A Mulher e a Educação

quarta-feira, 13 de março de 2024

 


Por que estamos no mês de Março que se convencionou ser o mês da Mulher, gostaria de lembrar às adolescentes e às jovens mulheres cabo-verdianas que um dos melhores caminhos para se atingir a plenitude dos direitos que nos estão consignados, é exactamente o caminho que se trilha através da educação, da escolarização plena e da literacia.

Felizmente, aqui nas nossas ilhas, as meninas de uma forma geral, não sofrem qualquer tipo de impedimento em frequentar escola. A escola pública em Cabo Verde esteve sempre aberta tanto aos rapazes como às raparigas.

Sim, nós nunca estivemos - felizmente - nesse patamar de condicionar a frequência escolar feminina . O impedimento, e que existia no antigamente, era o de não haver escola pública em todas as regiões do Arquipélago. A partir do momento em que as escolas se multiplicaram para todos os cantos do país, imediatamente o número de raparigas superou (ou não fossem elas, 52% da população do país) largamente, o dos rapazes, frequentando a mesma escola.

Recordo-me, quando na vida activa, e na Educação, quando participávamos em reuniões internacionais, com países africanos, as nossas estatísticas relativas, concernentes à frequência escolar total, (rapazes e raparigas no sistema escolar obrigatório) eram sempre e de longe - nas devidas proporções - superiores aos dos restantes países desta costa africana, sobretudo, daqueles cuja religião, usos e costumes, constituem verdadeiros empecilhos à educação formal da mulher.

Daí que, e continuando, exorto as nossas adolescentes e jovens a não pararem a meio do caminho por causa de uma acidental e indesejável gravidez precoce, que não se deixem ficar para trás, que se apliquem mais, para assim alcançarem uma mais completa escolarização.

Que tenham brio e que lutem para atingirem uma boa realização pessoal e social na vida. São estes os meus votos, neste mês de Março, para a mulher adolescente e jovem cabo-verdiana, do século XXI.

Tem sido dito de modo reiterado, que uma das melhores formas de se chegar à igualdade e ao gozo pleno dos nossos direitos é através da educação das mulheres, nesta ocasião, e saindo de Cabo Verde, expresso a minha grande admiração à activista - activista verdadeira e com letras maiúsculas - a Nobel da Paz, paquistanesa, a jovem Malala Yousefzai, que enfrentou e foi ferida pelas balas dos temíveis Talibans, por ter defendido, perante o mundo, a educação das raparigas do seu país.

Para terminar este escrito, aproveitava a oportunidade e mencionava as notícias e as estatísticas que nos dão conta, da submissão, da violência a que estão ainda sujeitas no século XXI as mulheres negras, convém frisar que isso se passa nos países delas, nas cidades e nas aldeias africanas e perpetrados pelo homem africano que as subjugam e as maltratam como se fossem objecto, pertença dele e em nome de valores que nos são estranhos.

Portanto, todo esse sofrimento e violência de que tanto se fala sobre “milhões” de mulheres negras, serão da responsabilidade da sua respectiva contraparte masculina africana, das sociedades em que estão inseridas e delas também.

Logo, será indo aos países africanos, à sua organização social, ao tipo de religião predominante e aos respectivos governos, para se colocar como deve ser o problema da desigualdade feminina que vigora – infelizmente, com notável grandeza - em quase todo o Continente africano.

1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Foi um gosto ler este texto, em que, a propósito do Dia da Mulher, a autora, Drª Ondina Ferreira, faz um excelente ponto de situação, abordando com clareza e eficácia todos os ângulos da problemática da condição feminina. Sim, foram dados passos importantes na escolarização. Mas penso que ainda há um caminho a percorrer para uma melhor dignificação da condição feminina, sobretudo nas camadas mais jovens e nos estratos sociais mais baixos.

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