domingo, 21 de outubro de 2018

Tão próximo e tão longe!
Vem isto a propósito da mais recente mensagem do Papa Francisco aos jovens.
O Sumo Pontífice da Igreja católica, incita os jovens a não se “desligarem” a não se alhearem daquilo que lhes é próximo e tão caro - no caso da mensagem papal, a Cristo, à Igreja, à missão que lhes foi confiada pelo criador - pelo facto de estarem permanentemente ligados ao mundo mais remoto, pela via das redes sociais.
Aproveitando as palavras do Papa, pode-se extrapolar o discursivo nelas contido, alargando semanticamente o seu alcance àquilo que se passa em casa, na familia, no quotidiano de muitos jovens.
De facto, tal situação  por vezes parece paradoxal. Há falta de diálogo em casa, em família, sobretudo da parte dos jovens, dos filhos, por causa da autêntica fixação no pequeno ecran do seu “smartphone” ou similar (perdoem-me a ignorância, neste capítulo, que vou conhecendo um pouco mais e melhor, quando os netos falam comigo sobre a matéria). O silêncio dialogal, a não conversa de viva voz, muita vezes só são cortados, à mesa, à hora da refeição conjunta em que alguns pais, (ainda bem que os há! Graças a Deus!) Proíbem terminantemente a presença perturbadora desses intrusos aparelhos na grande intimidade familiar que é a hora da mesa.
Voltando ao nosso querido Papa Francisco e à sua homilia aos jovens,  e a propósito de tudo tão aparentemente tão próximo, virtualmente, disse ele a determinada altura:
“ (...) Hoje para vós, queridos jovens, os últimos confins da terra são muito relativos e sempre facilmente «navegáveis». O mundo digital, as redes sociais, que nos envolvem e entrecruzam, diluem fronteiras, cancelam margens e distâncias, reduzem as diferenças. Tudo parece estar ao alcance da mão: tudo tão próximo e imediato... E todavia, sem o dom que inclua as nossas vidas, poderemos ter miríades de contactos, mas nunca estaremos imersos numa verdadeira comunhão de vida. (...).”
Mas já antes, por ocasião da celebração do Dia Mundial da Juventude, a 25 de Março, o Papa Francisco, exortara os jovens a que:"Não deixem, queridos jovens, o brilho da juventude se extinguir na escuridão de uma sala fechada, na qual a única janela para ver o mundo é o computador e o 'smartphone'"(...) - aconselhou.
E é essa “comunhão de vida”  nas palavras sempre tão oportunas e  tão sensatas de Francisco, que está alterada – quiçá! deturpada no seu sentido de maior humanidade, nos dias que correm -  também na família, entre pais e filhos,  entre irmãos, entre amigos, entre jovens que não dialogam uns com os outros, antes preferindo uma “maquineta” pelo meio a falar por eles e com eles, numa espécie de monólogo misantrópico.
 Ora bem, apesar de todo o manancial de informações positivas e também não positivas transmitidas pela facilidade de comunicação das redes sociais; infelizmente, por causa da fixação  juvenil obcecante  nisso,  estão a aparecer de forma galopante e ainda de efeitos a descodificar no porvir, sinais nefastos que se traduzem por exemplo, numa grande lacuna, numa grande falha comunicativa inter-familiar.
Aliás, falhas e lacunas comunicativas, que não se coadunam nem com a educação e nem com a comunhão, o diálogo e a solidariedade, que são traços  distintos e peculiares que devem caracterizar a família no seu todo.





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