Recentemente
e numa manhã, ainda bem cedo, fui bruscamente sobressaltada, com o barulho
ensurdecedor de uma serra mecânica, camarária, julguei eu, a desbastar, ou pior, a mutilar a árvore mais frondosa
da vizinhança e que já lá estava desde que vim para cá morar. Duas décadas, para mais, já são passadas. Uma
certa tristeza invadiu-me...
Porquê?
Porque estava a ”incomodar” sua excelência o betão...
Faço-me
entender, é que perto da minha moradia e defronte da árvore, está a ser
edificado na encosta, um grotesco e monstruoso edifício, no local, que no plano
urbanístico da zona, deviam ser plantadas árvores.
Pois
bem, isto faz pensar: implantam casas lá onde deviam plantar árvores, e não se
contentando com tal feito, ainda por
cima cortam uma árvore de sombra benfazeja, de efeitos naturalmente benéficos,
e de onde a deviam deixar sossegada. No caso em foco, até existe um muro a
separar a construção da árvore mutilada sob disfarce de poda, que é coisa outra!
Árvores,
plantas, minha gente! fazem falta!
A
nossa urbanização do Palmarejo de dia para dia mais parece uma floresta de
betão sem qualquer ordenamento. Uma autêntica “passarelle” de cimento armado,
diga-se em abono da verdade, de muito
mau gosto e de grande falta de consideração pelos moradores que pagam as suas contribuições.
Não há um espaço verde! Um só que seja
público!... E lá onde era para sê-lo, ao invés, surgem prédios, qual deles
agora, o mais camafeu!
A
impressão que o morador do Palmarejo tem é que as construções surgem do dia
para a noite, em inestéticas e feias armações, quais cogumelos, altíssimos,
com vários andares, desordenados, a ocupar tudo, a tapar qualquer expectativa, ou
desejo de vista para o mar. Aparentemente, sem qualquer respeito pelo plano de
construção e de ordenamento urbano, de uma zona residencial como esta, que seja dita, melhor sorte
merecia.
Atenção:
não estou e nem podia estar contra a construção de casas, mas que tudo fosse erguido
no cumprimento dos planos e normas urbanísticos
existentes e não ao sabor de directivas avulsas sem qualquer respeito
pela lei e pelo munícipe, visando talvez alguns pouco transparentes interesses
imediatos?
Infelizmente,
o resultado de tudo isto é que o ar do Palmarejo está a tornar-se irrespirável, imprestável;
não há circulação de ar, de vento; o
calor a aumentar de dia para dia; o micro clima da zona a alterar-se para pior
(tal o aperto e a asfixia derivados das construções!). Sem espaços, sem
“pulmões verdes.” sem qualquer ajardinamento.
Todos
sabemos que o asfalto aumenta a temperatura, consequentemente, o calor é maior.
Isto para além de impedir a infiltração das águas pluviais. Para que haja
equilíbrio, torna-se necessário a plantação de árvores, e a criação de mais
espaços, para a circulação do ar; ao contrário, o que vem sucedendo, são
prédios e mais prédios uns em cima dos
outros.
Para
a nossa pouca sorte, assim vai a actual urbanização do Palmarejo.
Pois
bem, fica-se também com a impressão de que não há autoridade neste campo de
acção. As construções já estão a chegar
à beira-mar. Já faltou mais para se instalarem sobre as arribas, dentro
do mar...
E
assim vamos nós...
Tudo
isto somado, revela um completo desrespeito pelo Plano Urbanístico do Palmarejo,
não tenho dúvidas.
A
comunidade vivente do Palmarejo, os seus moradores revoltados, criticam em voz
baixa, mas “à boca cheia” e aguardam por nova e diferente autoridade local, que
tenha melhor visão nesta matéria e seja respeitadora da lei e dos munícipes.
Haja
esperança por uma renovada, entendida e transparente ordem em matéria de
ocupação do solo do Palmarejo, num futuro próximo!
Se até
lá ainda sobrar algum palmo de solo...
Apetece-me
oferecer – a quem necessita urgentemente de saber cuidar de zonas residenciais –
um livrinho de leitura maravilhosa e com o modesto título de: «O Homem que Plantava
Árvores» de Jean Giono, e que mostra como é enriquecedora a harmonia que deve
haver entre as árvores, as plantas, as casas e os espaços, para o bem-estar dos
seus habitantes e da natureza envolvente.
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