Eis um comentário de José Tomaz Veiga, autor do artigo
intitulado: «Contra a Corrente e a Maré» publicado na edição do jornal “Expresso
das Ilhas” de 21 de Junho de 2023, sobre o tratamento dado por Cabo Verde, na sua
contribuição às alterações climáticas.
Tal comentário surgiu em reposta a um texto nosso,
publicado neste “Blog” sobre o mesmo assunto e inspirado no Artigo acima
referido.
É nossa opinião que o conteúdo tem interesse e é de
pertinente divulgação pela sua contextualização, não só com o nosso artigo, mas
também com o igualmente interessante e oportuno comentário de Adriano Miranda
Lima que o acompanha no blogue.
Boa tarde Ondina e Armindo
Li com muito agrado e maior interesse o vosso artigo sobre a temática
ambiental. E fiquei lisonjeado ao constatar que utilizaram o meu texto como
ponto de partida para a vossa argumentação. Obrigado pelas palavras bondosas
sobre o meu artigo.
O que me preocupa é a tendência dos nossos governantes para seguir
acriticamente as modas do momento. Compreendo em parte, face à enorme pressão
da ONU, Banco Mundial, FMI, Portugal e, agora cada vez mais, do Governo dos
EUA.
O catastrofismo ambientalista tomou conta do mundo ocidental e do discurso
ambientalista. Recordo que há 5 anos (21 de Junho de 2018) a nova Santa Greta
tinha anunciado o prognóstico, atribuindo-o a um famoso cientista
(sem referir o nome), de que dentro de 5 anos, isto é, nesta data em que
nos encontramos hoje, o mundo estaria devastado completamente e praticamente
destruído, por causa das mudanças climáticas. Ela apagou o tweet algum
tempo depois, mas infelizmente para ela, ficou registado e muitos que seguem
estas coisas fizeram print screen do tweet dela.
Recentemente, uma congressista democrata dos EUA anunciou o fim do mundo
(textualmente) para o ano 2031, se até lá não tivermos colocado uma pedra no
uso de combustíveis fósseis.
A nossa idade permite-nos recordar outras predições apocalípticas
relacionadas com o ambiente, que não passaram disso mesmo. Por exemplo, nos
anos 70 o alarme era sobre... o esfriamento da Terra e a idade do gelo que
estava à porta, devido às mudanças climáticas provocadas pelo homem. Depois
veio o célebre Club de Roma afirmar que o mundo tinha gente a mais e que os
recursos do planeta eram e são finitos e, portanto, que centenas de
milhões de seres humanos iam morrer de fome nos anos 80 do século
passado; que os combustíveis fósseis, sobretudo o petróleo, estariam
prestes a esgotar-se e que o mundo iria viver situações inimagináveis nessa
mesma década de 80! O buraco de Ozono que se estava a alargar sobre a Antártida
e ia lançar o caos no mundo... devido à acção do ser humano. E outros
disparates que HOJE ESTÃO ESQUECIDOS, mas que regressam sob outra forma.
Curiosamente, os tais que fizeram essas predições que nunca se
realizaram, continuam ainda hoje a ser considerados heróis dos movimentos
ambientalistas, alguns, ainda vivos, são respeitados académicos que falharam no
essencial, mas estão ainda na crista da onda do ambientalismo catastrofista.
Hoje, com a onda de calor, os ambientalistas radicais atribuem-na... às
mudanças climáticas derivadas da acção do homem. Mas os cientistas e
meteorologistas sabem que a onda de calor está relacionada com um fenómeno
natural que ocorre numa determinada zona do Oceano Pacífico, chamado
El Niño, o qual nada tem a ver com a acção do homem; ocorre periodicamente (7
em 7 anos ou menos), e provoca ondas de calor como a que neste momento vivemos.
Mas como tudo tem a ver com a degradação do ambiente por esta espécie demoníaca
que se dá pelo nome de homo sapiens, a onda de calor tinha de
estar relacionada com a acção dessa malvada espécie que quer destruir o planeta
consumindo combustíveis de origem fóssil.
Na visão dos fanáticos do ambientalismo, devemos deixar de usar
combustíveis imediatamente. Suponho que deixaremos de andar de avião, talvez a
nadar até chegar a outro continente, quem sabe? Andar de bicicleta, mas mesmo
aí as bicicletas são de aço ou alumínio, e esses materiais têm de ser extraídos
de minas e, no processo, poluem o ambiente, por isso, temos de passar a
andar a pé, e sem sapatos, de preferência. Devíamos ir morar nas grutas, mesmo
que não existam em todo o lado, deixaríamos de comer carne de vaca porque as
vacas ruminam e produzem metano que é ainda mais poluente do que o CO2; o arroz
devia ser excluído porque o seu cultivo produz imenso CO2, e outras parvoíces
do mesmo género. Enfim, não se consegue ter um debate civilizado e tranquilo
com fanáticos e radicais que se julgam ungidos para salvarem o planeta. Como se
o nosso planeta precisasse de salvadores, o coitado do planeta que já cá está
há mais de 4 mil milhões de anos, já apanhou com saraivadas de meteoros, um
choque terrível com outro planeta, choque que está na origem da nossa Lua, sem
esquecer o meteoro gigante que acabou com os dinossauros há 65 milhões de
anos. E ela continua a girar em torno do Sol...
Desculpem toda esta conversa, mas para além dos fanáticos do ambiente,
raras são as pessoas que se interessam pelo assunto numa perspectiva mais
ponderada.
Há um livro muito interessante de um ambientalista americano, que já foi
catastrofista, mas que tem uma abordagem extremamente interessante. Em anexo,
junto a capa do livro dele. A tradução deixa a desejar, mas enfim... Vale a
pena ler, se este assunto vos interessa.
Um abraço amigo
Zé Tomaz
1 comentários:
O comentário do José Tomaz Veiga acrescenta informação adicional e encerra, para já, a discussão. Penso eu... Como não sou ambientalista e nem quero sê-lo, irei procurar o livro por ele citado - Apocalipse Nunca - para me informar melhor, porque sobre esta matéria pouco ou nada sei, limitando-me a acompanhar a movimentação e as tendências que a polémica suscita. Pelos vistos, o problema pode ser mais de índole social e política que científica. De facto, só a mais infalível cosmogonia explicaria que um planeta com 4 mil milhões de anos tivesse de esperar pelo aparecimento de uma espécie recente - o Homo sapiens, com apenas 300 mil anos - para lhe profetizar a destruição.
Mas ainda bem que é "Apocalipse Nunca" e não
"Apocalipse Now", o filme de Francis Ford Coppola que alguns consideram o mais perturbador até hoje realizado sobre a bestialidade da guerra. Será de admitir como mais provável a extinção do Homo sapiens e não do planeta? Não a excluamos, pois basta que alguém no Kremlin accione o botão nuclear. A nossa espécie e a maior parte dos mamíferos desaparecerão, mas o planeta continuará a girar, e nele algumas formas de vida inferiores. Até que surja milhões de anos volvidos outro ser supostamente inteligente a clamar o domínio sobre o planeta e a
conceber novas teorias e professias.
Um abraço a todos
Adriano
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