Aqui há dias tendo-me dirigido ao antigo Instituto Superior de Educação ex – ISE, hoje Universidade de Cabo Verde, deparei-me com uma exposição fotográfica, no átrio do edifício e intitulada «Lusofonias». Demorei-me nos painéis ou cartazes expostos, os quais através de fotografias – postais - ilustravam cada um dos países da Comunidade, CPLP, aliás, identificados pela bandeira respectiva. Até aqui tudo interessante. Estranhamente, frente ao cartaz que ilustrava Portugal e que devia conter igualmente postais das belas paisagens e lugares daquele país, à semelhança do que fora feito em relação aos outros sete países da CPLP, o que vejo? Apenas a bandeira nacional identificadora. O painel gigante vazio. Monologuei: «Mas não é possível que continue a existir algum trauma (?) encoberto em relação a Portugal e que tenha chegado a este ponto? Sim, porque de certeza, se os organizadores da exposição tivessem pedido material sobre Portugal à delegação do Instituto Camões, instalada no mesmo edifício, ao Centro Cultural Português, creio que o teriam obtido capaz de cobrir todo o painel.»
Pouco depois, falando ao telefone com um colega sobre a minha estranheza e um pouco no pressuposto que só eu havia reparado no desequilíbrio do expositor vazio, percebi que felizmente também ele o havia feito e estava – acentuava ele – negativamente surpreendido por tal postura na apresentação de, exactamente: «Lusofonias». Como excluir Portugal disso? Era a questão! Tornava-se quase anedótico.
Isto vem a propósito desta estranhíssima postura mental que certos cabo-verdianos da classe média – que não o povo sociologicamente diferenciado – têm ou querem demonstrar ter em relação a Portugal. Adoram lá ir, podem fazê-lo e fazem-no com alguma frequência mas sempre maldizendo e querendo que se perceba de que não gostam de…
Outros acham-se no direito de criticar Portugal (como se fossem nacionais) sem pensar que estão ser indelicados para com um país amigo e excelente parceiro no desenvolvimento de Cabo Verde, mas em todo o caso também estrangeiro. Como diz um familiar meu: «os nosso crioulos que lá vivem, muitos deles, acham-se mais donos da terra do que os próprios portugueses. Se calhar se se sentissem um pouco mais “de fora,” até que o comportamento e a integração deles poderiam ser bem melhores»
Mas isso é de tal modo, que chega a ser hilariante o facto de alguns nacionais que vão de férias a Portugal, se nessa mesma ocasião intentam ir à Espanha, por exemplo, mesmo que seja apenas por dois dias, num período de um mês, já vão avisando antes do embarque, a amigos e a conhecidos, que vão de férias à Espanha! Bem, até se pode explicar isso talvez pela naturalidade com que para eles é ir a Portugal.
De qualquer forma não deixa de ser algo de anormal na actualidade, este comportamento no mínimo atípico face a Portugal e que nunca mais acaba…
Por que não apreciar, e já agora, sem reservas, a terra linda que é Portugal, o seu povo, o seu desenvolvimento, as suas cidades, os seus monumentos, os seus museus, as suas Livrarias e Bibliotecas, a sua gastronomia e o seu vinho? Enfim, o bom e o belo que lá existe, ao invés de accionar os mecanismos que relevam este anacrónico comportamento mental que, à falta de melhor, estou tentada a classificá-lo, de absurdo.
Daí a questão: “fantasmas”!.. Ainda?
Como é por vezes estranho e deveras bizarro o comportamento humano!
“Fantasmas”?...Ainda?!
sexta-feira, 10 de julho de 2009
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