmente interessante e oportuno comentário de Adriano Miranda Lima que o acompanha no blogue.

 

Boa tarde Ondina e Armindo

Li com muito agrado e maior interesse o vosso artigo sobre a temática ambiental. E fiquei lisonjeado ao constatar que utilizaram o meu texto como ponto de partida para a vossa argumentação. Obrigado pelas palavras bondosas sobre o meu artigo.

O que me preocupa é a tendência dos nossos governantes para seguir acriticamente as modas do momento. Compreendo em parte, face à enorme pressão da ONU, Banco Mundial, FMI, Portugal e, agora cada vez mais, do Governo dos EUA.

O catastrofismo ambientalista tomou conta do mundo ocidental e do discurso ambientalista. Recordo que há 5 anos (21 de Junho de 2018) a nova Santa Greta tinha anunciado o prognóstico, atribuindo-o a um famoso cientista (sem referir o nome), de que dentro de 5 anos, isto é, nesta data em que nos encontramos hoje, o mundo estaria devastado completamente e praticamente destruído, por causa das mudanças climáticas. Ela apagou o tweet algum tempo depois, mas infelizmente para ela, ficou registado e muitos que seguem estas coisas fizeram print screen do tweet dela.

Recentemente, uma congressista democrata dos EUA anunciou o fim do mundo (textualmente) para o ano 2031, se até lá não tivermos colocado uma pedra no uso de combustíveis fósseis.  

A nossa idade permite-nos recordar outras predições apocalípticas relacionadas com o ambiente, que não passaram disso mesmo. Por exemplo, nos anos 70 o alarme era sobre... o esfriamento da Terra e a idade do gelo que estava à porta, devido às mudanças climáticas provocadas pelo homem. Depois veio o célebre Club de Roma afirmar que o mundo tinha gente a mais e que os recursos do planeta eram e são finitos e, portanto, que centenas de milhões de seres humanos iam morrer de fome nos anos 80 do século passado; que os combustíveis fósseis, sobretudo o petróleo, estariam prestes a esgotar-se e que o mundo iria viver situações inimagináveis nessa mesma década de 80! O buraco de Ozono que se estava a alargar sobre a Antártida e ia lançar o caos no mundo... devido à acção do ser humano. E outros disparates que HOJE ESTÃO ESQUECIDOS, mas que regressam sob outra forma.

Curiosamente, os tais que fizeram essas predições que nunca se realizaram, continuam ainda hoje a ser considerados heróis dos movimentos ambientalistas, alguns, ainda vivos, são respeitados académicos que falharam no essencial, mas estão ainda na crista da onda do ambientalismo catastrofista.

Hoje, com a onda de calor, os ambientalistas radicais atribuem-na... às mudanças climáticas derivadas da acção do homem. Mas os cientistas e meteorologistas sabem que a onda de calor está relacionada com um fenómeno natural que ocorre numa determinada zona do Oceano Pacífico, chamado El Niño, o qual nada tem a ver com a acção do homem; ocorre periodicamente (7 em 7 anos ou menos), e provoca ondas de calor como a que neste momento vivemos. Mas como tudo tem a ver com a degradação do ambiente por esta espécie demoníaca que se dá pelo nome de homo sapiens, a onda de calor tinha de estar relacionada com a acção dessa malvada espécie que quer destruir o planeta consumindo combustíveis de origem fóssil. 

Na visão dos fanáticos do ambientalismo, devemos deixar de usar combustíveis imediatamente. Suponho que deixaremos de andar de avião, talvez a nadar até chegar a outro continente, quem sabe? Andar de bicicleta, mas mesmo aí as bicicletas são de aço ou alumínio, e esses materiais têm de ser extraídos de minas e, no processo, poluem o ambiente, por isso, temos de passar a andar a pé, e sem sapatos, de preferência. Devíamos ir morar nas grutas, mesmo que não existam em todo o lado, deixaríamos de comer carne de vaca porque as vacas ruminam e produzem metano que é ainda mais poluente do que o CO2; o arroz devia ser excluído porque o seu cultivo produz imenso CO2, e outras parvoíces do mesmo género. Enfim, não se consegue ter um debate civilizado e tranquilo com fanáticos e radicais que se julgam ungidos para salvarem o planeta. Como se o nosso planeta precisasse de salvadores, o coitado do planeta que já cá está há mais de 4 mil milhões de anos, já apanhou com saraivadas de meteoros, um choque terrível com outro planeta, choque que está na origem da nossa Lua, sem esquecer o meteoro gigante que acabou com os dinossauros há 65 milhões de anos.  E ela continua a girar em torno do Sol...

Desculpem toda esta conversa, mas para além dos fanáticos do ambiente, raras são as pessoas que se interessam pelo assunto numa perspectiva mais ponderada.

Há um livro muito interessante de um ambientalista americano, que já foi catastrofista, mas que tem uma abordagem extremamente interessante. Em anexo, junto a capa do livro dele. A tradução deixa a desejar, mas enfim... Vale a pena ler, se este assunto vos interessa.

Um abraço amigo

Zé Tomaz


1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

O comentário do José Tomaz Veiga acrescenta informação adicional e encerra, para já, a discussão. Penso eu... Como não sou ambientalista e nem quero sê-lo, irei procurar o livro por ele citado - Apocalipse Nunca - para me informar melhor, porque sobre esta matéria pouco ou nada sei, limitando-me a acompanhar a movimentação e as tendências que a polémica suscita. Pelos vistos, o problema pode ser mais de índole social e política que científica. De facto, só a mais infalível cosmogonia explicaria que um planeta com 4 mil milhões de anos tivesse de esperar pelo aparecimento de uma espécie recente - o Homo sapiens, com apenas 300 mil anos - para lhe profetizar a destruição.
Mas ainda bem que é "Apocalipse Nunca" e não
"Apocalipse Now", o filme de Francis Ford Coppola que alguns consideram o mais perturbador até hoje realizado sobre a bestialidade da guerra. Será de admitir como mais provável a extinção do Homo sapiens e não do planeta? Não a excluamos, pois basta que alguém no Kremlin accione o botão nuclear. A nossa espécie e a maior parte dos mamíferos desaparecerão, mas o planeta continuará a girar, e nele algumas formas de vida inferiores. Até que surja milhões de anos volvidos outro ser supostamente inteligente a clamar o domínio sobre o planeta e a
conceber novas teorias e professias.

Um abraço a todos
Adriano


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