Em
tempo de crise, o isolamento social, o silêncio à volta de nós, em suma o
confinamento, convida-nos à reflexão, à introspecção, a pensar nos nossos
familiares e amigos - porque físicamente afastados uns dos outros - com
mais pormenores, com mais atenção às particularidades pessoais de cada um deles
e, sobretudo, a relevar aquilo que em tempos ditos normais, consideraríamos
faltas e falhas da humanidade de cada
um.
Em
tempo de crise, apanho-me a pensar também neste Continente tão desgraçado em
matéria de saúde pública e que se dá pelo nome de África!
Em
tempo de pandemia, quando ouço em documentários feitos por organismos
internacionais, de que alguns países não possuem suportes mínimos de vida nos
seus hospitais, o caso exemplificado foi o da Serra Leoa que apenas possui três
ventiladores no seu maior Hospital!... Questiono e pergunto-me se os
Presidentes da República ou, os Chefes de Estados africanos, visitaram alguma
vez, as estruturas de Saúde dos seus
países?...duvido que o façam. Também não necessitam. Pudera! as antigas
Metrópoles irão tratá-los de certeza em caso de qualquer mal-estar. Os
hospitais nacionais são para o “nosso povo,” como ufanamente proclamam! E para
quem é, meia...
Tantos
anos de independência dos seus países! E os investimentos na Saúde, continuam
como se vê! Secundarizados e relegados para planos minoritários em termos de
aplicação, e sem dar mostra de qualquer prioridade, no desenvolvimento nacional
de cada um dos Estados africanos. As estatísticas mundiais falam e não calam a
desgraça do que por aí vai...
Em
tempo de crise, é flagrante e bem visível que a Saúde é a maior fragilidade, a par da Educação – embora este
último sector venha já conhecendo em
alguns países, melhor evolução - dos Estados africanos soberanos, muito deles,
há mais de cinco décadas. Outros, muito perto disso.
Países
sem Educação e sem Saúde estão condenados ao subdesenvolvimento. Sei que é de “la
Palice”. Mas nunca é de mais reiterar a pesada sentença.
Em
tempo de pandemia convém recordar e fazer sobressair que África é uma doente
crónica - algumas epidemias são constantes e outras sazonais, nos seus países.
Veja-se a malária, a cólera, a ebóla, para só citar os que mais ceifam a vida
aos seus naturais - E o que vem ao de cima, e que é mais gritante e notória é a
incapacidade da Saúde africana, no geral, para conter, para tratar qualquer
doença chamada comunitária, epidémica, pandémica, ou outra, em estabelecimentos
hospitalares apetrechados ou, em estruturas de saúde, condignas.
Em
tempo de crise, percebe-se infelizmente de que os governos africanos, no geral,
haverá algumas excepções, não se preocuparam muito com a saúde dos seus
compatriotas, pois, pudera! Reitero, os
chefes, os presidentes, ao mínimo mal-estar zarpam para a Europa, para os Estados Unidos e mesmo
para a China, onde são tratados. Alguns, até principescamente, sem que nenhum
cuidado médico lhes falte!. Como se
hão-de preocupar com a saúde dos
outros que os elegeram? Claro! Que não! O resto não conta muito...
Para
quando estudos, investigadores, comunidade científica de facto, a trabalhar em
laboratórios e em centros de investigação em África?... em que países os
encontraremos? A investigar e a tentar descobrir a cura para as doenças
tropicais? Onde estão? Não se apresentam?
Gostaria
de estar enganada. Infelizmente continuo afropessimista...
Em
tempo de crise, desejo aos cidadãos anónimos ainda vivos e saudáveis nos países
africanos e que vivem precariamente e sempre com o “credo na boca” diariamente,
que tenham a sorte de não serem apanhados nesta voragem do maldito corona
vírus.
Distingui os cidadãos dos países africanos,
porque são os que têm menos protecção na saúde, em termos comparativos com o
resto do mundo. Claro! que os meus desejos neste tempo de crise, abarcam e
abraçam - planetariamente - todos.
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