Acabo de ouvir na rádio, hoje, dia 1 de Junho, o PM e a Ministra das Finanças. Sobre a água, a energia e as promessas de campanha. Fiquei estupefacto. Ainda há três meses, já depois de ter ganho as eleições, o PM confirmara a promessa de atribuir o 13º mês e a melhoria das condições salariais da Função Pública. A Ministra das Finanças acaba de anunciar precisamente o contrário. Pelo menos por agora. Na altura faláramos da insensatez do PM ou do seu desconhecimento da conjuntura internacional e da dependência absoluta de um país cuja produção de riqueza ainda não passara do estádio de reciclagem da ajuda internacional com particular incidência na construção de infra-estruturas. Um sector totalmente dominado por empresas estrangeiras. As infra-estruturas ficam, é certo, embora muitas ultrapassem as nossas reais necessidades e outras não passem de gigantescos elefantes brancos, de um grande logro. Pelos projectos e pelas vias de financiamento e de adjudicação. Mas os lucros e até alguma mão-de-obra básica, saliento básica, da sua construção são “expatriados”. Não vou entrar nos meandros desta perversa engrenagem que serve conhecidos interesses muito bem situados. Alguns até muito mesquinhos.
A minha estupefacção é pelo facto de, ou o PM não conhece minimamente as finanças do país que gere ou é de uma desonestidade compulsiva ao enganar de forma continuada, sistemática e desnecessária o País, alimentando-o de falsas e inúteis expectativas.
A água e a energia são bens essenciais básicos. E a maior cidade do País, cidade-capital, que alberga 25% da sua população vê-se intermitentemente privada desses bens essenciais. E o PM fala de avarias. De “avarias” estruturais dizia a Ministra das Finanças. Uma avaria cheia de tergiversações e que dura há décadas e que só conhece alguma “normalidade” no período das campanhas. Sobretudo das últimas – as de 2006 e de 2011. E é isto que espanta. O facto simples de avarias nessas alturas, e só nessas alturas, em que são inexplicavelmente infrequentes deixarem de ser “avarias” para passarem a ser “sabotagens”. Porquê só nas campanhas?... A pergunta não é só minha.
Mas também fiquei estarrecido ao ouvir o PM demarcar-se da ELECTRA ao encaminhar o jornalista para o gestor da Empresa quanto aquele o interpelou quanto ao mau funcionamento da empresa no cumprimento dos seus objectivos primários - fornecimento de energia e água. Como é? Uma empresa pública sobre a qual o PM considera-se inimputável. Desde quando? Quem nomeia a administração da Empresa? Que me desculpe a interrogação que me parece legítima: Terá sido o PM covarde ou irresponsável ao distanciar-se da administração da ELECTRA contrariando em absoluto o que não fez quando a empresa era privada sob a administração dos portugueses? Em qualquer dos casos é no mínimo bizarro!
Quanto às promessas, só faltou o subsídio de férias para se comparar aos países de maiores regalias sociais do mundo – os europeus. Convenhamos que é de mais para um país que só vive de ajudas!...
Louvo o pragmatismo, o realismo e a frontalidade da Ministra das Finanças de quem gostei muito mais ontem do que hoje. Portanto mais quando era uma técnica na política do que hoje em que defende ou subtiliza posições partidárias.
Duma coisa tenho poucas dúvidas: Com ou sem condições, até o fim do mandato aparecerá o 13º mês. E quem vier a seguir que o pague.
A. Ferreira
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