Arsénio
Fermino de Pina, seu autor, traz ao
leitor nesta obra, um conjunto estruturado de artigos, de crónicas, sobre os
mais diversos assuntos, com interesse geral e com especial interesse sobre a
«res publica» cabo-verdiana.
Com
efeito, trata-se de um acervo de temas actuais, cada um deles desenvolvido de
forma judicativa e bastante assertiva (ponto de vista de uma leitora) - em que o
autor lançou um olhar crítico construtivo, sempre construtivo, mesmo nas vezes
em que ele parece estar já «agastado» e muito irónico, de tanto repetir e não
ser ouvido por quem de direito. “es ca tá ouvi’!” Entre outras exclamações, a
revelar já cansaço e alguma impaciência do remetente, escritor, de tanto bater
na mesma tecla e sem resultado algum.
Interessante é que todos eles - os temas - têm
como fundo comum: a ética, o saber, e sobretudo, o saber fazer. Aliás, não é
por acaso que o autor sentiu a necessidade de intitular alguns artigos de: “ Da
responsabilidade, da ética e do saber fazer” página 55. “ Do Diálogo e da
Ética” página 69. E retoma em: “Ainda do Diálogo e da ética”, página 105 e
página 111.
Ora
bem, há assuntos que lhe são caros, o da regionalização, por exemplo. Esta
matéria ocupa um largo espaço de reflexão no livro. Muito dos textos aqui
publicados são sobre a regionalização, sob vários ângulos de abordagem, conducentes sempre a uma visão ou, a um
resultado altamente positivo no desenvolvimento do país. “A mal-amada regionalização” como afirma a determinada altura. Todos sabemos que o Dr. Arsénio de Pina está
na linha da frente, ao lado dos que são defensores da regionalização. O seu
ponto de vista é claro e sem titubeios.
Claro, que os temas desenvolvidos não ficaram por aqui, «Escutai as Vozes do Bom
Senso» previne também o leitor de forma séria sobre a saúde. Vide: “Da
degradação do exame clínico e do custo da saúde” página 77... ou não fosse o
autor médico, experiente e sabedor do que está a falar.
Avisos
sérios são feitos também ao leitor sobre o
charlatanismo que infelizmente grassa em meios de seitas ditas religiosas.
Leia-se o texto: “Efeitos colaterais da crise actual” página 81, para nos
apercebermos daqueles homens que “andam a catar dízimo e a angariar crentes” tudo isso envolto em fundamentalismos
religiosos, em ameaças apocalípticas, se não acatarmos “o primitivismo das suas argumentações.” O autor dissecou-os bem, sabendo que infelizmente
estas ilhas estão infestadas disso. Igualmente, Dr. Arsénio de Pina, estende os
alertas a outros campos, ao do consumidor,
(vide: “Do Dia Mundial do Consumidor” página 279, a que se junta
sequencialmente temático, o texto: “Papo Desopilante, ma Non Troppo”, página
327, nelas critica assertivamente aquilo que não tem sido observado em prol do
consumidor, incluídos nessa crítica estão nomeadamente, deputados e governantes que não fazem cumprir leis já
inscritas no nosso ordenamento jurídico e que defendem o consumidor. Acrescento
da minha lavra que o consumidor nestas ilhas está entregue “à bicharada.”
Relevem-me a expressão tão desabrida...
Mas ao «Escutai as Vozes do Bom Senso» não
faltou igualmente a bonomia bem humorada
e solidária ,
patenteada na crónica intitulada: ”Um dos meus tipos inesquecíveis” em que o autor
nos recorda uma das figuras bem castiças mindelenses, “João da Mata Costa vulgo Damatinha” página 87.
A
nossa Língua Portuguesa, (páginas 211 e 215) mereceu da parte deste autor
tratamento excelente e de que muito se necessita entre nós.
Por
último, e longe de ser “the least,” deixei para o fim os assisados recados e os
autênticos “puxões de orelha” que ele envia e dá à classe política, mais
concretamente, a quem governa. Sobre
isso, vale a pena ler, recomendo os seguintes artigos: “ Visita Guiada a S.
Vicente”, (pág.25) “ Das Declarações do Primeiro Ministro a S. Vicente,” (pág.
45) “Água Mole em Pedra Dura” (pág. 45), “Salpicos de Direito e Bom Senso”
(pág. 229).
Enfim,
o leitor encontrará nas páginas do livro, assuntos, todos eles de grande
interesse, de agradável leitura e que dizem particular respeito aos viventes deste país insular.
Podemos concordar, ou não, mas certamente não deixaremos de tirar o chapéu ao
autor pela profundidade, pela oportunidade com que radiografou os grandes problemas
que nos devem fazer reflectir e
preocupar.
Para terminar: Caro leitor, o livro: «Escutai
as Vozes do Bom Senso» merece ser lido, através de uma leitura, sem pressas.
Cada Artigo é uma achega valiosa para quem se interesse de facto, sobre o modo
e o estado dos chamados altos desígnios
desta nação. Actualíssimo e sensato, poderão ser adjectivos acertados - para
além da profundidade filosófica que subjaz em muitos excertos nele publicados
- para definir a obra que acabei de ler.
Bem
haja o seu autor! obrigada!
1 comentários:
Uma curta frase: excelente apresentação do livro.
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