Alguém comentou comigo que a Ministra das Finanças anunciou fusões de instituições com vista a “emagrecer” – não teria usado esta estafada palavra – as “gorduras” (outro termo igualmente desgastado) do Estado. Falou na necessidade de austeridade e contenção com a coisa pública.
Não me surpreendi uma vez que sei tratar-se de uma pessoa lúcida num governo completamente desnorteado por falta de uma equipa preparada e de um verdadeiro timoneiro capaz de traçar com rigor um rumo e indicar o “caminho certo”.
Aliás, amiúde ela, a ministra, vem corrigindo as fantasias do nosso PM que ora parece não conhecer o País que tem; ora por vezes, deixa a impressão de não saber situar-se.
E isto, quer no contexto nacional com o anunciado – imagine-se! Pós-eleições e com a crise da Euro-zona e dos Estados Unidos já quase no apogeu – aumento de regalias sociais e 13º mês; quer em contexto internacional como aconteceu recentemente nas Nações Unidas com a leviandade do uso do crioulo esquecendo-se de que Cabo Verde pertence a duas organizações internacionais (PALOP e CPLP) criadas especificamente com base numa língua comum – a portuguesa – em busca de afirmação e reconhecimento global como tal.
Voltando à anunciada fusão das instituições, é bom que não se esqueça a Ministra das Finanças de lhes associar um novo paradigma de gestão. Poderá não ter peso nenhum, mas é uma questão de moralização e de alguma indicação de “austeridade”.
Existem muitos conselhos de administração com administradores “fantasmas” e inúteis. São apenas “jobs for the boys” pois auferem, os administradores, não senhas de presença mas salários mensais sem uma efectividade para os merecerem.
É o modelo sustentado e generalizado por este governo, num gesto mimético em relação às congéneres estrangeiras, sem uma análise séria e honesta da dimensão de cada instituição e das características específicas das respectivas actividades, (vide instituições que dantes eram geridas com um presidente ou director-geral ou mesmo director e hoje são dotadas de um relativamente oneroso mas pomposo, inócuo e virtual conselho de administração).
Trata-se também de uma importação deliberadamente acrítica para o sector público de figurinos do sector privado com intenção de iludir a população com medidas “legais” mas visando objectivamente satisfazer uma boa franja partidária que é preciso alimentar para calar e fidelizar.
Só que no sector público somos nós os contribuintes que pagamos as despesas dos sonhos, devaneios e “compromissos”, com alguma incompetência de permeio, dos dirigentes do Estado.
Que venham pois, e já, essas medidas de austeridade e de contenção e que não fiquem só em anúncios e em fusões de instituições e não sejam apenas cosmética para iludir os “parceiros” de desenvolvimento que vêm contribuindo de forma generosa para alimentar alguns disparates e o permanente eleitoralismo dos nossos governantes.
A. Ferreira
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