Por
que estamos no mês de Março que se convencionou ser o mês da Mulher, gostaria
de lembrar às adolescentes e às jovens mulheres cabo-verdianas que um dos
melhores caminhos para se atingir a plenitude dos direitos que nos estão
consignados, é exactamente o caminho que se trilha através da educação, da
escolarização plena e da literacia.
Felizmente,
aqui nas nossas ilhas, as meninas de uma forma geral, não sofrem qualquer tipo
de impedimento em frequentar escola. A escola pública em Cabo Verde esteve
sempre aberta tanto aos rapazes como às raparigas.
Sim,
nós nunca estivemos - felizmente - nesse patamar de condicionar a frequência
escolar feminina . O impedimento, e que existia no antigamente, era o de não
haver escola pública em todas as regiões do Arquipélago. A partir do momento em
que as escolas se multiplicaram para todos os cantos do país, imediatamente o
número de raparigas superou (ou não fossem elas, 52% da população do país) largamente,
o dos rapazes, frequentando a mesma escola.
Recordo-me,
quando na vida activa, e na Educação, quando participávamos em reuniões
internacionais, com países africanos, as nossas estatísticas relativas,
concernentes à frequência escolar total, (rapazes e raparigas no sistema
escolar obrigatório) eram sempre e de longe - nas devidas proporções - superiores
aos dos restantes países desta costa africana, sobretudo, daqueles cuja
religião, usos e costumes, constituem verdadeiros empecilhos à educação formal
da mulher.
Daí
que, e continuando, exorto as nossas adolescentes e jovens a não pararem a meio
do caminho por causa de uma acidental e indesejável gravidez precoce, que não
se deixem ficar para trás, que se apliquem mais, para assim alcançarem uma mais
completa escolarização.
Que
tenham brio e que lutem para atingirem uma boa realização pessoal e social na
vida. São estes os meus votos, neste mês de Março, para a mulher adolescente e
jovem cabo-verdiana, do século XXI.
Tem
sido dito de modo reiterado, que uma das melhores formas de se chegar à
igualdade e ao gozo pleno dos nossos direitos é através da educação das
mulheres, nesta ocasião, e saindo de Cabo Verde, expresso a minha grande
admiração à activista - activista verdadeira e com letras maiúsculas - a Nobel
da Paz, paquistanesa, a jovem Malala Yousefzai, que enfrentou e foi ferida
pelas balas dos temíveis Talibans, por ter defendido, perante o mundo, a
educação das raparigas do seu país.
Para
terminar este escrito, aproveitava a oportunidade e mencionava as notícias e as
estatísticas que nos dão conta, da submissão, da violência a que estão ainda
sujeitas no século XXI as mulheres negras, convém frisar que isso se passa nos
países delas, nas cidades e nas aldeias africanas e perpetrados pelo homem
africano que as subjugam e as maltratam como se fossem objecto, pertença dele e
em nome de valores que nos são estranhos.
Portanto,
todo esse sofrimento e violência de que tanto se fala sobre “milhões” de mulheres
negras, serão da responsabilidade da sua respectiva contraparte masculina
africana, das sociedades em que estão inseridas e delas também.
Logo,
será indo aos países africanos, à sua organização social, ao tipo de religião
predominante e aos respectivos governos, para se colocar como deve ser o
problema da desigualdade feminina que vigora – infelizmente, com notável
grandeza - em quase todo o Continente africano.
1 comentários:
Foi um gosto ler este texto, em que, a propósito do Dia da Mulher, a autora, Drª Ondina Ferreira, faz um excelente ponto de situação, abordando com clareza e eficácia todos os ângulos da problemática da condição feminina. Sim, foram dados passos importantes na escolarização. Mas penso que ainda há um caminho a percorrer para uma melhor dignificação da condição feminina, sobretudo nas camadas mais jovens e nos estratos sociais mais baixos.
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