«ESCUTAI AS VOZES DO BOM SENSO» - Uma Leitura -

terça-feira, 1 de março de 2016

 
 
Arsénio Fermino de Pina, seu autor, traz  ao leitor nesta obra, um conjunto estruturado de artigos, de crónicas, sobre os mais diversos assuntos, com interesse geral e com especial interesse sobre a «res publica» cabo-verdiana.

Com efeito, trata-se de um acervo de temas actuais, cada um deles desenvolvido de forma judicativa e bastante assertiva (ponto de vista de uma leitora) - em que o autor lançou um olhar crítico construtivo, sempre construtivo, mesmo nas vezes em que ele parece estar já «agastado» e muito irónico, de tanto repetir e não ser ouvido por quem de direito. “es ca tá ouvi’!” Entre outras exclamações, a revelar já cansaço e alguma impaciência do remetente, escritor, de tanto bater na mesma tecla e sem resultado algum.
 Interessante é que todos eles - os temas - têm como fundo comum: a ética, o saber, e sobretudo, o saber fazer. Aliás, não é por acaso que o autor sentiu a necessidade de intitular alguns artigos de: “ Da responsabilidade, da ética e do saber fazer” página 55. “ Do Diálogo e da Ética” página 69. E retoma em: “Ainda do Diálogo e da ética”, página 105 e página 111.
Ora bem, há assuntos que lhe são caros, o da regionalização, por exemplo. Esta matéria ocupa um largo espaço de reflexão no livro. Muito dos textos aqui publicados são sobre a regionalização, sob vários ângulos de abordagem, conducentes sempre a uma visão ou, a um resultado altamente positivo no desenvolvimento do país. “A mal-amada regionalização” como afirma a determinada altura.  Todos sabemos que o Dr. Arsénio de Pina está na linha da frente, ao lado dos que são defensores da regionalização. O seu ponto de vista é claro e sem titubeios.
Claro, que os temas desenvolvidos não ficaram por aqui, «Escutai as Vozes do Bom Senso» previne também o leitor de forma séria sobre a saúde. Vide: “Da degradação do exame clínico e do custo da saúde” página 77... ou não fosse o autor médico, experiente e sabedor do que está a falar.

Avisos sérios são feitos também ao  leitor sobre o charlatanismo que infelizmente grassa em meios de seitas ditas religiosas. Leia-se o texto: “Efeitos colaterais da crise actual” página 81, para nos apercebermos  daqueles homens que “andam a catar dízimo e a angariar crentes” tudo isso envolto em fundamentalismos religiosos, em ameaças apocalípticas, se não acatarmos “o primitivismo das suas argumentações. O autor dissecou-os bem, sabendo que infelizmente estas ilhas estão infestadas disso. Igualmente, Dr. Arsénio de Pina, estende os alertas a outros campos, ao do consumidor,  (vide: “Do Dia Mundial do Consumidor” página 279, a que se junta sequencialmente temático, o texto: “Papo Desopilante, ma Non Troppo”, página 327, nelas critica assertivamente aquilo que não tem sido observado em prol do consumidor, incluídos nessa crítica estão nomeadamente, deputados e governantes que não fazem cumprir leis já inscritas no nosso ordenamento jurídico e que defendem o consumidor. Acrescento da minha lavra que o consumidor nestas ilhas está entregue “à bicharada.” Relevem-me a expressão tão desabrida...
Mas ao «Escutai as Vozes do Bom Senso» não faltou igualmente a bonomia bem humorada  e solidária , patenteada na crónica intitulada: ”Um dos meus tipos inesquecíveis” em que o autor nos recorda uma das figuras bem castiças mindelenses, “João da Mata Costa vulgo Damatinha” página 87.

A nossa Língua Portuguesa, (páginas 211 e 215) mereceu da parte deste autor tratamento excelente e de que muito se necessita entre nós.

Por último, e longe de ser “the least,” deixei para o fim os assisados recados e os autênticos “puxões de orelha” que ele envia e dá à classe política, mais concretamente, a quem governa.  Sobre isso, vale a pena ler, recomendo os seguintes artigos: “ Visita Guiada a S. Vicente”, (pág.25) “ Das Declarações do Primeiro Ministro a S. Vicente,” (pág. 45) “Água Mole em Pedra Dura” (pág. 45), “Salpicos de Direito e Bom Senso” (pág. 229).
Enfim, o leitor encontrará nas páginas do livro, assuntos, todos eles de grande interesse, de agradável leitura e que dizem particular respeito aos viventes deste país insular. Podemos concordar, ou não, mas certamente não deixaremos de tirar o chapéu ao autor pela profundidade, pela oportunidade com que radiografou os grandes problemas que nos  devem fazer reflectir e preocupar.

 Para terminar: Caro leitor, o livro: «Escutai as Vozes do Bom Senso» merece ser lido, através de uma leitura, sem pressas. Cada Artigo é uma achega valiosa para quem se interesse de facto, sobre o modo e o estado dos  chamados altos desígnios desta nação. Actualíssimo e sensato, poderão ser adjectivos acertados - para além da profundidade filosófica que subjaz em muitos excertos nele publicados -   para definir a obra que acabei de ler.

Bem haja o seu autor!  obrigada!

 

1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Uma curta frase: excelente apresentação do livro.

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