Apreciei o Editorial de um dos números do «Jornal de Angola» sobre a matéria que assinalei em título neste escrito.
Por certo o conteúdo do Editorial referido – note-se: trata-se de um editorial e não de um Artigo de opinião – já é nesta altura, do conhecimento de muitos leitores. Mesmo assim não resisto transcrever alguns parágrafos do mesmo por os achar um bom convite à reflexão sobre o que estamos a fazer e o que queremos fazer com a nossa Língua, a portuguesa.
A determinada altura, e numa crítica forte e construtiva ao novo Acordo Ortográfico, o texto diz o seguinte: «Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios…» E continua: «Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às leis do mercado, os afecto não são transaccionáveis»em>Na mesma linha de pensamento, o editorialista acrescentou algo que considerei de elevada importância para entendermos como o “facilitismo” linguístico no caso, orientou determinadas alterações introduzidas no dito Acordo Ortográfico: …E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português. Os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos…E termina esta verdadeira sentença de uma forma notável: «nunca descer ao seu nível porque é…Batota» Bem pensado! É mesmo disso que se trata. Ao invés de quem mais sabe, tentar elevar o nível académico e do saber a quem ainda menos sabe, ou está em plena formação, ao invés disto, e na sua prática pseudo – pedagógica ou didáctica, “desce” ao nível do aprendente, “facilitando-lhe” um conhecimento que talvez ficará “pobre e redutor,” no caso em apreço, em termos de escrita e da fala da sua (do aprendente) língua.
Mas ainda há mais dados interessantes vertidos no mesmo Editorial, que valem a pena ser transcritos: «Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a língua portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige…»Concordo, subscrevo-o e recomendo-o. Oportuno Editorial!
1 comentários:
Ondina, ler o que tu escreves eh um treat! Nao pares. Em Boston tens um leitor atento e grato.
Enviar um comentário