Uma Feira de Vaidades?...

terça-feira, 28 de março de 2017


Costumo dizer, meio a sério, meio a brincar, que determinadas pessoas, não ligam o “desconfiómetro” quando se apanham em situação de exagerado auto-elogio...

Ora bem, acontece aqui, bem perto de nós e de entre os chamados literatos, poetas, prosadores e artistas de vária índole, alguns que se levam demasiado a sério, de tal forma, que chegam a ser hilariantes, para não utilizar o vocábulo que me está debaixo da língua: ridículos!
Faço-me entender, este fenómeno só não transmite alguma pena, por ser de natureza caricatural e provocar risos.
De facto, a mim só me lembram  anedotas. Logo,  torna-se risível ouvir e narrar tais fenómenos.
Mas situarei o leitor. Fui apanhada ultimamente no meio de uma troca (embora só tenha recebido de um lado) epistolar, via “e-mails” de determinado artista, protestando veementemente contra um júri que não premiou o seu trabalho.  Logo ele! (no seu próprio entender) o maior entre os concorrentes, e por conseguinte,  merecedor sem hesitação do dito prémio em disputa.
Não se contentando com as  auto-elogiosas referências, toca de enviar a todos, textos em que, críticos e  outra gente, o consideram o supra-sumo da arte nacional.

Enfim, independentemente da qualidade da obra, que até é capaz de ser boa - estou a falar de algo que ainda não conheço - venho tomando conhecimento através dos textos da correspondência referida, os quais, de per si, são  reveladores de um exacerbado egotismo e  da feira de vaidades que por aí vai entre alguns dos  nossos ditos intelectuais.

De qualquer forma, tenho me rido e divertido, pois nunca imaginei que existisse entre escritores e poetas nacionais, gente tão auto-convencida!

Mas atenção: este não é caso único. Há mais aqui nas ilhas bem similares...

Que diferença, para exemplificar, de um Jorge Barbosa! Um gigante em poesia e ao mesmo tempo, tão humilde e correcto na postura perante a vida, perante a sua obra e perante ele próprio! Que diferença de um Osvaldo Alcântara, de um actual, Arménio Vieira,  tão sabedores, tão filósofos e da poesia, os maiores entre os maiores! Eles não fizeram estes papéis tristes, de “novo-rico” deslumbrado consigo próprio e a querer que toda  gente o saiba!
Apetece dizer como questionou uma saudosa amiga, na variante do crioulo (assim deve ser lida a frase) da Boa Vista:  “...Êl ca ta scunfiá!? ( Numa tradução aproximada: “Ele(a) não desconfia de si próprio?”) isto é, quando se auto-elogia - da forma como o faz -  não liga o desconfiómetro? o qual, e à cautela, deve andar sempre connosco?
Verdadeiramente lamentável e que infelizmente, desacredita quem assim procede só o diminui do ponto de vista, artístico e humano.

Minha gente, algum pudor e alguma sensatez nunca fizeram mal!

Já diz o velho ditado: “Elogio em boca própria é vitupério!”

Para finalizar, volto a repetir (na variante da Boa Vista): “...ÊL ca ta scunfiá!!?”

2 comentários:

Adriano Miranda Lima disse...

Estava a ler este texto da Ondina, que merece toda a minha concordância, e pensava precisamente nos nossos literatos de tempos atrás que não precisavam de se pôr em bicos de pés para serem reconhecidos pela sociedade e pelos seus pares. Pois é, mais à frente aparecem citados com todas as letras, mercê da sua modéstia natural, não obstante a sua consagração.
Ondina, houve valores que se perderam na nossa sociedade. Mas o mais grave é o mau exemplo ser alardeado por intelectuais.

Unknown disse...

Meus caros
O Eng. Armindo Ferreira tem toda a razão. Um Estado que nem está em condições de mandar cantar um cego a falar de dignidade de um edifício para o BCV. Dignidade de um edifício, uma ova; isso é pura megalomania
associada a muita irresponsabilidade de um governo que deve muito dinheiro - herdado do anterior que cometeu uma data de erros orgulhosamente só mas que será o Zé Povinho a arcar com as culpas e a pagar essas asnidades - e se esquece do que prometeu na campanha eleitoral. Haja sensatez e bom senso e escutem as vozes do bom senso das pessoas idóneas com saber de experiência feito das ilhas.
Tiro o chapéu ao Eng. Armindo Ferreira.
Arsénio de Pina

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