A propósito do texto: “O Descalabro do Ensino em Cabo Verde”

domingo, 13 de agosto de 2017


Tendo aqui partilhado recentemente, no meu modesto blogue, um estado de alma, um desabafo enquanto avó, mãe e filha destas Ilhas preocupada com o futuro do país, recebi muitas mensagens que revelavam afinal, a mesma preocupação.
Neste particular, regozijo-me, pois verifiquei à posterori, que a visão é real, e foi ao encontro de muitos pais e avós, antigos alunos dos liceus, e que também tristes com o estado a que as coisas chegaram (e estão!), fizeram-me  saber as suas inquietações e os seus desassossegos, e por isso pensei: Afinal não sou uma cavaleira solitária nesta batalha! Podemos contar ainda com uma sociedade civil  activa e preocupada com o país e  com avós e pais ainda  participantes e ávidos por um debate específico – a  Educação – que é de toda a Nação.
Um Bem-Haja a todos, (queridos amigos, colegas, antigos alunos, ilustres conhecidos) pois os vossos comentários, em todos os sentidos, enriqueceram o despretensioso e bem simples texto inicial!
No entanto, infelizmente, em Cabo Verde – nós temos um longo caminho a percorrer, e com o descalabro do ensino nem sei se lá chegaremos tão cedo − permanece a necessidade de tudo, ou de quase tudo, partidarizar (não é politizar, que é algo elevado) o que acaba por desfocar o importante do assunto a debater...
Ao ter, a certa altura do meu desabafo, escrito algo como: “Este conjunto de fenómenos, a que chamarei de derrapagem do ensino (?) cabo-verdiano, pode  ser datado, com pouca margem de erro, de há quase década e meia atrás e tem vindo a acontecer num ritmo crescente e assustador.fui de forma surpreendente confrontada com o associar deste facto a um determinado governo do meu país!
Longe de mim a relação com qualquer governo, partido politico ou algo parecido. É que tal matéria assim associada, não faz parte das minhas cogitações. Parafraseando o brasileiro: “nem tou aí” − ainda por cima tratando-se de um assunto de transcendente e de crucial importância para o desenvolvimento de gerações de cabo-verdianos, como é a Educação.

A responsabilidade é de Todos!
A Educação ou o Ensino Público é um desígnio nacional, e  a ser um desígnio ele não é partidário,  nem ideológico,  mas de toda a Nação e de  forma convergente.  É esta a minha linha de pensamento.
De facto, estou tão afastada da política, e mais ainda da política partidária que para mim a relação com qualquer governo, partido politico ou algo parecido, de forma direccionada é algo sem qualquer nexo, nesta minha etapa de vida.
Estou sim, muito próxima, para não dizer demasiado próxima, da minha condição de Avó, e este horizonte temporal − permitam-me o prosaísmo − só surge com a entrada da minha neta mais velha na 1ª classe do Ensino cabo-verdiano, há cerca de década e meia! Mas aceito, sem qualquer rebuço, que venham de mais longe, os efeitos nefastos do mau ensino público cabo-verdiano.
Ao mesmo tempo, mantenho-me fiel à minha condição de antiga professora, (tenho contactos frequentes com antigos alunos que me falam com tristeza da escola actual dos filhos) e não abdico da profissão que abracei e exerci com muita devoção nem de ser cidadã activa − enquanto Deus mo permitir − e pensar os problemas da escolarização de jovens alunos, que observo esperançosos, quando se dirigem diariamente à sua escola, no convencimento de que dela sairão mais ricos no saber e em conhecimentos.
Essas são as minhas reais e, ouso acrescentar, constantes preocupações.
Partidos? Governos?... Muito importantes, sim, mas igualmente, passageiros, transitórios e transitivos. E também, e felizmente, mutáveis! Isto não obsta que deva reconhecer que uma boa política educativa, tem de emergir de entre as principais preocupações governativas.
Por isso reitero, o bem-haja a todos. Gostaria de destacar o Jornal «Expresso das Ilhas», o Nuno Duarte Rodrigues Pires, a Solange Lisboa Ramos, o Ângelo Barbosa, pela divulgação feita nas redes sociais desse meu singelo desabafo acabando por lhe dar um estatuto e uma elevação que muito apreciei.


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