O Dia do Professor Cabo-verdiano

domingo, 24 de abril de 2016

 
Creio que se comemorou este ano, o Dia do Professor Cabo-verdiano, 23 de Abril, na maior discrição. Eu pelo menos, não dei por nada. Bem, se calhar, se eventos houve, aconteceram no interior das escolas. E se assim foi ainda bem!

Esta efeméride, para além de todo o simbolismo nela contido, é sempre um convite à reflexão. Uma reflexão sobre o perfil e o papel do professor aqui em Cabo Verde.

Sim, que papel ou papéis lhe estão e lhe estarão destinados nesta nossa tão desregulada sociedade? Apenas o de debitar a matéria como manda o programa da disciplina que tem em mãos?  De cumprir a totalidade dos itens semestrais, e/ou anuais? Sim, e não só, mas também o de deixar a sua marca de  mestre.

É isso mesmo que escrevi: a sua marca de mestre. De educador, de pedagogo, de Homem de cultura. Será pedir de mais? Voltamos ao antigamente da vida? Hão-de me perguntar. Na verdade era o que me apetecia. Sobretudo nesta altura em que sou apanhada por uma espécie de nostalgia bem negativista, dado o estado do nosso ensino, e o perfil de saída secundária e universitária dos alunos.  Excepções à parte. Mas o geral, deixa muito a desejar.

 Se pensarmos  no perfil de entrada dos alunos, a maioria provinda de família disfuncional e monoparental, com etapas queimadas em termos de socialização educadora básica, ausência gritante de muita informação que se obtém em seio familiar nuclear, a questão que se põe também ao  professor, à escola, será o como formar este perfil infanto/juvenil assim descrito e recorte maior na sociedade cabo-verdiana?

Mas na verdade a ideia de mestre surgiu-me por uma série de associações de ideias. Permitam-me a repetição.

Uma delas tem a ver com o passamento recente do professor António Saint’Aubyn, natural da ilha de S. Nicolau e catedrático das ciências matemáticas, da Universidade de Coimbra. Que terá deixado certamente, a sua marca de mestre. Lá voltamos nós.

Através dele, recuei até 2007, ano em que se comemorou merecidamente o centenário do nascimento de Baltazar Lopes da Silva, o patrono do Dia do Professor cabo-verdiano,. Recordemos que o nosso autor consagrado Baltazar Lopes da Silva, nasceu a 23 de Abril de 1907.

 Lembro-me dos vários eventos organizados pelo então Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava , Amílcar Spencer Lopes e a sua equipa. Foram momentos de altíssima qualidade. Com diversas intervenções  bem sucedidas, sobre o professor, o escritor, o poeta, o filólogo e o humanista, Baltazar Lopes da Silva. Intervieram entre outros,  Alberto de Carvalho, conhecido biógrafo de B.L.S. Leão Lopes, autor do livro, «Baltazar Lopes – um homem arquipélago, na linha de todas as batalhas».

Pois bem, coube precisamente ao antigo aluno de B. Lopes da Silva, António Saint’Aubyn, falar do perfil do seu saudoso professor.

E o Professor Saint’Aubyn fê-lo de uma forma em que combinou harmoniosamente a simplicidade e a magistralidade, numa oratória cativante.

É nessa linha de professor/pedagogo para o ensino básico, liceal e mais, educador no melhor sentido da palavra que a escola cabo-verdiana ainda necessita, pois infelizmente a pertença a um lar estruturador e estruturado para a formação da criança é  infelizmente, excepção nestas ilhas nos dias que correm.

Era apenas isso que me ocorreu recordar, no dia do Professor cabo-verdiano.

 

 

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