Homenagem a JOSÉ ANDRÉ LEITÃO DA GRAÇA
Autor: Júlio Herbert
As tuas palavras que se foram ausentando
São tempestades de lágrimas ocultas
Que a dor escondida na tua garganta ressequida
Abafou na esquina da tua inquietude desnudada
Onde transparecem vultos anónimos e prenhes de dor
Reivindicando penosamente a liberdade
II
A tua melodia solitária e silenciosa
Ainda se alimenta dos sonhos que se prenderam
Na miríade de um poder de grades em punho
Para silenciar a dócil canção da liberdade
Ultrajada na última vaga dolorosa do Tarrafal
Onde vozes voltaram a ser amordaçadas
III
Há hinos que ainda se escondem no ventre da tua revolta
À espera da alvorada que tarda em se revelar
Mas mesmo que o relógio do tempo não espere
Na nossa alma colectiva e de memória justa
O amanhã será sempre teu onde quer que estejas
Passeando no firmamento ou dormindo o sono dos justos
IV
Ainda que não durma, o guerreiro repousa atento
Para ver passar o seu último e valoroso soldado
Empunhando a bandeira da liberdade cantada
Na diversidade de timbres que se soltaram de vez
Para ditar uma aurora de novas tonalidades
Onde as vozes coexistem numa outra unidade
Praia, 15 de Setembro de 2015
Júlio Herbert
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