Tão
próximo e tão longe!
Vem
isto a propósito da mais recente mensagem do Papa Francisco aos jovens.
O
Sumo Pontífice da Igreja católica, incita os jovens a não se “desligarem” a não
se alhearem daquilo que lhes é próximo e tão caro - no caso da mensagem papal,
a Cristo, à Igreja, à missão que lhes foi confiada pelo criador - pelo facto de
estarem permanentemente ligados ao mundo mais remoto, pela via das redes
sociais.
Aproveitando
as palavras do Papa, pode-se extrapolar o discursivo nelas contido, alargando
semanticamente o seu alcance àquilo que se passa em casa, na familia, no
quotidiano de muitos jovens.
De
facto, tal situação por vezes parece
paradoxal. Há falta de diálogo em casa, em família, sobretudo da parte dos
jovens, dos filhos, por causa da autêntica fixação no pequeno ecran do seu
“smartphone” ou similar (perdoem-me a ignorância, neste capítulo, que vou
conhecendo um pouco mais e melhor, quando os netos falam comigo sobre a
matéria). O silêncio dialogal, a não conversa de viva voz, muita vezes só são
cortados, à mesa, à hora da refeição conjunta em que alguns pais, (ainda bem
que os há! Graças a Deus!) Proíbem terminantemente a presença perturbadora
desses intrusos aparelhos na grande intimidade familiar que é a hora da mesa.
Voltando
ao nosso querido Papa Francisco e à sua homilia aos jovens, e a propósito de tudo tão aparentemente tão
próximo, virtualmente, disse ele a determinada altura:
“ (...) Hoje
para vós, queridos jovens, os últimos confins da terra são muito relativos e
sempre facilmente «navegáveis». O mundo digital, as redes sociais, que nos
envolvem e entrecruzam, diluem fronteiras, cancelam margens e distâncias,
reduzem as diferenças. Tudo parece estar ao alcance da mão: tudo tão próximo e
imediato... E todavia, sem o dom que inclua as nossas vidas, poderemos ter
miríades de contactos, mas nunca estaremos imersos numa verdadeira comunhão de
vida. (...).”
Mas já antes, por ocasião da celebração do Dia Mundial
da Juventude, a 25 de Março, o Papa Francisco, exortara os jovens a que:"Não
deixem, queridos jovens, o brilho da juventude se extinguir na escuridão de uma
sala fechada, na qual a única janela para ver o mundo é o computador e o
'smartphone'"(...) - aconselhou.
E é essa “comunhão de vida” nas palavras sempre tão oportunas e tão sensatas de Francisco, que está alterada –
quiçá! deturpada no seu sentido de maior humanidade, nos dias que correm - também na família, entre pais e filhos, entre irmãos, entre amigos, entre jovens que
não dialogam uns com os outros, antes preferindo uma “maquineta” pelo meio a
falar por eles e com eles, numa espécie de monólogo misantrópico.
Ora bem, apesar
de todo o manancial de informações positivas e também não positivas
transmitidas pela facilidade de comunicação das redes sociais; infelizmente,
por causa da fixação juvenil obcecante nisso,
estão a aparecer de forma galopante e ainda de efeitos a descodificar no
porvir, sinais nefastos que se traduzem por exemplo, numa grande lacuna, numa
grande falha comunicativa inter-familiar.
Aliás, falhas e lacunas comunicativas, que não se
coadunam nem com a educação e nem com a comunhão, o diálogo e a solidariedade, que são
traços distintos e peculiares que devem
caracterizar a família no seu todo.
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