A ÚLTIMA VAGA

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

 

 

Homenagem a JOSÉ ANDRÉ LEITÃO DA GRAÇA

 

Autor: Júlio Herbert

 

As tuas palavras que se foram ausentando

São tempestades de lágrimas ocultas

Que a dor escondida na tua garganta ressequida

Abafou na esquina da tua inquietude desnudada

Onde transparecem vultos anónimos e prenhes de dor

Reivindicando penosamente a liberdade

II

A tua melodia solitária e silenciosa

Ainda se alimenta dos sonhos que se prenderam

Na miríade de um poder de grades em punho

Para silenciar a dócil canção da liberdade

Ultrajada na última vaga dolorosa do Tarrafal

Onde vozes voltaram a ser amordaçadas

 

III

Há hinos que ainda se escondem no ventre da tua revolta

À espera da alvorada que tarda em se revelar

Mas mesmo que o relógio do tempo não espere

Na nossa alma colectiva e de memória justa

O amanhã será sempre teu onde quer que estejas

Passeando no firmamento ou dormindo o sono dos justos

 

IV

Ainda que não durma, o guerreiro repousa atento

Para ver passar o seu último e valoroso soldado

Empunhando a bandeira da liberdade cantada

Na diversidade de timbres que se soltaram de vez

Para ditar uma aurora de novas tonalidades

Onde as vozes coexistem numa outra unidade

 

Praia, 15 de Setembro de 2015                                            
Júlio Herbert

0 comentários:

Enviar um comentário