A casa da infância…

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Tal como diz a personagem «Chiquinho» personagem do romance homónimo de Baltazar Lopes da Silva, «vivi em muitas casas…» umas muito boas, outras, nem tanto, mas nada como a casa da nossa infância! As palavras não serão exactamente as mesmas do romance, daí a dispensa das aspas na frase restante. Mas o conceito, a ideia e o sentimento nelas inscritos serão estes que retive e apreendi do romance citado.
Ora isto, em escala variável, acontece comigo e com esta casa dos Mosteiros.
Todas as vezes que nela entro é um regresso a um passado rico de memórias, de vozes, de preceitos, de regras, algumas rígidas mas que nos guiaram na vida, e de muito afecto também. Memórias de tanta coisa!
Não me canso de a admirar na sua velhice e na sua vetustez respeitáveis. Venero-a como a um templo.
Há qualquer coisa de sagrado nestas paredes grossas, nesta volumetria imensa de telha, de cimento e que já foi de madeira também. O interior da casa convida ao silêncio. A velha sala de visitas não tolera uma telefonia em altos berros. Tudo aqui convida ao murmúrio para que a paz interior seja parte da estada nela.
Da mesma forma, cada peça que nela está - da maior à mais pequena - grande parte dela, é mais, ou quase centenária. É o velho filtro de água, é o velho relógio de corda da parede, são as velhas camas de ferro forjado, o vetusto guarda-loiças, o antiquíssimo e pesado cofre, o guarda-vestidos (por rearmar) a antiga secretária e a escrivaninha dos meus “velhos,” assim também alguns antigos quadros que ainda emolduram as paredes e fundos de bandejas pintados pela minha mãe, sei lá! …
Enfim, tudo ou quase tudo, vem do tempo dos avós, dos pais e chegaram até nós carregados de histórias de família de grandezas e de fraquezas, de coisas íntimas e de afectos que se destinam a ser preservados.
O valor dela (a casa) reside nisto: Tem alma! Tem raça! E tem classe!
Por favor, conservemo-la!








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