Esta
efeméride, para além de todo o simbolismo nela contido, é sempre um convite à reflexão.
Uma reflexão sobre o perfil e o papel do professor aqui em Cabo Verde.
Sim,
que papel ou papéis lhe estão e lhe estarão destinados nesta nossa tão
desregulada sociedade? Apenas o de debitar a matéria como manda o programa da
disciplina que tem em mãos? De cumprir a
totalidade dos itens semestrais, e/ou anuais? Sim, e não só, mas também o de
deixar a sua marca de mestre.
É
isso mesmo que escrevi: a sua marca de mestre. De educador, de pedagogo, de
Homem de cultura. Será pedir de mais? Voltamos ao antigamente da vida? Hão-de
me perguntar. Na verdade era o que me apetecia. Sobretudo nesta altura em que
sou apanhada por uma espécie de nostalgia bem negativista, dado o estado do
nosso ensino, e o perfil de saída secundária e universitária dos alunos. Excepções à parte. Mas o geral, deixa muito a
desejar.
Mas
na verdade a ideia de mestre surgiu-me por uma série de associações de ideias. Permitam-me
a repetição.
Uma
delas tem a ver com o passamento recente do professor António Saint’Aubyn,
natural da ilha de S. Nicolau e catedrático das ciências matemáticas, da
Universidade de Coimbra. Que terá deixado certamente, a sua marca de mestre. Lá
voltamos nós.
Através
dele, recuei até 2007, ano em que se comemorou merecidamente o centenário do
nascimento de Baltazar Lopes da Silva, o patrono do Dia do Professor cabo-verdiano,.
Recordemos que o nosso autor consagrado Baltazar Lopes da Silva, nasceu a 23 de
Abril de 1907.
Lembro-me dos vários eventos organizados pelo
então Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava , Amílcar Spencer Lopes e
a sua equipa. Foram momentos de altíssima qualidade. Com diversas intervenções bem sucedidas, sobre o professor, o escritor, o
poeta, o filólogo e o humanista, Baltazar Lopes da Silva. Intervieram entre
outros, Alberto de Carvalho, conhecido biógrafo de B.L.S. Leão Lopes, autor
do livro, «Baltazar Lopes – um homem arquipélago, na linha de todas as
batalhas».
Pois
bem, coube precisamente ao antigo aluno de B. Lopes da Silva, António
Saint’Aubyn, falar do perfil do seu saudoso professor.
E o
Professor Saint’Aubyn fê-lo de uma forma em que combinou harmoniosamente a
simplicidade e a magistralidade, numa oratória cativante.
É
nessa linha de professor/pedagogo para o ensino básico, liceal e mais, educador
no melhor sentido da palavra que a escola cabo-verdiana ainda necessita, pois
infelizmente a pertença a um lar estruturador e estruturado para a formação da
criança é infelizmente, excepção nestas
ilhas nos dias que correm.
Era
apenas isso que me ocorreu recordar, no dia do Professor cabo-verdiano.
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