A História é por vezes interessantemente irónica!...

domingo, 16 de outubro de 2011
Por vezes ocorre-me pensar sobre as ironias e os paradoxos e, quiçá, as “partidas do destino” que o curso da nossa História nos prega!
A este propósito vieram-me à mente alguns acontecimentos recentes. Sobre eles vou já e antecipadamente, pedindo desculpas aos visados, pois que de ausência de saúde se tratou, o que é sempre um problema delicado e complicado. Só quem não passou por ele...
Mas não deixa de ser irónico verificar que os Dirigentes – das ex-colónias ou ex-Províncias Ultramarinas de Portugal, conforme a óptica – à mínima “dor de dentes, ou de cabeça,” zarpam ou, para a antiga Metrópole, pátria do malfadado colonialismo, (à qual ainda rotulam quando lhes convém, desde que sirva o discurso para confundir os portugueses com o antigo colonialismo) mas que, no entanto e quando doentes, não dispensam os seus bons médicos, os seus bons hospitais, etc., etc. (vide as notícias relacionadas com a recente operação do PM cabo-verdiano em Lisboa.
Por sinal, e ironicamente, o mesmo governante que aqui há uns tempos os havia convidado (os portugueses da Electra/EDP) a saírem pela praia da Gamboa, (?)
Mas isto é outra história que mostra como é bonita a boa educação!
Igualmente, o corpo do antigo e primeiro PR de Cabo Verde veio de Coimbra de um dos seus melhores Hospitais em que esteve em tratamento.
Tal como também por lá ficou o do primeiro PR da Guiné-Bissau, anos largos a viver na antiga Metrópole, (a quando do Golpe de 1980) com pensão e casa conferidos pelo Estado português.
Tudo isto não deixa de ser bizarras ironias das nossas independências (?)...
Em resumo, concluo e estou eu em crer, que teríamos melhor sistema nacional de saúde se, de vez em quando, os nossos governantes fossem também tratados num dos hospitais destas ilhas e/ou nos do país de origem… Aí sim, aí haveriam de se dar conta das nossas reais e gritantes carências.
Quando no ano passado, estive no Hospital de Bissau (outro país em que os seus mais altos Dirigentes vão directo para a Europa, ao mínimo mal-estar) para assistir a um familiar querido, pude verificar o estado lastimoso e indigente em que as instalações se encontravam, e pensei com os meus botões: «Aqui não entra de certeza, nenhum governante do país para se tratar…Isto, é para o “nosso povo” – como gostavam ou gostam de dizer – que eles não!»

Volto a repetir que não gostaria que isto fosse entendido como qualquer escrito de menos respeito a qualquer paciente. Longe de mim semelhante atitude! Sobretudo, porque toca a saúde.
Trata-se apenas de uma brevíssima reflexão sobre algo que não deixa de ser intrigante se o entendermos como vindo de “patriotas e nacionalistas” que por vezes até exageram isso «chauvinisticamente» nos seus inflamados discursos de auto-suficiência, quando bem lhes convier.
Como cantou Chico Buarque de Holanda em celebração ao “25 de Abril de 1974”: «Portugal ainda seria um imenso império colonial!» Estaria o poeta compositor brasileiro a profetizar?...Quem sabe!
Eu terminarei, citando a velhíssima máxima: «Nunca digas: desta água não beberei!».

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