Aposentado versus Vida activa?...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Li recentemente num comentário – a um artigo de opinião, cujo autor, diga-se de passagem, sempre desassombrado e frontal como o seu estilo já nos habituou – de alguém, possivelmente mais jovem, recomendar-lhe que “gozasse tranquilamente a sua reforma”… insinuando, que se devia manter calado, sem opinar, isto é, sem qualquer actividade de natureza intelectual. É a leitura mais próxima e lógica que se poderá fazer do dito comentário.

Para além do comentário no seu todo ter sido algo incoerente e contraditório, achei-o no particular que aqui me refiro, pouco motivador, para não dizer, pouco elegante ou mesmo, pouco correcta tal conceptualização.

Então o facto de alguém se ter retirado da vida activa de uma determinada profissão ou ofício, com idade e tempo adequados, é certo, mas com lucidez, bagagem e instrumentos intelectuais de análise, dados não só pela sua literacia, teórica e prática aplicadas no trabalho, agora acrescida pela experiência vivida; não poderá mais expressar-se?!

Bem pelo contrário, quer-me parecer que se trata de uma fase de vida, que enquanto durar a capacidade cognitiva, lúcida e contributiva, deverá dela fazer uso. Quer pela pena opinando livremente, pois que sem subordinação a qualquer tipo de pressão que não sejam as suas ideias, as suas reflexões e concepções sobre a sociedade em que está inserido. É esta a prática corrente nos países avançados em que antigos titulares de cargos importantes, na reforma, são chamados para proferir palestras, escrever artigos de opinião, propor soluções de problemas, reflectir sobre a sociedade, entre outras actividades.

Abro aqui um pequeno parêntesis para dizer o seguinte: Pena tenho eu de que não exista ainda nas ilhas, uma Universidade sénior ou instituição similar, pois matricular-me-ia num dos cursos de arte: canto, música ou teatro de que sempre gostei! Fecho o parêntesis e volto ao assunto, para rematá-lo.

Para além do mais, o dito comentário ao Artigo de opinião, pareceu-me imbuído de um juízo de valor pouco democrático, pouco ético.

Ora então agora, “faça o favor de estar caladinho, não opine, sopas e pantufas??” Santa Bárbara!

Tudo isto vai ao arrepio, daquilo que hodiernamente se entende por terceira idade em paragens civilizadas…





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