Fontainhas. Cabo Verde
Santo Antão.
Recebi
do nosso amigo, Rui Jorge Baptista, Geólogo de formação que veio com a mulher,
Fernanda Leite, engenheira de Minas, conhecer a ilha das montanhas. A impressão
captada é de que, Santo Antão é a ilha mais importante e bela em “potencial natural” dada a “paisagem envolvente.”
Creio
que como ele, muitos dos nossos leitores comungam da ideia de que Santo Antão é
a ilha do nosso pequeno Arquipélago aquela que mais impressiona e fascina
pela imponência e pela força telúrica
com que a mãe natureza a dotou. Tomo a liberdade de aqui e logo a seguir,
transcrever a carta que ele tão gentilmente nos enviou:
“(...) como te dissemos
Santo Antão é efetivamente uma ilha que muito nos impressionou,
Tem quase todas as
condições para ser a ilha mais importante do arquipélago, mas no tempo de outra
tecnologia a falta de condições para ter um porto de mar fez com que
fosse menos ocupada, aproveitada e desenvolvida.
Mas das quatro
ilhas que já visitámos em CV esta foi até agora a que maior potencial natural
nos pareceu reunir e que com algum investimento mais poderá crescer.
Mas também reconheço que
esta impressão se baseia em primeiras impressões, nem sempre muito baseadas nem
muito refletidas, sendo portanto uma primeira análise sujeita a
reconsiderações.
Mas se a paisagem e a
envolvente nos impressionou, mais ainda me marcou a capacidade de um povo que
soube adaptar-se às condições naturais e procurou arrumar a casa onde se
instalou para criar condições de vida ainda que por vezes muito
carenciadas.
Das que vimos a aldeia
que mais me impressionou, talvez pela sua envolvente geográfica foi a aldeia de
ALTO MIRA.
A geografica local é
impressionante com relevos alcantilados, com as rochas vulcânicas cineriticas,
mais macias, suportadas por uma rede de filões mais resistentes que atuando
como contrafortes sobressaem nos altos, apontando aos céus e que proporcionam
uma paisagem simplesmente maravilhosa.
A conjugação destes
relevos altos e a presença de formações rochosas mais alteráveis proporcionam
condições para haver um abaixamento de temperaturas nos altos que propiciam
condensação das humidades maritimas e causam uma maior precipitação a qual
favorece o desenvolvimento de solos. Devido à morfologia e ao regime de
precipitação por vezes muito concentrado o solos poderão ter tendência para
serem arrastados para os vales e para o mar quando ocorrerem as chuvadas mais
intensas que sendo fonte de vida são também agentes da erosão e da destruição.
Mas o povo que ocupou a
ilha soube com o seu suor criar condições para minimizar e domar os efeitos dos
agentes naturais construindo sistemas de suporte de terras e contenção de água.
E isso é bem visível nos enormes muros de suporte que protegem estreitas faixas
de solo, insistente e repetidamente cultivado, e que são preparadas nos tempos
mais secos para que quando a chuva vier haja já nelas sementes prontas a
germinar.
Junto duas fotos
que tirei.
Não serão grandes peças
fotográficas mas são demonstrativas do que acabei de dizer.
Por um lado mostra o
povo preparando os solos e semeando porque como lá diziam, em breve iria chover
e as sementes já teriam de estar na terra, para não perderem tempo no seu
desenvolvimento.
Por outro lado mostram
todo o trabalho que foi necessário fazer para que efetivamente cada palmo
de terra fosse conquistado e protegido.”
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