Agressora? Versus Agredido? Eis a questão…

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
De facto, estou a chegar à conclusão que desde que o ano iniciou só tenho escrito sobre assuntos que se relacionam de alguma forma, com a violência.
Na realidade, os temas que se me têm aflorado à mente ultimamente, estão ocupados com este motivo que se tem sobreposto aos restantes…
De novo, para relatar mais um caso. Após o dia do Ano Novo, a minha Empregada faltou no primeiro dia útil ao serviço. Pensei eu: «Oxalá a justificação faça sentido, pois não gostaria que fosse por “ressaca” das festas o que não abona o bom profissional que julgo que ela seja!»Quando ela retoma o trabalho, contou-me justificando a ausência: «Estive na cadeia. Agredi o meu ex-companheiro, pai dos meus filhos que me apareceu à porta de casa, no fim do ano, meio bêbado, a querer dar ordens, a querer bater-me e no nosso filho mais velho. Ele não tem moral, pois nada dá aos filhos. Não se preocupa com eles ao longo do ano: se comem, se vão à escola, se têm saúde e não pergunta sequer quem lhes custeará tudo isto?»
Perdeu a cabeça, reconheceu a agressora, pois que farta estava ela de ser ofendida pelo pai dos filhos quando mandava um deles recordar-lhe de que ele era o pai deles tinha obrigações a cumprir com os filhos e ele, em resposta, lhes dizia para a mãe “arranjar um outro homem que a sustentasse a ela e aos filhos”. Indignada, revoltada e muito ofendida; vai daí, atirou-lhe com algo contundente à cabeça que o feriu. Resultado: foi ela presa pela polícia.
É certo que só conheço um lado da história, ou melhor: só ouvi uma parte. Mas a verdade é que não é de todo inverosímil. Acontecem casos similares no dia-a-dia desta sociedade pobre e violenta.
Embora nenhuma agressão ou justiça por mão própria possa ser cabalmente justificável, pois ela sempre se poderia ter queixado dele às autoridades, tive realmente pena, dó cristão, da família dela ou, do tipo de família que ela representa.
Monoparental, completamente disfuncional, pobre ou quase isso. Os filhos dependendo literalmente e apenas do trabalho da mãe. O pai, o progenitor, um ser auto – eclipsado da responsabilidade familiar.
Enfim, tudo do mais negativo socialmente reflectido e que infelizmente se passa entre nós. O caso dela não é excepção, tornou-se regra nesta nossa sociedade, sobretudo na camada mais vulnerável no sentido abrangente.
Os descendentes, sem disso ter culpa, serão os cidadãos do amanhã...

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