Mais
um “post” do Professor universitário José Fortes Lopes, manifestando a
preocupação (que é de todos nós) sobre o futuro da Língua portuguesa em Cabo
Verde, uma vez que nem o próprio governo acerta com o rumo linguístico destas
ilhas, no que diz respeito à Língua comum, o português, veículo linguístico de
cultura e de aceso dos nossos alunos aos estudos superiores.
Ora
bem, tratando-se de um país completamente dependente do exterior para o seu
desenvolvimento; um país que mais do que nunca precisa da sua Língua
portuguesa, para a educação dita formal, para as ciências, para tecnologia e
para a cultura global; “abrir mão” diletantemente e sem sentido algum, de uma
riqueza ímpar que é ser falante do Português, não lembra o mais desprevenido Mefistófeles.
Por
estas e outras razões convido o leitor a ler o “post” que se segue.
Por José Fortes Lopes
Aqui está um exemplo de políticas com
seriedade:
Governo francês quer reforçar ensino de
português em França e de francês em Portugal, e governo cabo-verdiano está em
contra-ciclo.
Esta iniciativa do governo francês
vai ao encontro do meu post sobre a dualidade língua portuguesa, crioulo
cabo-verdiano em Cabo Verde, já que o governo de Cabo Verde anunciou o começo
da substituição, a partir do ano que vem, da língua portuguesa pela variante do
crioulo da Ilha de Santiago, como língua de ensino, enquanto que o governo
francês reforça o ensino da língua portuguesa em França.
A gravidade da decisão do governo
cabo-verdiano é tanto grande, quando não se sabe o resultado de nenhum estudo de
impacto económico desta iniciativa, para um país depauperado de recursos
financeiros (a menos que seja a comunidade internacional a suportar os custos),
e o impacto psicológico nas populações insulares, a quem lhes vai ser retirado
o único contacto, na escola, com a língua portuguesa, para além do mérito
científico e pedagógico dos que estão a frente desta iniciativa, ao passo que
os poderes cavalgam há mais de 40 anos esta iniciativa demagógica-populista do
"25 de Abril de 74 " , mas que ainda continua a dar uvas", com o
único objectivo de colher dividendos eleitoralistas.
Para além disso a iniciativa tem um forte
cariz étnico-cultural e envia uma mensagem errada em direcção a Portugal, o
principal parceiro de desenvolvimento de Cabo Verde, um país com o qual
muitos contam como uma Solução Alternativa para contribuir para o Bem do
Arquipélago.
Não perceber a importância da língua
portuguesa, uma língua "pronta-a-usar" para os países de
expressão oficial portuguesa, como elo de ligação de povos e comunidades,
precisamente separados por diversas barreiras, entre outras a da língua, e o
ridículo da oficialização do crioulo de Santiago e do AlupeK, para um país que
sequer consegue ser independente, num mundo global, cada vez mais integrado e
interdependente, em que cada vez mais a língua portuguesa vai ser importante,
não somente pelo crescimento da influência de Portugal no Mundo, mas também
pela importância dos países falantes e outros diversos falantes, é de uma
miopia total.
Cabo Verde afunda-se cada dia mais no
provincianismo bucólico.....
(Para o ministro francês, Portugal é
"um grande país amigo".
"Temos também um interesse pela
lusofonia, pelo Brasil, pelos países africanos lusófonos e pelo conjunto dos
países lusófonos do mundo")
"A língua portuguesa é uma língua
muito importante em todo o mundo […] É importante também em França, não só
porque há muito franceses de origem portuguesa, mas também porque temos muitas
relações com Portugal e é uma língua magnífica, com uma literatura muito
bonita, portanto apoiamos muito o desenvolvimento da língua portuguesa, disse
ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer
1 comentários:
Obrigado Ondina por esta 'publicação' neste espaço de opinião e de cultura. Sinto muito que este assunto tão complexo e que joga com o futuro de um povo e de uma Nação esteja há décadas a ser tratado com tamanha ligeireza, por ideólogos sem noção do Mundo em que vivemos hoje. Se por uma infelecidade este projecto for avante será a desgraça para CV, os jovens e a sua população.
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