Em Tempo de crise...

segunda-feira, 20 de abril de 2020


Em tempo de crise, o isolamento social, o silêncio à volta de nós, em suma o confinamento, convida-nos à reflexão, à introspecção, a pensar nos nossos familiares e amigos - porque físicamente afastados uns dos outros  -  com mais pormenores, com mais atenção às particularidades pessoais de cada um deles e, sobretudo, a relevar aquilo que em tempos ditos normais, consideraríamos faltas e falhas da  humanidade de cada um.
Em tempo de crise, apanho-me a pensar também neste Continente tão desgraçado em matéria de saúde pública e que se dá pelo nome de África!
Em tempo de pandemia, quando ouço em documentários feitos por organismos internacionais, de que alguns países não possuem suportes mínimos de vida nos seus hospitais, o caso exemplificado foi o da Serra Leoa que apenas possui três ventiladores no seu maior Hospital!... Questiono e pergunto-me se os Presidentes da República ou, os Chefes de Estados africanos, visitaram alguma vez, as estruturas de Saúde dos seus  países?...duvido que o façam. Também não necessitam. Pudera! as antigas Metrópoles irão tratá-los de certeza em caso de qualquer mal-estar. Os hospitais nacionais são para o “nosso povo,” como ufanamente proclamam! E para quem é, meia...
Tantos anos de independência dos seus países! E os investimentos na Saúde, continuam como se vê! Secundarizados e relegados para planos minoritários em termos de aplicação, e sem dar mostra de qualquer prioridade, no desenvolvimento nacional de cada um dos Estados africanos. As estatísticas mundiais falam e não calam a desgraça do que por aí vai...
Em tempo de crise, é flagrante e bem visível  que a Saúde é a  maior fragilidade, a par da Educação – embora este último sector venha  já conhecendo em alguns países, melhor evolução - dos Estados africanos soberanos, muito deles, há mais de cinco décadas. Outros, muito perto disso.
Países sem Educação e sem Saúde estão condenados ao subdesenvolvimento. Sei que é de “la Palice”. Mas nunca é de mais reiterar a pesada sentença.
Em tempo de pandemia convém recordar e fazer sobressair que África é uma doente crónica - algumas epidemias são constantes e outras sazonais, nos seus países. Veja-se a malária, a cólera, a ebóla, para só citar os que mais ceifam a vida aos seus naturais - E o que vem ao de cima, e que é mais gritante e notória é a incapacidade da Saúde africana, no geral, para conter, para tratar qualquer doença chamada comunitária, epidémica, pandémica, ou outra, em estabelecimentos hospitalares apetrechados ou, em estruturas de saúde, condignas.
Em tempo de crise, percebe-se infelizmente de que os governos africanos, no geral, haverá algumas excepções, não se preocuparam muito com a saúde dos seus compatriotas, pois, pudera!  Reitero, os chefes, os presidentes, ao mínimo mal-estar zarpam  para a Europa, para os Estados Unidos e mesmo para a China, onde são tratados. Alguns, até principescamente, sem que nenhum cuidado médico lhes falte!. Como se  hão-de  preocupar com a saúde dos outros que os elegeram? Claro! Que não! O resto não conta muito...
Para quando estudos, investigadores, comunidade científica de facto, a trabalhar em laboratórios e em centros de investigação em África?... em que países os encontraremos? A investigar e a tentar descobrir a cura para as doenças tropicais? Onde estão? Não se apresentam?
Gostaria de estar enganada. Infelizmente continuo afropessimista...
Em tempo de crise, desejo aos cidadãos anónimos ainda vivos e saudáveis nos países africanos e que vivem precariamente e sempre com o “credo na boca” diariamente, que tenham a sorte de não serem apanhados nesta voragem do maldito corona vírus.
 Distingui os cidadãos dos países africanos, porque são os que têm menos protecção na saúde, em termos comparativos com o resto do mundo. Claro! que os meus desejos neste tempo de crise, abarcam e abraçam - planetariamente  - todos. 

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