A Língua em tempo de Campanha Presidencial…

domingo, 28 de agosto de 2011


Poderá parecer óbvio e um pouco “banal”, (relevem-me esta vulgaridade expressiva) o tema que aponta o título deste escrito. Embora saiba que em tempo de campanha “tudo se joga” na saudável “caça ao voto” – quando ela é saudável – ou no convencimento do eleitor.

Tudo isto para dizer o seguinte: foi interessante ver escrito e escutar nas quatro candidaturas – nos discursos dos seus candidatos, nos tempos de antena, nas entrevistas, nos cartazes expostos – duas variantes do crioulo ou da língua cabo-verdiana e a língua portuguesa.

Sobre esta última foi notório que todos os candidatos a falam e a dominam com muito à-vontade e fluência. Não vá sem acrescentar que essa mesma fluência e à-vontade em língua portuguesa foram igualmente visíveis e extensivos aos mandatários respectivos e a todo o “staf” das candidaturas que esteve mediático durante o período referido.
O que apreciei positivamente foi a naturalidade com que – em circunstâncias que a pediam – se expressavam na nossa língua segunda.
Nota positiva e merecida vai também para os Jornalistas que fizeram a cobertura – em língua portuguesa – da noite da votação na televisão nacional. Expressaram-se sem ambiguidades, sem confusões e com bom ritmo para os telespectadores, quer para os das ilhas quer para os da Diáspora, com clareza, que acredito que foram bem entendidos por todos os que os escutaram.

Outra curiosidade foi a comunicação em crioulo feita na comunicação social – durante o período eleitoral presidencial – foram maioritariamente utilizadas duas variantes, a de Santiago, quando a comunicação era dirigida às populações das ilhas do sul e a variante de S. Vicente quando essa mesma comunicação eleitoral era destinada à comunidade de eleitores das ilhas do norte. E isto, quer sob forma oral, quer sob forma escrita.

Podem-me ripostar: “Ora isso é óbvio e se calhar de La Palisse...”

Pois bem, não contrariarei o vosso raciocínio. Apenas acrescentarei que na minha opinião, isto revela uma vez mais que os falantes cabo-verdianos são depositários de uma variedade linguística, de uma riqueza comunicativa que vale a pena preservar sem tentar forçar qualquer tipo de homogeneização quer escrita, quer oral, o que acabaria por ser redutora e empobrecedora das variantes de que se compõe a língua cabo-verdiana ou o nosso crioulo.
A finalizar, faltou-me anotar o interessante que seria observar as variantes do crioulo – com “empréstimos,” quer de vocábulos, quer de construções frásicas, das línguas do país de acolhimento respectivo – e das línguas desses mesmos países, através dos quais se teriam comunicado os activistas e os eleitores da nossa Diáspora, durante a campanha eleitoral presidencial. Mas a isso não me abalanço, pois que tal não presenciei.

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