Dos conceitos à semântica mirabolante:

sexta-feira, 20 de novembro de 2009



Há palavras que são plenas, algumas vazias, outras ainda nem por isso…
A palavra Morte por exemplo, quando em contexto vernáculo, é um vocábulo pleno e pleno do incontornável, (porque a todos espera) do irremediável, do feito irreversível, do “até à eternidade”, em suma, do fatalismo expectável e as mais das vezes indesejável.
Porque estamos em tempo dela, a meio e em crescendo de uma epidemia devastadora (o dengue) que não escolhe a hora nem a idade, que ataca indiscriminadamente e mata a sério e dói muito para os que ficam e que ficam também à espera da vez… numa impotência aterrorizadora que só a expressão «fazer o quê?» nos aproxima de uma imitação de acalmia. Volto a dizer, porque estamos em tempo dela, a morte, o melhor mesmo é usarmos mais vezes as palavras plenas com sentido dirigido e realizado, ainda que com alguma contenção, mas é preferível o seu uso, ao invés de desbaratarmos os nossos pensamentos e as nossas ideias em palavras vazias.
O “silêncio” é também um vocábulo pleno e deve fazer parte das nossas cogitações pelos ganhos introspectivos que nos traz. Mas igualmente “compreensão” ganha aqui sentido pleno se a projectarmos no “outro” este tão prenhe de significado como o “nós” ou o “eu”.
E mais não vai dito, porque contido e sentido numa espécie de jogo de medo e de interrogação em que vida não rima com morte.




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