De volta...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Após uma prolongada paragem, em que o facto de ter estado longe do meu “habitat” de escrita poderá justificar o seu não exercício, retomo atenção ao meu “blog.” O que, com a verdade a abonar, é para mim sempre bom!
Antes de mais, e ainda que já não vá tão a tempo, os meus votos de 2011 cheio de saúde, tranquilidade, sucessos e de mais coisas boas para todos nós. E que saibamos também ultrapassar com dignidade e com coragem as adversidades que nos surjam no percurso das nossas vidas. São os meus desejos sinceros.
Hoje, em jeito de apontamento, focarei uma questão – que me foi posta aqui há dias por uma jovem em fase de doutoramento – e que constitui o fundamento da sua tese.
Trata-se do tema: “a mulher na política e o caso/estudo o de Cabo Verde”.
- Na minha opinião, considero que ainda não temos, em Cabo Verde, mulheres políticas. Temos tido e temos mulheres, algumas, técnicas de bom gabarito, como sói dizer-se, a exercer titularidades e cargos no executivo ou no governo nacional. Mas “políticas” de sentido pleno e com provas reveladas de conceptualização que resulta do saber político; de cultura e de liderança políticas, do meu conhecimento e análise ainda não tinha tido, até ao momento presente, a eventual agradável surpresa de as conhecer entre nós – Disse eu à minha interlocutora.
Normalmente, por feitio, idade e experiência, sou cautelosa em historicamente e retrospectivamente, abarcar o meu juízo sobre esta e qualquer outra matéria, cujos dados se me escapam na sua integralidade. Naturalmente que falo do meu tempo, este vivencial.
Não vá sem acrescentar que apreciei o facto de a candidata ao doutoramento me ter reiterado que intitulara o trabalho de: “Mulheres na Política”… e que portanto estava ciente da eventual ambiguidade, embora em algum momento do desenvolvimento da sua tese gostasse também de encontrar mulher (es) política (s) aqui nas ilhas.
E sobre o facto questionou-me pelas razões desse já tardio e ainda não efectivado aparecimento de mulheres políticas, ou mesmo de líderes partidárias femininas nacionais.
Claro que o momento foi uma oportunidade para ambas discorrermos um pouco sobre os factores condicionadores ou não, inibidores ou não, desse impedimento que revela alguma “pobreza” ou “insuficiência” paritária e democrática entre nós.
Desde as já mais do que sabidas sobrecargas com a casa, o cuidado com a saúde e a alimentação dos filhos (geralmente muitos) e por vezes da família alargada que pendem sobre a mulher, passando pela pobreza, pela iliteracia, pela irresponsabilidade, pela parentalidade precoce, da família monoparental; indo à fuga de responsabilização muito comum do homem, (mas também de jovens mulheres) e da sua ausência e assistência como pai em casa. Lugares-comuns, dir-me-ão. Pois sim, mas infelizmente actuais também.
Ora bem, de tudo um pouco e neste tom, pretextou e substantivou o nosso diálogo na tentativa transversalmente social de, mais uma vez, perceber e justificar razões que ainda e em pleno século XXI entravam muito a qualidade do desenvolvimento social cabo-verdiano que devia assentar primordialmente na família nuclear estruturada e na partilha equilibrada de tarefas vitais como são o cuidado e a educação dos filhos, entre o pai e a mãe.
Termino este apontamento, desejando êxito no resultado final deste trabalho de doutoramento. Mas, do fundo do coração e da razão gostaria que ele, o trabalho, contivesse já entrevistas com as tais “mulheres políticas” pois que tal poderia significar uma evolução libertadora no bom sentido, na condição da mulher crioula…

1 comentários:

Anónimo disse...

Gostei imenso deste artigo, na linha da qualidade a que já nos habituou nos seus artigos anteriores escritos no seu blog. No entanto, permita-me que discorde desta sua afirmação «(...) Na minha opinião, considero que ainda não temos, em Cabo Verde, mulheres políticas...(...)». Pois considero que em Cabo Verde existiram e existem mulheres políticas!
Na política o mero exercício basta para que possamos afirmar estar perante homens ou mulheres políticos. Aliás, o grande mérito da Democracia é permitir que qualquer cidadão possa ser político. O exercício de um cargo político faz da pessoa, um Político! Ainda que este diga que é um tecnocrata, que não é político, não corroboro dessa opinião. Para mim, quem exerce um cargo político, seja de nomeação ou de eleição é político! A qualidade desse mesmo político é uma fase seguinte. Se de facto o político revela falta «de conceptualização que resulta do saber político; de cultura e de liderança políticas» é porque é um Mau político, mas não deixa de ser um político, ou então uma Mulher Política, ainda que de muito má qualidade!
Bem-haja!

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