segunda-feira, 29 de novembro de 2021

 

Mais um “post” do Professor universitário José Fortes Lopes, manifestando a preocupação (que é de todos nós) sobre o futuro da Língua portuguesa em Cabo Verde, uma vez que nem o próprio governo acerta com o rumo linguístico destas ilhas, no que diz respeito à Língua comum, o português, veículo linguístico de cultura e de aceso dos nossos alunos aos estudos superiores.

Ora bem, tratando-se de um país completamente  dependente do exterior para o seu desenvolvimento; um país que mais do que nunca precisa da sua Língua portuguesa, para a educação dita formal, para as ciências, para tecnologia e para a cultura global; “abrir mão” diletantemente e sem sentido algum, de uma riqueza ímpar que é ser falante do Português, não lembra o mais desprevenido Mefistófeles.

Por estas e outras razões convido o leitor a ler o “post” que se segue.

Por José Fortes Lopes

Aqui está um exemplo de políticas com seriedade:

Governo francês quer reforçar ensino de português em França e de francês em Portugal, e governo cabo-verdiano está em contra-ciclo.

 Esta iniciativa do governo francês vai ao encontro do meu post sobre a dualidade língua portuguesa, crioulo cabo-verdiano em Cabo Verde, já que o governo de Cabo Verde anunciou o começo da substituição, a partir do ano que vem, da língua portuguesa pela variante do crioulo da Ilha de Santiago, como língua de ensino, enquanto que o governo francês reforça o ensino da língua portuguesa em França.

A gravidade da decisão do governo cabo-verdiano é tanto grande, quando não se sabe o resultado de nenhum estudo de impacto económico desta iniciativa, para um país depauperado de recursos financeiros (a menos que seja a comunidade internacional a suportar os custos), e o impacto psicológico nas populações insulares, a quem lhes vai ser retirado o único contacto, na escola, com a língua portuguesa, para além do mérito científico e pedagógico dos que estão a frente desta iniciativa, ao passo que os poderes cavalgam há mais de 40 anos esta iniciativa demagógica-populista do "25 de Abril de 74 " , mas que ainda continua a dar uvas", com o único objectivo de colher dividendos eleitoralistas.

Para além disso a iniciativa tem um forte cariz étnico-cultural e envia uma mensagem errada em direcção a Portugal, o principal parceiro de desenvolvimento  de Cabo Verde, um país com o qual muitos contam como uma Solução Alternativa para contribuir para o Bem do Arquipélago.

Não perceber a importância da língua portuguesa, uma língua "pronta-a-usar"  para os países de expressão oficial portuguesa, como elo de ligação de povos e comunidades, precisamente separados por diversas barreiras, entre outras a da língua, e o ridículo da oficialização do crioulo de Santiago e do AlupeK, para um país que sequer consegue ser independente, num mundo global, cada vez mais integrado e interdependente, em que cada vez mais a língua portuguesa vai ser importante, não somente pelo crescimento da influência de Portugal no Mundo, mas também pela importância dos países falantes e outros diversos falantes, é de uma miopia total.

Cabo Verde afunda-se cada dia mais no provincianismo bucólico.....

O ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, visitou hoje o espaço dedicado a Portugal no salão "Partir Etudier a l'Étranger", qualificando a língua portuguesa como "magnífica" e prometendo apoiar o seu desenvolvimento em França

 

(Para o ministro francês, Portugal é "um grande país amigo".

"Temos também um interesse pela lusofonia, pelo Brasil, pelos países africanos lusófonos e pelo conjunto dos países lusófonos do mundo")

"A língua portuguesa é uma língua muito importante em todo o mundo […] É importante também em França, não só porque há muito franceses de origem portuguesa, mas também porque temos muitas relações com Portugal e é uma língua magnífica, com uma literatura muito bonita, portanto apoiamos muito o desenvolvimento da língua portuguesa, disse ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer

 

 

1 comentários:

José Fortes Lopes disse...

Obrigado Ondina por esta 'publicação' neste espaço de opinião e de cultura. Sinto muito que este assunto tão complexo e que joga com o futuro de um povo e de uma Nação esteja há décadas a ser tratado com tamanha ligeireza, por ideólogos sem noção do Mundo em que vivemos hoje. Se por uma infelecidade este projecto for avante será a desgraça para CV, os jovens e a sua população.

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