quarta-feira, 22 de março de 2023

 

À atenção do Leitor:

Copiei o texto para o “Blog” porque se trata de uma notícia com interesse para os que estudam a Língua portuguesa nos seus curricula escolares e para aqueles que lhe atribuem importância como língua veicular do Ensino em Cabo Verde. Uma boa preparação do aluno na disciplina de Português é meio caminho bem andado para o acesso ao ensino superior, quer dentro e quer fora do país. E neste último caso, gostaria de referir com real destaque, as universidades portuguesas que são a maior demanda de alunos cabo-verdianos. Neste momento, 2023, estão mais de 1000 alunos cabo-verdianos a estudar em Institutos Politécnicos e em Universidades em Portugal. Tem sido a primeira escolha para as vagas que o Departamento de Formação do Ministério da Educação de Cabo Verde põe à disposição de candidatos que terminam com sucesso o ensino secundário.

Daí a relevância que ganham a oralidade e a escrita da nossa Língua segunda na Escola Pública nacional. E no momento actual, ganha maior importância para os nossos futuros estudantes universitários, com a recente institucionalização em alguns Estados americanos, como disciplina de acesso aos estudos superiores.

Tudo isto para afirmar que – no caso ilustrado no texto - se o aluno cabo-verdiano terminasse com boa preparação em Língua portuguesa, durante os seus estudos secundários, aqui em Cabo Verde e, estando nos Estados Unidos (como muitos fazem, atendendo à chamada de familiares, sobretudo o aluno oriundo da ilha do Fogo e da ilha Brava) após o término do 12º Ano, poderia aproveitar esta oportunidade de a Língua portuguesa ser  -nomeadamente, no Estado da Nova Inglaterra, e no Estado da Califórnia - uma das disciplinas que confere créditos para o acesso ao Ensino Superior. Inscrever-se-ia na referida disciplina, e aumentaria assim, as probabilidades de um início universitário nos Estados Unidos.

Por tudo isto, convido o leitor a ler o texto que se segue.

 

 

 

 

 

Exame de Português para acesso a universidades

nos EUA tem recorde de inscritos

O exame de português do National Examinations in World

Languages (NEWL), que confere créditos para acesso ao ensino

superior norte-americano, registou um recorde de alunos inscritos e é

já o idioma líder nesse segmento, segundo fontes oficiais.

 

Em declarações à Lusa, o coordenador do ensino português nos Estados

Unidos da América (EUA), João Caixinha, afirmou que já se inscreveram

577 alunos para a realização do exame, pelo que o número ainda deverá

aumentar, uma vez que as inscrições decorrem até ao final do mês.

As inscrições abriram no dia 01 de Março e em nove dias tivemos esta

excelente notícia por parte da American Councils for International

Education;, que é a organização que desenvolveu estes exames em

diversas línguas (...) com um programa do College Board;,que confere os

créditos de acesso ao ensino superior nos Estados Unidos. E realmente o

português, neste momento, é a língua líder nestes exames do NEWL,

explicou Caixinha.

 

Ao ter o maior número de inscrições até ao momento, o português

ultrapassou as restantes línguas que integram o NEWL, nomeadamente o

russo, o coreano e o árabe.

No ano passado, cerca de 300 alunos inscreveram-se para este exame de

português nos EUA.

De acordo com João Caixinha, a grande adesão registada este ano é fruto

de um trabalho e investimento que vêm sendo feitos ao longo dos últimos

anos por entidades que vão desde o instituto Camões, à Fundação Luso-

Americana para o Desenvolvimento (FLAD), passando pela rede

diplomática e consular nos EUA, e pela equipa de Coordenação do Ensino

de Português (CEPE-EUA).

Não é um projecto que começou agora. Portanto, começa a dar frutos

agora. E vemos isso porque há um maior interesse por parte das escolas

públicas, dos distritos escolares, de várias áreas do país. Não estamos a

falar apenas da região da Nova Inglaterra, estamos também a falar da

Califórnia, por exemplo. Só uma das escolas, em Tulare, tem 134 alunos

inscritos para este exame, o que é uma coisa inédita, sublinhou.

Outro dos estados norte-americanos onde a adesão está a ser significativa

é no Utah, onde foi celebrado um memorando de entendimento com o

Instituto Camões para reforçar o ensino da língua portuguesa e onde já

cerca de 2.600 alunos aprendem o idioma, de acordo com João Caixinha.

 

Os exames NEWL avaliam as competências linguísticas - compreensão

de texto, compreensão oral, produção escrita e produção oral - dos alunos

a partir do 9.º ano - quando podem realizar o exame para testar as suas

capacidades e conhecimentos -, até ao 12.º ano, quando podem usar o

exame para conseguir créditos de acesso ao ensino superior.

 

O exame de português NEWL está agendado para 26 de Abril e o valor da

inscrição é de 97 dólares (cerca de 91 euros).

Para os alunos que não puderem realizar o exame nessa data, haverá

uma segunda chamada em 28 e 29 de Abril, com o valor da inscrição a

passar para os 142 dólares (134 euros).

Tal como em edições anteriores, o exame também poderá ser realizado

no estrangeiro, sendo que o valor é de 140 dólares (131 euros).

Os estudantes portugueses ou lusodescendentes que se candidatem ao

exame de português do NEWL podem concorrer às 87 bolsas que o

Camões e a FLAD irão atribuir, e que totalizam 8.000 euros.

A edição de 2023 do exame será realizada em formato presencial nas

escolas (...), em articulação com os distritos escolares e com garantia de

qualidade por parte do College. Esta edição contará com uma

maior participação de estudantes das escolas comunitárias portuguesas

(regime paralelo) e uma grande percentagem de estudantes que

aprendem o nosso idioma nas escolas norte-americanas (regime integrado

do português), onde também residem fortes comunidades de expressão

portuguesa, indicou a CEPE-EUA em comunicado.

Lusa

Publicado 18 Mar, 2023, 10:43

1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Bem, perante esta notícia, devem estar decepcionados os que consideram que o crioulo tem o pleno direito e todas as condições de ordem linguística para disputar com o português a paridade na atribuição dessa prerrogativa.
Direito tem, ou teria, se a realidade fosse outra e não o produto de um simples devaneio. Condições talvez houvesse se o crioulo fosse, tal como o português, uma língua falada aproximadamente por 280 milhões de falantes, a 5.ª língua mais falada no mundo, a 3.ª mais falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul do planeta. Mas não, a falar crioulo somos apenas 926.000, nas nossas ilhas e na emigração.
Mas o curioso é que podemos privilegiar e aprimorar a nossa competência em português e ao mesmo tempo conservar intacto o nosso imaginário crioulo, já que é o que genuinamente retém as vivências da nossa infância e adolescência. Elas são fortíssimas e permanecem inabaláveis na memória.
Ainda esta tarde, estava eu numa farmácia em Tomar e vi entrar um casal de jovens que me pareceram, apesar do seu fenótipo marcadamente africano, cabo-verdianos. Seriam ou de Santiago ou do Fogo, mas inclino-me mais para este último. Isto porque falaram entre si num crioulo mais foguense que santiaguense ( há uma diferença). Transportavam uma tina para banhar bebé e estavam a observar biberons expostos numa vitrina, o que me fez calcular que tinham acabado de ser pais. Não me pareceram estudantes do Instituto Politécnico local, mas sim trabalhadores emigrantes.
Olhei para eles com um não sei quê de ternura e reprimi o impulso de lhes falar e perguntar se eram meus conterrâneos. Quando se é avô, quase bisavô, este tipo de sentimento e impulso torna-se mais comum e instantâneo, embora por vezes correndo-se o risco de ser-
se mal interpretado. Podiam responder: ca cuza bu tem co isso? (a Ondina que me corrija esta grafia de crioulo supostamente foguense). Estou convencido que se por cá continuarem habituar-se-ão ao português, mais tarde ou mais cedo. Viveu cá em Tomar desde 1965 o futebolista (jogava no União de Tomar) conhecido por Totói Mãozinha. Mais velho que eu uns 4 ou 5 anos, era pessoa muito considerada (morreu há uns 3 anos), tanto que a Câmara Municipal atribuiu ao estádio municipal local o seu nome: Estádio António Fortes. Conheci-o ainda em S. Vicente, pois jogou no Mindelense antes de se transferir para Portugal como futebolista.
Bem, falei muito e peço desculpa.
Adriano Lima

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