Registos...

segunda-feira, 31 de março de 2014
Também me tocou – em tempos idos – a “poesis”. Registei os momentos em poemetos que agora fui buscar a um caderno que supunha perdido. Algum desencanto, mesclas de lirismo, esperanças veladas e o lugar do amor… A escrita é datada. Tudo se passou nos finais dos anos 70 e seguiu os anos 80 do séc. XX. Não mais aconteceu.

Saga / versus / Rumo

O vento governa a terra destroçada
E o rumo da vida in-certo
Em palavras vãs e cansadas
Trouxe-me a agonia de ondas
Em preia-mar de Setembro…

A teia que se teceu,
Desvaneceu-se
Ao contacto impuro e libertino
Do nevoeiro que cobriu
As promessas de manhãs de Sol

Conjugação/ Desencanto

Saber em nós
O poder de vós
É disjunção odiada
Em contra-mar de Abril!


ELE / ELA

Á memória de Manuela Porto – Escritora portuguesa, 1908-1950

Quase uma história de amor
Espelhos fragmentados
Memórias revoltas
Nos lábios um sorriso vago…
Um acaso de encontro Ou um encontro do ocaso?
A alegria breve de vidas paralelas
Em vitrais trocados.


Espaço Cinzento

Um silêncio roubado
Á barulhenta vida
Permanece vigilante em mim
Coordena meus passos
E meus desencontros.
Sibilina é a arte de viver mil vidas
Numa só derradeira.
Tanta fúria!
Tanta raiva!
Tanto ódio!
Meu silêncio sorri e pensa:
“Humanos desequilíbrios Para um adiado amor”…


A Eterna Loucura


Eis que ela se apanhou
A brincar com a chama
Que Cupido teceu
E se apercebe que o Amor
Embora diferente,
Também se repete.
Barco baloiçado
Em notas suavíssimas
Testemunho discreto
Na ternura do olhar
Na carícia trocada
Na noite sem lua.
Paixão renovada
Em brisa amena
do confuso silêncio na Ilha
.

Música
(versos buscados e inspirados em Vergílio Ferreira num texto homónimo). A Osvaldo Alcântara, poeta das Ilhas. 1907-1989.

A música leve do violão
A tarde que se desvanece
A transfiguração
Diáfona Subtil…

A música que ouço na tarde
Que se apaga
estará antes
Ou depois da razão,
Mas nunca nela.

A música
O alívio que pesa
O imaterial de nós
O encantamento
O êxtase em si.

Para nós o dicionário afectivo
E interno da nossa crioulidade
Em notas soltas…

A música parece ser a alma de tudo
O que é humana condição
Expressão anterior e posterior
De todo o saber
Pensar e sentir
A pura divindade sem Deuses
A força absoluta
Da irrealidade…

A música leve do violão
A tarde que se desvanece
A transfiguração…


Aqui ficam alguns registos.

0 comentários:

Enviar um comentário