Uma boa Escola Pública - Uma Causa Inadiável em Cabo Verde –

sábado, 30 de abril de 2022

 


Reclamar e reiterar para Cabo Verde, uma boa escola pública, é fundamental nos tempos que correm. Até poderá soar a lugar-comum, mas nunca será de mais falar sobre isso.

Temos todos a convicção de que uma boa Escola Pública - ao lado da Saúde - deve constituir um alto desígnio da nação cabo-verdiana

Assim sendo, este escrito tentará elencar alguns pontos que pretendem justificar o pedido urgente e inadiável de um debate, de uma reforma, para que se consiga uma pertinente transformação e um consequente seguimento das instituições escolares e académicas públicas, do básico ao superior, deste país.

;1-    A escola pública em Cabo Verde funcionou desde a sua implantação nos idos do século XIX - com o extraordinário e o relevante contributo do Seminário-Liceu de São Nicolau – como um excelente e insuperável equalizador e equilibrador social, tendo em conta a significativa camada pobre e socialmente menos favorecida da nossa população;

2 - A escola pública em Cabo Verde foi e continua a ser o maior elevador social das crianças e dos jovens que pouco ou, quase nada transportam para a vida social e cidadã que seja de origem familiar. Esperam - eles e as famílias - que a escola lhes forneça dados científicos e valores para que se verifique no futuro, o salto qualitativo para um melhor enquadramento profissional e social a que aspiram;

3     - É na escola que o aluno conhece, aprende, convive, interage e se cultiva através das ciências, das humanidades, da filosofia, das línguas estrangeiras, entre outras aprendizagens e saberes que os programas curriculares e as metodologias didácticas, veiculadas pelo professor, paulatinamente lhe vão transmitindo;

4 - Para além do mais, a escola pública teve e tem a vantagem de ser interclassista. Foi assim num passado não muito longínquo. Tendo funcionado como lugar de encontro homogeneizador de todas as classes sociais das ilhas.

5- Hoje, mais do que nunca, o cidadão consciente clama por uma melhoria substancial na saída do aluno das escolas do país. A fraca preparação, a redutora sabedoria das disciplinas curriculares, a deficiente aprendizagem das matérias nelas incluídas têm feito do nosso aluno um mal sucedido cidadão, quer na sua formação superior, quer depois na sua prática técnico/profissional.

6 – Infelizmente, a continuar assim nesta mediocridade académica, Cabo Verde não progredirá, ao invés, retrocederá.

Cuidemos pois, com prioridade, de uma correcta e proficiente formação do professor para alcançarmos uma boa escola nacional e fazer disso a nossa verdadeira gala! Isto é, o nosso regozijo público!

segunda-feira, 25 de abril de 2022

 


 
Salvé 25 de Abril! Dia da Liberdade e da Fraternidade!..

.Lembrando 1974 e de como erámos jovens, generosos, amigos, cheios de sonhos e de promessas. Uns realizados e outros não…

A todos os amigos presentes e ausentes e aqueles que desta vida partiram, dedico o poema abaixo transcrito de Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa

 "Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhámos.


Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.


Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.

Hoje já não tenho tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.


Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.

Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.


Vamo-nos perder no tempo...
 
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
Quem são aquelas pessoas?

Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!

- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!

A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

 
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo.

E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes
daquele dia em diante.


Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...

Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...

 
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos
!"

                                                         Fernando Pessoa 



Salvé 23 de Abril! Dia do Professor cabo-verdiano.

sábado, 23 de abril de 2022

 

Comemoramos hoje uma data a todos os títulos importante, o Dia do Professor nacional. Digo importante a todos os títulos, porque coincidente e propositadamente, com a data de nascimento de um Professor e de um dos mais acabados intelectuais que estas ilhas conheceram, Baltazar Lopes da Silva (1907-1989).

Para além disso, esta comemoração simboliza o respeito e o preito de gratidão que nos deve merecer o perfil de professor.

De facto, queremos, desejamos que as nossas escolas, quer estejam implantadas no meio urbano, quer no meio rural, tenham nas salas de aulas um bom professor.

Um professor bem apetrechado em termos didácticos e pedagógicos; um professor que saiba com ciência e com proficiência a disciplina que lecciona; um professor que estude e que leia muito; um professor que comunique com clareza a matéria aos alunos; um professor que respeite a individualidade de cada aluno; um professor provido de ética e de bom senso; um professor capaz de discernir, e de perceber o grau de recepção do seu ensino no aluno.

 Este país, as suas crianças, os seus jovens, estão necessitados, mais do que nunca, de uma escolarização abrangente, esclarecida, científica, filosófica, capaz de os fazer dar o tal salto qualitativo que os tornará cidadãos de pleno e de consciente direito, para que o desenvolvimento da sociedade cabo-verdiana seja conseguido.

Parte significativa de tudo isto cabe e caberá ao professor que no seu mister transmitirá ao aluno as bases, não só para uma socialização respeitadora do próximo, mas também para que este mesmo aluno adquira as bases técnicas, científicas e filosóficas, no fundo, as ferramentas de que necessita para a sua vida futura, tanto no plano profissional, como no plano da cidadania.   

Daí que, Cabo Verde esteja necessitado de um perfil culto e sabedor de professor.

Por tudo isto, e tal como iniciei este escrito, reitero:

Salvé o Dia do Professor cabo-verdiano!

 

 

 

Ah! Como nos Fazem Falta Activistas de Causas Sociais!...

domingo, 10 de abril de 2022

 

É verdade! Fazem-nos muita falta, Activistas de causas sociais aqui nas ilhas.

Para exemplificar diria que necessitamos de Activistas que pleiteassem por uma melhor qualidade de ensino, por uma boa escola pública, em todos os níveis, do básico ao universitário;

De Activistas que defendessem uma melhor Saúde no nosso país, com melhores hospitais, com melhores instrumentos e aparelhos hospitalares, e com melhor atendimento dos pacientes;

Precisamos imensamente de Activistas que tomassem a defesa da diminuição da pobreza; da estruturação da família que sem isso, a sociedade não se equilibra e a desestruturação familiar deixa lacunas irreparáveis na criança;

De Activistas que debatessem a criminalidade, nomeadamente a jovem, entre outras causas sociais desestruturantes que ainda emperram e sufocam o desenvolvimento deste país!

Enfim, na realidade, faz-nos imensa falta o verdadeiro activismo social!

Isto tudo também para dizer que ultimamente temos vindo a assistir a um fenómeno que se tornou bizarro, para não dizer hilariante, que é alguns artistas ou, aqueles que como tal se julgam, se definirem à partida, e sem quaisquer provas dadas, como Activista, e até o  registam nos cartões pessoais, e  em documentos públicos, como se de uma profissão se tratasse! O activista é aquele que inserido num grupo informal luta por uma determinada causa pública. É um voluntariado na efectivação de uma convicção. É acima de tudo, um abnegado voluntário que se entrega e se dedica à defesa de causas nobres. Não uma profissão. E, eticamente, devia ser um reconhecimento público e não uma auto proclamação.

Não é invulgar ver-se e ouvir-se nos diversos meios da comunicação social, redes sociais inclusive, indivíduos que se arvoram em activistas sociais sem que se lhes conheça qualquer acção efectiva e, muito menos a dimensão do seu activismo. Que curriculum vitae apresentam sobre isso, para se arrogarem ao direito de serem considerados activistas?

Quando os vejo em programas televisivos nacionais, questiono: “mas este ou aquela, é activista de quê? O que tem feito para o bem e para a transformação da sociedade para assim se auto-intitular?”

Pensemos - para ilustrar o activismo - na conhecida e justamente célebre, Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa, que defendeu apenas por convicção e dever cívico, o direito das mulheres islâmicas do seu país frequentarem a escola e, com isso, correu sério risco de vida com os talibans da terra dela! Extraordinária! Uma luta pelos seus nobres ideais sem qualquer outra compensação do que a satisfação de os verem realizados.

Mas minha gente! O ser Activista não se resume, não se limita apenas a partilhar ou, simplesmente a aderir a determinadas ideias. Não, o activismo é muito mais do que isso; é uma práxis, é um estado permanente, sustentado numa crença que é conduzida em actividade continuada, para se alcançar determinados objectivos e pressupostos que visam transformar uma determinada situação, uma determinada comunidade, ou uma determinada sociedade.

Por outro lado, e diferentemente desta linha de activismo, vem sucedendo também e com frequência crescente, um fenómeno exótico com determinados artistas que aqui na terra de origem fizeram zero de activismo, de quem não há notícia, nenhum registo, sobre prática activista de qualquer espécie; mal se apanham em país alheio, sobretudo em Portugal, arvoram-se, transformam-se e transfiguram-se imediatamente, em exaltados e em extremados Activistas, e sob essa capa, pretendem até dar lições catedráticas de História, de estatuária pública e de monumentos, de comportamento social, em terra de outrem… Eu sei lá! De tudo e mais alguma coisa! E esta?

Enfim, dão lições aos naturais do país, como se não tivessem os mesmos problemas no seu país de origem e mais soubessem e melhor conhecessem a História, os usos e os costumes do país de acolhimento.

O interessante é que até se esquecem de que vivem e beneficiam de acolhimento amigo, para que a sua carreira se afirme e se internacionalize e para que o seu aperfeiçoamento artístico suba patamares e ganhe melhor “performance? Não será isso que procuram? Não será isso que almejam? Não foi por causa disso que deixaram Cabo Verde?

Afinal, foram à procura na antiga “Metrópole” daquilo que o país de origem não lhes possibilitou para a projecção da carreira artística, na óptica deles, e que o país de acolhimento lhes poderá proporcionar. Daí se compreender, a mudança feita. Ou não será assim?

Mas atenção, meus senhores: como “Activistas,” ponderem bem no estrangeiro, tenham sempre ligado e activado, o vosso auto “desconfiómetro” e pensem sempre assim: “será que  este mesmo problema não existia no meu  país? Será que eu fazia isso no meu país antes de partir em demanda de vida melhor?” Igualmente, por momentos, imaginem também, falando com os vossos botões, o seguinte: “Deixe-me cá ver uma coisa… e se um português ou, outro forasteiro, fosse exigir na minha terra tudo o que eu exijo cá, na terra dele? Como é que eu reagiria?”

Na minha modesta opinião, seria um bom exercício de cidadania e de independência da mente.

Mas antes de terminar gostaria de afirmar que tenho enorme admiração pelo voluntariado activista, em prol de causas sociais e em defesa de objectivos nobres.

Por último, e tal como comecei o escrito, reitero: Ah! Que falta nos faz o Activista  a sério, nestas ilhas!