Celebrou-se recentemente o Dia do Professor
Cabo-verdiano. Creio que a efeméride foi lembrada em todas as escolas do país.
Ainda
bem que assim foi, pois, tornou-se já tradição, em boa hora instituída – Decreto
25/90 - publicado no Boletim Oficial nº 16, de 21 de Abril de 1990 - comemorar-se
o 23 de Abril com os seguintes objectivos: 1- “dignificar
a profissão e 2- criar um espaço de reflexão sobre o ensino e a educação
em Cabo Verde capaz de apelar à consciência da nação sobre o relevo da função docente”*
Como
de habitual, faço vénias e apetecia-me tecer loas aos meus colegas no activo e aos
colegas, que tal como eu, já estão aposentados.
Bem
hajam!
Este meu
“post” já vai atrasado…
Mas
antes de continuar, afirmar que a escolha da data não foi ao acaso, “uma
data emblemática que carregasse algum valor simbólico humano e patriótico”
* - 23 de Abril aniversário natalício do Doutor Baltazar Lopes da Silva - reiterar
que melhor patrono não podíamos ter: o Professor Baltazar Lopes da Silva, (1907-1989)
um dos maiores vultos da cultura cabo-verdiana do século XX. “Um símbolo da
ideia de professor, votado ao Magistério, cujo exemplo merece a pena ser
seguido” *
Digo
isto, porque aqui nas ilhas, nem sempre os nomes dos patronos das escolas são
bem escolhidos, isto é, nem sempre se coadunam com a Educação ou com algo que
tivessem feito para os tornar merecedores dessa homenagem. Façam um pequeno
levantamento e confirmem se é ou não, verdade.
Mas
para o Dia do Professor cabo-verdiano, acertou-se em cheio!
Daí
que aproveite esta oportunidade para sugerir e recomendar aos colegas que leiam
ou releiam as obras do nosso patrono, ele que foi um verdadeiro mestre na
descrição dos vários “Quedam” da Língua e da cultura cabo-verdiana. Para nós um
verdadeiro sábio, que orgulha qualquer cabo-verdiano.
Posto
isto, em jeito de preâmbulo, vamos ao que gostaríamos de desejar aos nossos
colegas que estão no activo - e que têm a nobre e missão de liderar o processo ensino/aprendizagem
diariamente nas diferentes instituições de ensino no país – para eles os meus
sinceros desejos de que tenham manuais capazes de atrair, de apelar os alunos
para o estudo com entusiasmo e empenho, das matérias neles vazadas e que seja
um material cientificamente sério e não com erros conceptuais e linguísticos, os
quais, infelizmente, temos vistos em alguns manuais em uso; que os professores tenham em cada dia, o desejo de se
tornarem mais cultos, lendo muito, não só na preparação da matéria específica
que leccionam, mas também que se abeirem da grande Literatura, que leiam
contos, poesia, romances, ensaios, livros científicos.
Resumindo: que se cultivem como cidadãos e
como professores e assim estarão mais aptos e melhor preparados para a função
docente
Fico
verdadeiramente triste quando que me dizem que alguns professores não leem e nem
recomendam a leitura de livros aos alunos. De facto, e infelizmente, se um
professor não lê, logo, não saberá como sugerir livros a ler, e muito menos,
criar o gosto pela leitura ao seu aluno. A leitura é parte importante da
formação cultural do estudante.
Bem
sei que alguns me dirão que hoje o processo é diferente, de que actualmente,
busca-se a cultura nos meios virtuais, mas minha gente, não é suficiente!
O
Papa Francisco que infelizmente já nos deixou, na sua célebre «Carta do Santo
Padre sobre o papel da Literatura na Educação» editada em 2024, (vidé texto
integral aqui, neste "Blog" publicado a 9 de Agosto de 2024), legou-nos uma série de boas
razões para querermos ler contos, poesia, romances. Transcrevo dela (da Carta)
algumas passagens elucidativas e ilustrativas das vantagens da leitura de obras
literárias, diz o autor a determinada altura: Antes da omnipresença dos media,
das redes sociais, dos telemóveis e de outros dispositivos, esta era uma experiência
frequente, e quem a viveu sabe bem do que estou a falar. Não se trata de algo
ultrapassado.
Ao contrário dos meios audiovisuais, onde o
produto é mais completo, e a margem e o tempo para “enriquecer” a narrativa ou para
a interpretar são geralmente reduzidos, o leitor é muito mais ativo quando lê
um livro.
E
mais adiante continua, e afirma algo que se pode transformar numa valiosa ferramenta do trabalho
diário do professor e do aluno: “De um ponto de
vista pragmático, muitos cientistas afirmam que o hábito de ler produz muitos
efeitos positivos na vida de uma pessoa: ajuda-a a adquirir um vocabulário mais
vasto e, consequentemente, a desenvolver vários aspectos da sua inteligência; estimula
também a imaginação e a criatividade; simultaneamente, permite que as pessoas
aprendam a exprimir as suas narrativas de uma forma mais rica; melhora também a
capacidade de concentração, reduz os níveis de deficit cognitivo e acalma o
stress e a ansiedade.”
Lendo a Carta do saudoso Pontífice, verificámos que todo
o texto está concebido para despertar o gosto pela Literatura e pelo importante
papel que aquela desempenha, não só na formação e na vida de quem prega a
Palavra, mas também, nas de qualquer formando e/ou docente.
Para terminar, deixo aqui expressos os votos de que os
meus caros colegas no activo do seu magistério professoral, (perdoem-me a
aparente pomposidade da frase) sejam cultos, e que o sejam de forma empenhada e reflectidamente; e que trabalhem com brio profissional e com alto sentido de
responsabilidade que impende sobre o professor que forma e desenvolve mentes de
crianças e de adolescentes, em escolarização.
*Frases
retiradas do preâmbulo do Decreto que instituiu o Dia do Professor
cabo-verdiano. Vidé: Boletim Oficial nº 16 de 23 de Abril de 1990.
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