«Quem enfia a agulha à Avó?»

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
A velhice é uma etapa de vida “tramada”! …Onde é que já ouvi isto? Alguém já o disse. Mas é indubitavelmente, verdade! Eu que me gabava de enfiar a linha na agulha logo às primeiras tentativas, vejo-me hoje confrontada com esta imagem bem comum e real de pedir ajuda para isso e assim poder costurar as roupas… mas enfim, c’est la vie! Mas também e por outro lado, traz coisas boas. Como os netos, por exemplo.
Isto que aqui vai escrito é apenas pretexto para desabafar um pouco sobre algum “martírio” desta já famosa fase “condor” ou melhor, com dor mesmo! Ele é o reumático matinal ou vespertino nos joelhos, ele é dor na coluna e regra geral a chamada quinta lombar, ele é dor…enfim, um sem número, das mais variadas que o catálogo da 3ª idade comporta. E isto, sem falar do “arco-íris” dos comprimidos ao pequeno-almoço! De cores para todos os gostos!
Mas a pior de todas as dores para mim, é aquele começo de falta de memória! Terrível! Caros companheiros desta etapa. Nada a fazer, já não há “fitina” nem “fosfoferrero” que nos valham! Teremos de fazer autênticos e malabarísticos jogos com a senhora dona memória para que ela de nós se condoa e por fim nos traga de volta a lembrança teimosamente perseguida.
Por vezes, Armindo (ele se calhar não gosta que o meta neste meu “saco”pois que costuma dizer que: “velhos são os trapos! Não me ponhas no teu clube!”) e eu apanhámo-nos a querer lembrar títulos e nomes dos protagonistas de filmes há muito vistos – daqueles dos antigos cinemas Éden-Park ou do Park-Miramar e também dos filmes do nosso tempo de Lisboa – ou das canções e dos intérpretes da nossa juventude, os famosos e musicais anos sessenta, vem logo a “finta” da memória. Persistimos silenciosamente, e, num repente:"fiat lux" surge – para nosso real contentamento e numa espécie de desafio de quem acerta primeiro – o tão procurado nome!
Volto ao lugar-comum: “fazer o quê?!” (como diz o brasileiro). O melhor mesmo e, enquanto durar e restar, é fazer humor com esta etapa de vida, “trocar-lhe as voltas” de vez em quando e, aproveitar o bom que também contém.

Já agora, aproveitando a oportunidade (e antes que eu me esqueça…) porque estamos em tempo festivo, a todos – os mais e os menos “velhos,” e de igual modo os mais jovens – desejar festas alegres e em boa comunhão com a família e com os amigos! Paz e saúde para todos nós!