Reiniciar a actividade de escrita é tarefa que se me apresenta sempre custosa. Afinal a inércia pela ausência dela por algum tempo, tem os seus custos na retoma…
Ora hoje o tema que queria partilhar convosco tem origem num pequeno – mas que não deixa de ser interessante – incidente, recentemente acontecido, entre uma mãe e a direcção da escola em que está o filho.
Mas antes de recontar o episódio que me foi relatado por um professor de uma das escolas da zona da Damaia, Portugal, onde vive uma significativa comunidade cabo-verdiana aí imigrada, devo explicar que se trata de uma mãe cabo-verdiana, emigrante, creio que oriunda da ilha de Santiago.
Ora bem, a referida escola onde anda o filho decidiu numa atitude que pode ser até louvável, que os professores das turmas, maioritariamente frequentadas por alunos de origem cabo-verdiana, deviam aprender e falar crioulo com os alunos. Foi ministrado um curso de crioulo aos docentes interessados e alguns deles começaram a pôr em prática a orientação recebida.
Vai daí, ao ter conhecimento de tal postura pedagógica, a nossa mãe e encarregada de educação de um dos alunos cuja turma fora abrangida por essa norma linguística, sai de casa, numa bela manhã, dirige-se à escola e pede para falar à Presidente do Conselho Directivo da Escola e segundo me contaram, as palavras, ao que parece indignadas da encarregada de educação para a responsável da escola foram (mais ou menos as seguintes, ditas num meio português, meio crioulo mas, ao que parece, bem percebidas): «Senhora Directora, eu vim aqui para falar consigo sobre o crioulo que agora estão a falar na escola. A senhora me desculpe, mas parece “chuchadeira”… Eu mando o meu filho à escola para aprender a ser gente o que passa por aprender a língua portuguesa. A escola não tem que se preocupar com o crioulo para ele, pois em casa tem-me a mim e ao pai para isso. Aqui na escola quero que o meu filho aprenda a estudar, a escrever e a falar bem português. Para isso é que o pus na escola! A senhora Directora entendeu direito o que eu disse? Bem, é só isto é que eu lhe queria dizer!» E mais não foi preciso acrescentar. Despediu-se e saiu do gabinete, porta fora, com passos enérgicos e com ar de quem havia cumprido um dever!
O que é certo é que a Presidente do Conselho Directivo teve mesmo de rever a orientação anteriormente dada.
Moral da história, se é que é ela é aqui precisa: esta atitude idiossincrática da mãe cabo-verdiana reflecte o que a escola directamente representa para o imigrante cabo-verdiano: uma via de integração e de valorização social. E ainda bem que assim é.
Ora hoje o tema que queria partilhar convosco tem origem num pequeno – mas que não deixa de ser interessante – incidente, recentemente acontecido, entre uma mãe e a direcção da escola em que está o filho.
Mas antes de recontar o episódio que me foi relatado por um professor de uma das escolas da zona da Damaia, Portugal, onde vive uma significativa comunidade cabo-verdiana aí imigrada, devo explicar que se trata de uma mãe cabo-verdiana, emigrante, creio que oriunda da ilha de Santiago.
Ora bem, a referida escola onde anda o filho decidiu numa atitude que pode ser até louvável, que os professores das turmas, maioritariamente frequentadas por alunos de origem cabo-verdiana, deviam aprender e falar crioulo com os alunos. Foi ministrado um curso de crioulo aos docentes interessados e alguns deles começaram a pôr em prática a orientação recebida.
Vai daí, ao ter conhecimento de tal postura pedagógica, a nossa mãe e encarregada de educação de um dos alunos cuja turma fora abrangida por essa norma linguística, sai de casa, numa bela manhã, dirige-se à escola e pede para falar à Presidente do Conselho Directivo da Escola e segundo me contaram, as palavras, ao que parece indignadas da encarregada de educação para a responsável da escola foram (mais ou menos as seguintes, ditas num meio português, meio crioulo mas, ao que parece, bem percebidas): «Senhora Directora, eu vim aqui para falar consigo sobre o crioulo que agora estão a falar na escola. A senhora me desculpe, mas parece “chuchadeira”… Eu mando o meu filho à escola para aprender a ser gente o que passa por aprender a língua portuguesa. A escola não tem que se preocupar com o crioulo para ele, pois em casa tem-me a mim e ao pai para isso. Aqui na escola quero que o meu filho aprenda a estudar, a escrever e a falar bem português. Para isso é que o pus na escola! A senhora Directora entendeu direito o que eu disse? Bem, é só isto é que eu lhe queria dizer!» E mais não foi preciso acrescentar. Despediu-se e saiu do gabinete, porta fora, com passos enérgicos e com ar de quem havia cumprido um dever!
O que é certo é que a Presidente do Conselho Directivo teve mesmo de rever a orientação anteriormente dada.
Moral da história, se é que é ela é aqui precisa: esta atitude idiossincrática da mãe cabo-verdiana reflecte o que a escola directamente representa para o imigrante cabo-verdiano: uma via de integração e de valorização social. E ainda bem que assim é.