A medo embora, retomei a minha marcha matinal tão saudável e que há já algum tempo a não vinha fazendo! Digo a medo…pois tem sido isso um dos mais fortes factores que me tem condicionado – e acredito que a muitas mais pessoas – a não fazer a caminhada madrugadora e que tão bem faz ao físico e à mente.
Mas infelizmente, com os assaltos perigosos a que estamos sujeitos em plena via pública, têm feito com que sintamos simplesmente atemorizadas em pôr o pé fora de casa. Os bandidos, os chamados «thugs» dominam ultimamente a cidade. Assenhorearam-se dela de uma forma aterradora.
De tal forma que nós, sobretudo as mulheres, estamos à mercê deles, da sua brutalidade e dos seus constantes roubos. O pior é que cada vez são mais novos (em idade) os delinquentes, os marginais. E tudo isto sem vislumbre de qualquer defesa pública.
Tornou-se lugar comum fazer-se o balanço dos acontecimentos, no final de cada ano e estando nós ainda nos começos de um novo ano, penso que vou a tempo ainda de também me juntar aos que o fazem com alguma reflexão.
Daí que, gostaria de focar, de centrar o meu balanço, se é que o posso chamar assim, em alguns aspectos que considero nefastos para o desenvolvimento da cidadania, (palavra de longuíssimo alcance!) melhor dito, do cidadão
Antes, esclarecer que não estou pessimista. Nada é disso que se trata. Estou triste e preocupada. Dito em linguagem prosaica, gostaria de parecer apenas realista. Mas a situação é bem grave!
Ora bem, o título deste escrito relembra-me que a intenção dele era focar o tema sobre a criança/versus/marginalidade.
Infelizmente apercebo-me de que há muita coisa que não está certa. Há muita coisa que nos parece que piorou. Há ainda muita coisa má a qual não se está a prestar a atenção devida. E o mais grave de tudo, é que todas estas coisas graves acontecem no dia-a-dia, entre nós, bem perto de nós e não se tem delas ainda, a verdadeira consciência dos gravíssimos danos que causam constantemente à vida do cidadão, à nossa sociedade.
Uma delas, e das mais graves é a situação das crianças que vagueiam pelas ruas da cidade, abandonadas à sua sorte, em idades e em horas que no mínimo, deviam estar ou em casa, ou na escola.
Abandonadas, entregues à sua sorte. Pedindo dinheiro e comida às portas das lojas, dos supermercados, do mercado, dos recintos de vendas, enfim em espaços onde normalmente circula muita gente.
A pergunta que se nos põe imediatamente é: «Onde estão os pais destas
crianças?» «Por onde anda quem ao mundo as trouxe e quem delas devia cuidar?» Sim, esta é a primeira questão que assoma ao pensamento, naturalmente, de quem também é mãe ou pai, ou responsável, por outras crianças de idades similares às que estão na rua vagabundeando.
Para quando uma iniciativa legislativa, ou lei, firme, forte e directa contra tal acto, punindo, sim, punindo e responsabilizando progenitores que trazem seres humanos ao mundo que deles não cuidam e que os tratam como crias animais que são enxotados para rua logo pela manhã, e nela os deixam ficar o dia todo.
O que esperar dessas crianças em termos positivos se são excluídas, marginalizadas bem cedo pelos próprios pais?
Mas para gente adulta irresponsável e se calhar também, alguma inimputável, que deita ao mundo seres e os atira para o meio da rua; tem de haver leis e instituições capacitadas para travar, proteger e cuidar desta catástrofe social.
Para quando uma verdadeira política demográfica e de natalidade responsável?
Será que uma comunidade cristã, solidária e civilizada poderá tolerar isto?
Não! Não podemos continuar a viver com este estado de coisas!
Estes meninos que hoje vagabundeiam na rua estão a “formar-se” em «gangs», em marginalidade e em delinquência.
Esta é a crua realidade que diariamente se consolida e será igualmente o desgraçado futuro deles. A rua para eles, que outras referências ou valores não têm, é uma “escola” de aprendizagem maligna. É exactamente uma forja, uma oficina de futuros marginais, «thugs» e criminosos que hoje (resultado também disso) atormentam a cidade da Praia.
Vamos tentar, com mais determinação, empreender acções com objectivos bem claros e direccionados à criança vagabunda, sem culpa…
Tiremo-la da rua! Aí não é, de certeza, lugar de criança alguma!
1 comentários:
Olá, Coral Vermelho
Já tive ocasião de ler um post seu sobre esta temática, não me lembro se o comentei. Vejo a sua preocupação com a criança, a criança na rua, ao abandono, aprendendo tudo o que é pernicioso. Tem razão, o lugar da criança é em casa e na escola, e o papel dos pais e educadores é extremamente importante na sua formação.
Louvo este e o outro texto, reflexões que, quem de direito, deveria levar em consideração e tomar medidas tendentes a definir políticas de protecção na infância.
Bem haja.
Abraço
Olinda
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