sexta-feira, 5 de maio de 2023

 

…Escrito por um professor?

Hoje é dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de Maio, dia de festa e de alegria pela vitalidade e pela expansão de nossa bela Língua!

Parafraseando o célebre poeta português, António Ferreira, (séc. XV) Viva! Cresça! E Floresça a bela Língua portuguesa!

 Creio não errar ao dizer que estes são também, os desejos sinceros dos seus falantes.

Normalmente, assinalo o dia 5 de Maio, o Dia da Língua Portuguesa com textos que quase roçam a uma verdadeira declaração de amor à minha Língua.

Mas, (há sempre um “mas” para estragar a festa)…

 Desta vez, para mostrar o outro lado, isto é, os estragos que vêm acontecendo no ensino/aprendizagem da Língua veicular do Ensino e Oficial de Cabo Verde; decidi publicar o escrito que a seguir transcrevo e que me provocou espanto, tristeza e revolta pela má qualidade do ensino que se está a verificar aqui nas ilhas.

Não se assuste caro leitor, (embora o caso não seja para menos…) o bilhete que a seguir se transcreve é de autoria de um professor de uma escola pública cabo-verdiana.

Sr. Inginhero (quereria dizer: Engenheiro??) Eis como ele escreveu o próprio título académico que dá nome ao seu endereço electrónico.

A dias, axo terça feira vi a senhora, mas tava a treinar e cuidar do meu filho e também a senhora tava a falar com outra senhora, não quis interromper, queria saber quando poço levar o dinheiro da renda.  (transcrição sic.)

 O remetente desta mensagem é professor formado, creio eu, pela Universidade de Cabo Verde UNI-CV (?)

Atente-se na quantidade de erros cometidos em apenas 3 (três) linhas!!!

 Visto que não devo pactuar com os erros crassos cometidos neste pequeno escrito e muito menos dar maus exemplos, a partir do meu “Blog”; terei de o reescrever de forma legível.

O autor deste pedaço de prosa altamente perturbadora, teria tão simplesmente, de tê-la redigida assim:

“Há dias, acho que foi na terça-feira, vi a senhora, mas eu estava a treinar e a cuidar do meu filho e também a senhora estava a falar com outra senhora, não quis interromper. Queria saber quando é que eu posso levar o dinheiro da renda.”

Podem julgar que se trata de uma brincadeira. O que seria também, de muito mau gosto. Mas não, não é uma brincadeira. Infelizmente é verdadeira a mensagem acima transcrita. O remetente é um professor de uma escola pública de Cabo Verde. De bradar aos céus!  O escrito é recente. Veio-me parar às mãos porque o destinatário não quis acreditar que quem o escrevera fosse professor de uma escola local, então enviou-mo com nota de espanto!...dizendo apenas: “Sem comentários.”

Lanço daqui um pedido de socorro, um SOS aos Directores das Escolas, ao serviço inspectivo do Ministério da Educação, para verificarem o estado lastimoso em que se encontra a Escola pública nacional com docentes de tal qualidade!

Pobres dos alunos que o têm como professor!! Como estarão eles a escrever a Língua veicular do ensino, com tal docente?

Gostaria e pedia encarecidamente, que a Inspecção escolar, verificasse e trabalhasse com este e com outros casos semelhantes que devem estar a ocorrer diariamente nas nossas escolas.

Termino, tal como comecei: Viva 5 de Maio! Viva a Língua Portuguesa!

1 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Tenho sido informado do estado lastimoso da escola pública em Cabo Verde, mas um caso como este ultrapassa todos os limites. Se não fosse a Dra. Ondina Ferreira a garantir a sua autenticidade, eu não acreditaria. Se é engenheiro, obteve a licenciatura numa universidade. Como foi possível? E como foi possível degradação tão acentuada no ensino em
Cabo Verde?

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